Metodologia
Por: zeribeiro • 1/5/2015 • Resenha • 2.350 Palavras (10 Páginas) • 326 Visualizações
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Pretende-se limitar o fenômeno da violência escolar para conhecimento dos elementos constitutivos e contextuais referentes aos sujeitos envolvidos professores, gestores e alunos. A investigação foi desenvolvida a partir da pesquisa qualitativa, realizada através de observações, entrevistas semi-estruturadas individuais de caráter sociocultural, com três professoras do Ensino Fundamental, dois membros da equipe diretiva e 28 alunos da escola do Sistema Municipal de Ensino de Tupanciretã – Estado do Rio Grande do Sul.
Realizar uma pesquisa na abordagem qualitativa tende para o estudo de questões delimitadas, fatos e locais, de forma a compreender os sujeitos no ambiente natural em que vivem nas suas relações interpessoais e sociais, nas quais entrelaçam os significados e constroem a realidade. Assim, a abordagem qualitativa vem admitindo análises contextualizadas dos fenômenos da realidade social, do conhecimento e do ser humano em sua totalidade.
Na visão de Bogdan e Biklen (1994), a interação do pesquisador com os sujeitos da pesquisa constitui-se num elemento significativo nas pesquisas qualitativas, pois permite uma aproximação com os sujeitos da investigação possibilitando um conhecimento mais profundo do contexto sociocultural no qual eles estão inseridos. Para o autor Triviños:
Alguns autores entendem a pesquisa qualitativa como uma expressão genérica. Isto significa, por um lado, que ela compreende atividades de investigação que podem ser denominadas específicas. E, por outro, que todas elas podem ser caracterizadas por traços comuns. Esta é uma ideia fundamental que pode ajudar a ter uma visão mais clara do que pode chegar a realizar um pesquisador que tem por um objetivo atingir uma interpretação da realidade do ângulo qualitativo. (1987, p. 120).
Dessa forma podemos dizer que a pesquisa qualitativa busca entender a essência do fenômeno através da observação, compreensão e análise dos mesmos. Essa característica interpretativa de análise sobre a realidade específica dos participantes da pesquisa pressupõe que os dados coletados permitem investigar os aspectos referentes aos processos e produtos dos sujeitos. Portanto, nessa visão, os aspectos averiguados são as falas, os comportamentos e ações dos sujeitos envolvidos, as singularidades da sala de aula, da escola, para a interpretação e análise do tema.
Assim, a presente pesquisa tem um caráter qualitativo sendo realizado um estudo de caso em uma escola municipal no município de Tupanciretã que em conformidade com a definição de Triviños (1987, p. 133), “é uma categoria de pesquisa cujo objeto de estudo é uma unidade que se analisa aprofundadamente”. Também os autores Lüdke e André (1986) advertem para o fato de que o estudo de casos deve ser sempre bem delimitado, “ter seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo” (LÜDKE E ANDRÉ, 1986, p. 17).
Desse modo, com essas características, a pesquisa buscou considerando sua realidade, a totalidade mediante informações minuciosas em fontes de documentos, observações e entrevistas com os sujeitos que auxiliou a conhecer o fenômeno da violência e seu momento histórico, sem desmerecer a afinidade com o contexto natural do ambiente, das ações e movimentos.
Destarte, nessa pesquisa, investigar a violência transcorre pelas ações pedagógicas nas mais diversas formas, principalmente a simbólica, psicológica e física, que entravam ou atrapalham a aprendizagem do aluno. Nesse propósito é que se utilizou a entrevista das professoras e observações dos alunos em uma sala de aula e no pátio da escola. As observações foram transcritas de maneira a serem repassadas para um diário de campo, com apontamentos e algumas reflexões pessoais relacionadas aos fatos e contextos observados, também as práticas que abrangiam violência e sua provável solução.
É importante salientar que no desenrolar da observação houve a preocupação da interação com os sujeitos, abrangendo um período compatível partilhando no cotidiano da sala de aula e de outros espaços e, portanto, foram retirados dados que auxiliaram a fase das entrevistas.
Com relação à entrevista houve a preocupação em buscar componentes para a compreensão de como os sujeitos percebem a violência escolar, sobressaindo-se as concepções de educação de mundo e de escola. Deste modo, as questões então formuladas por nós para esta pesquisa não foram estabelecidas por meio de variáveis, como coloca Bogdan; Biklen (1994, p.16), mas se orientam para a compreensão dos fenômenos em toda a sua complexidade e em contexto natural. As entrevistas demonstraram um momento particular que, deve ser entendida historicamente, de modo a se respeitar o contexto cultural do grupo.
3.1 O Caminho da Pesquisa e os Sujeitos
A pesquisa foi realizada no primeiro semestre do ano letivo de 2012 em uma escola pública de ensino fundamental do município de Tupanciretã-RS, selecionada e autorizada pela Secretaria Municipal de Educação (SME).
Situada na Região Oeste da cidade atende uma população pobre, que vive em uma região com elevado índice de violência. O Projeto Político Pedagógico (PPP) estava sendo reformulado no momento da pesquisa, portanto estava prevista algumas alterações.
A escola apresenta pequeno espaço físico, sendo cinco (05) salas de aula, uma (01) secretaria, uma (01) uma pequena sala com dez (10) computadores, cozinha, refeitório e despensa, um (01) banheiro para professores, dois (02) dois banheiros para os alunos e pequena área coberta em toda a frente da escola. O pátio é somente na frente da escola, calçado com pedras irregulares e, ainda, com uma parte de terra.
A escola mantém um laboratório de informática com dez (10) computadores para que os alunos de todas as séries tenham oportunidade de tomar conhecimento sobre informática e para os professores fazerem desse instrumento de ensino, mais um aliado em suas aulas, estimulando os alunos na compreensão de novas aprendizagem.
Segundo a sua Proposta Política Pedagógica (PPP), a escola possui um corpo docente de dezesseis (16) professores e seis (06) funcionários, sendo: duas (02) secretárias, três (03) três serventes e um (01) vigia noturno. Todos desenvolvem suas funções com eficiência e satisfatoriamente para um desempenho de qualidade da escola.
Os alunos são provenientes do próprio bairro, arredores e da zona rural, que utilizam transporte escolar, com carência socioeconômica e cultural, pois não tem acesso a recursos necessários e básicos de uma vida digna. A maioria das famílias é desestruturada e o convívio familiar é precário, não havendo suporte e nem atendimento para essas crianças, forçando assim a escola a manter essa atenção que lhe falta em casa.
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