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OS DEBATES E PERSPECTIVAS CENTRAIS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

Por:   •  16/4/2022  •  Resenha  •  1.695 Palavras (7 Páginas)  •  134 Visualizações

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CORUMBÁ-MS
2014

SUZILENE O. SANCHES

ADMINISTRAÇÃO

RESENHA: DEBATES E PERSPECTIVAS CENTRAIS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

Resenha apresentada a professora Neide Proença, do curso de Administração/Campus do Pantanal, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como atividade integrante da disciplina Seminário Profissional II.

CORUMBÁ-MS
2014
DEBATES E PERSPECTIVAS CENTRAIS NA TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES

O estudo do texto Debates e perspectivas na Teoria das Organizações nos leva a conhecer várias visões acerca do tema.
A abordagem dessas visões leva a profundas discussões sobre estrutura, escolha de estratégia, da seleção natural e da visão da ação coletiva no mundo das organizações.
Por visão sistêmico-estrutural entende-se a abordagem no nível organizacional individual, de forma que o papel básico do gestor é reativo, ou seja, um papel técnico de ajuste fino das organizações, de acordo com as exigências de tal papel. Assim, o gestor deve perceber processar e responder ao ambiente instável, e se adaptar por meio do arranjo da estrutura organizacional interna, para garantir-lhe a sobrevivência ou a efetividade. Vale ressaltar ainda que, o foco da tomada de decisão gerencial não está na escolha, mas sim na correta informação sobre as variações ambientais e no uso de critérios técnicos para examinar as consequências das respostas a demandas alternativas.
Em contrapartida a visão da escolha estratégica visa a análise organizacional de forma que a escolha está disponível para a delineação da estrutura organizacional, a ser modelada de acordo com considerações políticas mais do que com critérios técnicos. Os gestores são considerados representantes de um papel proativo, suas escolhas são vistas como autônomas e seus atos, como forças de ação enérgica que moldam o mundo organizacional.
A visão da seleção natural nos leva a entender uma visão mais macro das relações entre organização e ambiente desenvolvido sob a forma da seleção natural, dando ênfase às características estruturais e demográficas de populações completas de organizações ou indústrias. Ainda, para essa visão, a evolução da sociedade corporativa e sua infraestrutura econômica são conduzidas por forças ambientais; e o papel gerencial pode ser descrito como inativo ou no máximo simbólico.
A visão da seleção coletiva vê a sociedade corporativa a ser construída e guiada por escolhas e propósitos coletivos. Os autores dessa teoria enfatizam a sobrevivência coletiva alcançada pela colaboração entre organizações por meio da construção de um ambiente social, regulado e controlado, mediador dos efeitos do ambiente natural. O papel do gestor é interativo, ele transaciona com os outros por meio de barganhas coletivas.
Analisando os debates apresentados no texto depreende-se que Q1 vs Q2 representados pelos autores que deram suas contribuições, demonstraram que o sistema/ação está presente na tensão entre a teoria da contingência, de um lado, e as teorias da gestão estratégicas e da dependência de recursos, de outro. Os teóricos da gestão estratégica e da teoria da dependência dos recursos apontam para o aumento da liberdade que a gestão possui para criar e definir o contexto organizacional. Para Child (1972) a reconciliação da “qualidade do ajuste” entre o contexto e a estrutura das organizações pode apresentar implicações de desempenho restritivas aos gestores; elas podem ser determinadas em níveis baixos o bastante para permitirem a busca de outros objetivos, não relacionados ao desempenho.
No debate Q1 vs Q3, ou seja, adaptação versus seleção, os autores levantaram o questionamento acerca de as mudanças nas formas organizacionais explicadas pela adaptação interna ou pela seleção ambiental. Bucley (1968) analisou as organizações como “sistemas adaptativos complexos”. Segundo ele as organizações respondem às mudanças elaborando ou modificando suas estruturas internas para manter uma relação isomórfica com o ambiente. Mas os ecologistas reagiram a essa perspectiva de adaptação e segundo Aldrich e Pfeffer (1976) “ela exagera o grau de flexibilidade que os gestores das organizações têm para ajustar as suas formas estruturais”, tanto a perspectiva da seleção como da adaptação compartilham uma orientação determinista segundo a qual a origem absoluta das mudanças é o ambiente. Na visão da adaptação, as organizações respondem às mudanças refinando seus próprios ajustes às contingências de seu ambiente de trabalho. Já na visão da seleção não existi uma quantidade de ajuste fino adequada aos limites locais de um nicho organizacional, pois em longo prazo o nicho de um tipo particular de organização pode desaparecer completamente.
