Inclusão Digital Como Prática de Responsabilidade Social

INTRODUÇÃO

A sociedade global apresenta-se como igualitária, através de órgãos como a ONU – Organização das Nações Unidas - que tem como objetivo criar e colocar em prática mecanismos que fomentem melhorias em diversas áreas, principalmente no que tange à questão educacional, tendo em vista ser essa à estratégia mais eficaz na busca pela qualidade de vida de qualquer nação. Entretanto, é notória a discrepância entre os níveis de renda, expectativa de vida, saúde, educação e tecnologia entre as nações do primeiro mundo e as dos países em vias de desenvolvimento, ou melhor, dos países emergentes.

Segundo Oliveira (2000, p.207),

Para que haja desenvolvimento é necessário que se verifiquem alterações profundas na distribuição de renda, nas condições de higiene e saúde da população, nas condições de emprego, na propriedade da terra, no acesso à educação, etc. Enfim, é necessário que exista uma participação de todos na riqueza produzida, e não apenas um crescimento dessa riqueza.

Investir em educação assim como em tecnologia é o caminho mais garantido para a melhoria da qualidade de vida de uma população, pois com a rapidez com que as novas tecnologias adentram no mercado global ainda mais competitivo, cresce a demanda por capital intelectual e mão-de-obra qualificada.

Sobre a importância da educação como fundamento para o desenvolvimento de toda e qualquer nação, Vale (2005, p.150) ressalta:

Um bom desenvolvimento científico depende basicamente de um sistema educacional de boa qualidade, que produza a matéria – prima primordial: o futuro cientista, a peça fundamental do sistema. Portanto, sem uma educação de qualidade e de amplo acesso, não se consegue formar cientistas em número suficiente para produzir a massa do conhecimento necessário ao desenvolvimento.

E complementa mais à frente:

Além do aspecto socioeconômico, é também necessário que se tenha em mente que a ‘educação científica deve ser reconhecida como fundamental para

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a plena realização do ser humano e também para o exercício de sua cidadania’ [...] Na sociedade moderna, aqueles que não possuem conhecimentos mínimos sobre ciência e tecnologia tem dificuldades para sobreviver razoavelmente bem, tendendo a um comportamento ingênuo por acreditar em fatos pseudocientíficos, alguns dos quais até prejudiciais à sua própria saúde. Portanto, incentivar e promover a aquisição desses conhecimentos mínimos deve ser um dos objetivos daqueles que fazem a difusão e a popularização da ciência. (VALE, 2005, p. 150).

Com isso, a revolução tecnológica das últimas décadas tem provocado um processo de conscientização dos líderes governamentais sobre o aumento dos indivíduos que ficam à margem dessa revolução1, o que tem viabilizado projetos sociais e políticas públicas em busca da inclusão tecnológica. Porém, para que esta inclusão  se torne efetiva e responsiva, se faz necessário o comprometimento social com a etapa pós-inclusão, isto é, com a absorção do egresso - capacitado pelo curso ou programa oferecido - pelo mercado de trabalho.

Sobre a inclusão digital Dias (2003, p.11) argumenta:

O uso inteligente do computador, das demais ferramentas de tecnologia da informação e do acesso à Internet para incluir digitalmente as populações marginalizadas, de baixa renda, pode fazer toda a diferença neste início de século. Cada vez mais, inclusão digital é sinônimo de, apropriação social, de renda, de educação, de saúde, enfim, de todos os direitos de cidadania. Um movimento nacional, ainda silencioso, que se traduz em vários Projetos envolvendo organizações comunitárias, já começa a arranhar a armadura da Exclusão Social.

O que vem sendo discutido desde a década de 60 no Brasil, e agora com maior ênfase, é o papel social que as organizações, sejam públicas, privadas ou do terceiro setor devem exercer. Papel este que deve ir além do fornecimento de bens  e/ou serviços aos consumidores.

A Responsabilidade Social é uma estratégia da nova Administração que passou a ser vista pelas organizações como um diferencial competitivo, principalmente porque deve ser direcionada para a resolução das necessidades da comunidade, onde a organização está inserida. A Educação, por exemplo, é alvo predominante de projetos de RS das empresas e um indicador decisivo para o desenvolvimento de um país, para

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1 A chamada Terceira Revolução Industrial – a revolução da tecnologia.

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a redução dos índices de violência e criminalidade e, principalmente, para a  qualificação da mão-de-obra.

Existem atualmente inúmeros projetos de responsabilidade social de empresas privadas direcionadas aos seus colaboradores internos, à comunidade de uma maneira geral e ao meio ambiente. Todavia, é fácil perceber que não o fazem como resultado de uma consciência social ou por lutar pela diminuição das injustiças, mas porque a Responsabilidade Social se transformou na mais nova e poderosa ferramenta de marketing empresarial.

Dentro deste contexto, o “Projeto Estação Digital: uma janela aberta para o mundo”, idealizado pela prefeitura municipal de João Pessoa (PMJP), através da Secretaria de Ciência e Tecnologia (SECITEC), e executado em parceria com o Governo Federal (MCT), já disponibiliza de 192 centros de inclusão digital, em pleno funcionamento, espalhados pelos bairros da capital e 6 em processo de implantação. As aulas nas estações digitais funcionam de segunda a sexta com seis turmas, sendo duas no turno da manhã, duas no turno da tarde e duas no turno da noite, contabilizando um total de 60 alunos por curso. Cada centro possui dez computadores para uso da população, uma impressora, um scanner e mais um computador para o monitor. O curso oferecido é o básico em Informática (Windows XP, Word, Excel, Power Point e noções de Internet) e tem duração de 60 horas (equivalente a três meses). Além disso, as máquinas ficam disponíveis para o acesso livre da população, disponibilizando cerca de 30 minutos para cada usuário, podendo se estender de acordo com a necessidade do usuário.