O IMPACTO SOCIAL DA PESQUISA EM NEGÓCIOS E NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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O IMPACTO SOCIAL DA PESQUISA EM NEGÓCIOS E NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Introdução

O impacto social da pesquisa científica tem sido uma área chave de interesse na comunidade acadêmica (Comissão Européia, 2008; 2010). A literatura sobre este assunto avançou consideravelmente nas últimas duas décadas. No entanto, apesar do considerável número de estudos realizados, metodologia de avaliação ainda não foi consolidada (Garrett-Jones, 2000; Palomares-Montero, García-Aracil, Castro-Martínez, 2008; Comissão Europeia, 2010; Guisado, Cabrera, & Cortes, 2010). Na área de Administração de Empresas, a Fundação Europeia para o Desenvolvimento da Gestão (EFMD) promoveu uma iniciativa promissora com o Business School Impact Survey (BSIS), (EFMD, 2013). Este modelo consiste em três dimensões de impacto social - (1) financeiro e econômico; (2) atratividade; e (3) imagem - e propõe um sistema para medir o impacto das instituições, enfatizando seus papéis em suas comunidades.

Este é um documento de posição. Este estudo busca contribuir para a discussão do impacto social de pesquisa dentro de escolas de Administração de Empresas e Administração Pública no Brasil. O objetivo é propor um modelo adequado para a realidade das instituições que operam nestas áreas. Espera-se que a aplicação do modelo contribua para o autoconhecimento e ajude a definir ações que aumentem o impacto social da pesquisa realizada nas instituições.

O desenvolvimento subsequente deste artigo está organizado da seguinte forma: a segunda seção apresenta o conceito do impacto social da pesquisa; a terceira seção apresenta uma proposta de modelo de análise para as escolas de Administração e Administração Pública; e a quarta seção apresenta comentários e sugestões para desenvolvimentos futuros deste estudo.

IMPACTO SOCIAL DA PESQUISA

Uma breve história da medição do impacto social da pesquisa

O processo de avaliar o impacto social de pesquisa pode ser entendido como uma consequência do foco no benefício social aplicado à atividade científica ao longo dos anos (Guisado, Cabrera e Cortés, 2010). Vannevar Bush (1945) estabeleceu este princípio em 1945 com o relatório Science: a fronteira do infinito. Considerado um documento inaugural para a moderna política científica americana, este relatório argumentou que a ciência deve atender às necessidades sociais da população dos EUA, que viveu em uma situação de guerra no tempo. Desde então, a tendência tem sido considerar o impacto social da pesquisa e o seu impacto econômico. Com esta ênfase, as medidas relacionadas ao impacto econômico dominaram o cenário de avaliar o impacto da pesquisa por décadas, tornando-se conhecido como um modelo linear.

De acordo com esse modelo, o crescimento de conhecimento científico resultaria em desenvolvimento, e este, por sua vez, seria o motor para o aumento social bem-estar por meio da criação de riqueza. O financiamento da própria ciência geraria benefícios sociais porque o desenvolvimento de novas tecnologias seria uma consequência inevitável desse financiamento. Portanto, para medir a qualidade da ciência e tecnologia, seria suficiente medir seus insumos: os recursos humanos e econômicos mobilizados para o seu desenvolvimento. (Polcuch, 2000; Cerezo e Lujan, 2002; Crespi e Geuna, 2005; Thorn e Soo, 2006; Guisado, Cabrera, & Cortés, 2010).

Com o tempo, percebeu-se que a relação entre ciência, economia e sociedade é complexa e que o modelo linear não refletia processos contemporâneos de inovação (Thorn & Soo, 2006). As críticas dirigidas ao modelo levaram ao desenvolvimento de novos indicadores para a ciência e tecnologia. Esses indicadores, por sua vez, refletiam os interesses dos órgãos públicos de financiamento (Cerezo & Lujan, 2002). Assim, nas décadas de 1960 e 1970, tornou-se necessário estabelecer procedimentos para que os recursos pudessem ser traduzidos em pesquisa e desenvolvimento de boa qualidade. Assim, foram desenvolvidos indicadores de produção, como os baseados em dados bibliométricos e o número de patentes registrados.

As décadas subsequentes trouxeram novas perspectivas e práticas sobre o tema. Na década de 1990, a adoção de novas medidas procurou garantir que os produtos de pesquisa atendesse às demandas do sistema de produção. Os indicadores de inovação foram então o foco (Polcuch, 2000). Finalmente, nos anos 2000, as percepções de que o avanço do conhecimento não implica inexoravelmente a criação de riqueza e que o bem-estar social é mais do que o crescimento econômico, foram desenvolvidas. Estas descobertas levaram a um interesse em desenvolver indicadores de impacto social que são sensíveis às demandas sociais (Cerezo & Lujan, 2002).

O que é o impacto social da pesquisa

A ideia por trás do conceito de impacto social é a propriedade e o uso do conhecimento pela sociedade. Entretanto, apesar do reconhecimento de sua importância, uma definição mais precisa para o termo “impacto social” não existe na literatura (Garrett-Jones, 2000; Palomares-Montero, García-Aracil, Castro-Martínez, 2008; europeu Comissão, 2010; Guisado, Cabrera, & Cortes, 2010). No entanto, existe um consenso na literatura sobre a adoção das definições a seguir:

• Outputs- saídas: esses são os produtos de rotina da atividade científica, que podem incluir publicações, relatórios, conjuntos de dados e cursos de pesquisa, entre outros. Esses produtos também podem incluir patentes, equipamentos e softwares.
• Outcomes- resultados: esses são os resultados da atividade de pesquisa, que podem ser conceituais (como uma nova teoria), prática (como uma nova técnica para análise), ou física (como um novo dispositivo ou produto).
• Impacto: estas são as contribuições e benefícios para a comunidade científica (com a progressão do conhecimento) e para a sociedade (com consequências práticas na progressão do conhecimento).

Considerando estas observações, o impacto da pesquisa pode ser definido como “uma influência ou benefício (realizado ou esperado) dos resultados da atividade de investigação à comunidade de pesquisa ou para a sociedade em geral.” A definição específica do termo “social” envolvida no conceito deve ser fornecida de acordo com a unidade de análise e o uso específico da medição. É necessário escolher os aspectos sociais em qual o foco da análise se concentrará.

Como o impacto social de pesquisa é avaliada