O ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR
Por: viniciusjose9 • 30/7/2015 • Artigo • 3.784 Palavras (16 Páginas) • 574 Visualizações
O ESTUDO DOS FATORES DETERMINANTES DO COMPORTAMENTO
EMPREENDEDOR
RESUMO
Devido ao aumento dos estudos que utilizam a psicologia para explicar o comportamento empreendedor e a crescente importância que os aspectos relacionados ao comportamento vêm tomando dentro do empreendedorismo para justificar o sucesso ou fracasso de um empreendimento, foi elaborado este artigo. Este tem como objetivo elucidar algumas características dos empreendedores e identificar alguns fatores que podem ser determinantes no comportamento de empreendedores.
PALAVRAS-CHAVE: Personalidade, percepção, atitude, aprendizagem, motivação, comportamento.
Introdução
Alguns fatores configuram mudanças significativas no ambiente empresarial atual (Silva e Fernandes, 1998). São eles: o avanço da tecnologia da informação, a desregulamentação da atividade financeira, os acordos de remoção mútua de barreiras comerciais entre países, o incremento da concorrência entre empresas, a elevação do padrão de exigência dos consumidores e o aumento da velocidade de obsolescência da tecnologia. Essas mudanças representam um forte estímulo às organizações para se adaptarem à nova realidade de competição ambiental e realizarem também, segundo Morgan (1986), uma série de transformações, não somente nas imagens e valores que guiam suas ações, mas também mudanças tecnológicas, estruturais e comportamentais.
Diante desse contexto, uma das conseqüências imediatas de todas essas transformações que vêm ocorrendo no cenário econômico mundial é o aumento crescente dos índices de
desemprego. Milhões de pessoas estão sendo colocadas às margens do mercado de trabalho. Diante disso, torna-se necessária a qualificação dessas pessoas para atuarem de forma efetiva na sociedade, como agentes de mudanças e como parceiros na criação de novas possibilidades (Jonathan, 2000). Dessa forma, a existência de indivíduos conhecidos como empreendedores é a condição básica para o surgimento de novos empreendimentos, são os agentes responsáveis pelo desencadeamento e condução do processo de criação de unidades produtivas. (Cielo, 2001)
Mas a decisão de tornar-se empreendedor pode ocorrer também por acaso. Segundo Dornelas (2001) essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são críticos para o surgimento e o crescimento de uma nova empresa. Para o autor o processo empreendedor inicia-se quando um evento gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio. Por isso é necessário desenvolver nos profissionais, um conjunto de habilidades, que lhes permitam alcançar as competências necessárias à formação de um perfil determinado. A crença de que o empreendedor é um ser inato é questionada. Atualmente acredita-se que o processo empreendedor pode ser ensinado e entendido por qualquer pessoa e que o sucesso é decorrente de uma gama de fatores internos e externos ao negócio, de como são administradas as adversidades e do perfil do empreendedor ( que é o foco deste estudo ). Os empreendedores inatos continuam existindo e sendo referências de sucesso, no entanto, outros podem ser capacitados para a criação de empresas duradouras. (Dornelas, 2001)
Aspectos comportamentais do empreendedor
Se analisarmos qualquer tipo de organização de forma descendente, acabaremos nos confrontando; em virtude das inovações tecnológicas e das transformações sociais; com uma série de fatores ligados ao comportamento humano. A direção geral de um empreendimento não engloba somente aspectos conscientes e muitas vezes, os executivos principais não seguem o processo prescrito e racional de análise do ambiente sugerido pela ciência da administração. Mesmo dispondo de planos concretos, os empreendedores tem suas ações influenciadas por suas características psicológicas pessoais com raízes individuais profundas (De Vries, 1996).
Por isso é imprescindível que se entenda a natureza dos indivíduos que compõe e principalmente que dirigem uma organização, uma vez que atributos organizacionais refletem as personalidades dos administradores mais influentes em qualquer empresa (De Vries e Miller apud Gimenez, 1993). Dessa forma os resultados organizacionais são como reflexos das bases cognitivas de atores poderosos na organização (Hambrick e Mason apud Gimenez, 1993).
Qualquer organização é a expressão dos propósitos de seus fundadores, que determinam também a forma como são aglutinadas as contribuições individuais de cada um dos participantes do sistema (Krausz, 1981). Portanto, a compreensão do comportamento organizacional é uma das condições essenciais para o entendimento do processamento humano das decisões no contexto do empreendedorismo. Ademais, a sobrevivência de uma organização é determinada pela capacidade de interação do sistema organizacional com o meio ambiente em que está inserida.
O autor ainda coloca que dentro de uma organização, os comportamentos individuais são determinados, em parte, pela característica de personalidade de cada pessoa, pela cultura da organização e também pela malha de relacionamentos sociais, ou seja, dos papéis representados em diferentes situações. Dessa forma, dentre os fatores que compreendem o processo de tomada de decisão empreendedora, podemos citar não apenas a menor unidade do sistema que é o comportamento individual dentro do contexto organizacional, mas também a dinâmica do relacionamento interpessoal, grupal e da organização como um todo, bem como o relacionamento da organização com o meio ambiente em que está inserida. A organização, em termos comportamentais, pode ser então definida como a coordenação de diferentes atividades (comportamentos) individuais para atingir seus objetivos e manter sua sobrevivência através do relacionamento com o meio ambiente. Daí a importância das características individuais dos empreendedores neste sistema complexo e a necessidade do seu comportamento ser consciente com as características de suas atividades nos níveis individual e grupal.
Dentre os estudos relacionados ao comportamento empreendedor o pioneiro e o mais importante foi o do estudioso comportamentalista David Mc Clelland. Desde os anos 70 até meados dos anos 80, foram os behavioristas que dominaram a área do empreendedorismo. Esta hegemonia resultara do progresso das ciências do comportamento e dos trabalhos de David Mc Clelland. Este, analisou os fatores que explicam o apogeu e o declínio das civilizações, à partir do declínio relativo dos americanos, face aos soviéticos nos anos 50 (Filion, 2001). Mac Clelland apud Filion (2001) concluiu que as gerações que precediam o apogeu foram influenciadas por modelos, heróis que haviam sido personagens populares na literatura e com os quais os jovens se identificavam. Criou-se assim, um efeito de emulação entre estes jovens, aumentando as suas necessidades de conquistas para poderem se aproximar desses heróis da literatura. A partir destas pesquisas, os behavioristas passaram então a se preocupar com o papel que estes modelos ocupam no estudo do empreendedorismo, ou seja, quem é o empreendedor. Segundo a teoria de Mc Clelland, o estudo da motivação facilita a compreensão do fenômeno empreendedor. As pessoas são motivadas devido a necessidade de realização, poder e afiliação. Sua teoria sofreu críticas devido ao fato de que Mc Clelland explicou o comportamento das sociedades através de um ou dois fatores apenas quando deveriam ser considerados os papéis das ideologias de cada região e uma grande variedade de fatores que explicam o desenvolvimento das sociedades e civilizações. Porém Mc Clelland mostrou que o ser humano é um produto social e tende a reproduzir seus próprios modelos. Assim, quanto mais empreendedores uma sociedade tiver, e quanto maior for o valor dado a eles, maior será a quantidade de jovens que tenderão a imitá-los, incutindo na cultura da sociedade o espírito e as características peculiares do empreendedor (Gauthier & Lapolli, 2000). Por isso, os empreendedores deverão possuir as características possíveis elencadas por economistas, engenheiros, comportamentalistas, etc., associados à velocidade de ação que a sociedade atual exige.
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