Nos nichos restritivos versus domínios ordenados levantou-se a seguinte questão: será a vida organizacional determinada por restrições ambientais inflexíveis ou criada ativamente por escolhas gerenciais estratégicas? A opinião de Aldrich (1979) indaga se a escolha estratégica está disponível para as organizações, pois há existência de nichos ou combinações distintas de recursos e outras restrições no ambiente. O conceito de nicho implica o enfoque nas populações organizacionais em vez de nas organizações individualmente. O destino de cada organização individual está atrelado ao fato de pertencer a um tipo particular de população, pois as organizações não conseguem se adaptar facilmente a nichos diferentes. Os teóricos da escolha estratégica veem o ambiente com um “domínio”, que os gestores ordenam, definem e influenciam (Levine e White, 1961). Outros teóricos têm argumentado que mesmo a macroestrutura do ambiente se altera em resposta as estratégias corporativas. A seleção conquista espaço quando os indivíduos impõem significados e dão sentido a seus dados brutos ordenados. Os critérios de seleção são específicos para os indivíduos particulares nas espécies organizacionais, em vez de serem transmitidos a espécies concretas de organizações, como restrições de nichos. O modelo da variação, seleção e retenção parece assim igualmente compatível com ambas às visões, da seleção natural e da escolha estratégica.
Do ponto de vista dos escritores que participaram do debate acerca do tema agregados econômicos versus coletividades políticas, percebeu-se que alguns autores destacam mais a importância política desse fenômeno do que a econômica, e outros o têm incorporado ao modelo de seleção natural. Segundo (Hannan e Freeman, 1977) na visão da ecologia populacional, uma população é definida como um “agregado” de organizações “relativamente homogêneas”. Em contrapartida, os humano-ecologistas (Hawley, 1950, 1968; Duncan, 1964; Bouding, 1978) não definem uma população em termos de sua suscetibilidade comum ao ambiente e sim em termos da padronização interna das relações entre os membros que a constituem, ou seja, para eles a população não é uma aglomeração incoerente – “um sistema integrado, com algum grau de carácter unitário” (Hawley, 1968). Ainda na visão da ecologia humana, a adaptação obtém espaço por um mecanismo de formação de redes fechadas, o que resulta o fato de que algumas organizações se tornam funcionalmente especializadas na obtenção de recursos diretamente do ambiente, enquanto outras garantem seus recursos ao organizar a demarcação de limites. Neste debate destacam-se dois enfoques, o enfoque nas populações de organizações homogêneas, relacionadas de forma comensalística, onde a visão da seleção natural chama a atenção para a condição de sistema aberto e a influência ambiental é destacada ao se definir a população em termos de sua vulnerabilidade ambiental compartilhada, ou seja, quanto maior essa vulnerabilidade, maior o afeito populacional. Visto que, a ecologia populacional foca sua atenção no ambiente “natural” e a ecologia humana foca a atenção na construção de um ambiente “social”. Esse enfoque contrastante entre os ambientes “natural” versus “social” tem também implicações para a avaliação de cada visão constituinte da dinâmica essencial em que se baseia a atividade organizacional.
O debate acerca do tema ação individual versus ação coletiva traz como interrogativa a preocupação do comportamento organizacional com a ação individual ou coletiva, questão essa que enfoca a tensão básica entre os modelos de referência individuais e coletivos quando são apresentados em níveis micro e macro de análise organizacional. Segundo Olson (1965), por ser sempre possível aproveitar-se do esforço alheio, não há justificativa racional para que indivíduos contribuam para os “bens coletivos”. E que “apenas um incentivo individual e seletivo estimulará um indivíduo racional em um grupo latente a agir de forma orientada pelo grupo”. Em contrapartida para Commons (1950) “os indivíduos não são entidades independentes nem autossuficientes; e a sociedade não é a soma dos membros individuais”. Ou seja, a liberdade individual não é um direito inato; é uma conquista coletiva, e a única forma de a liberdade individual ser obtida é pela aderência coletiva às “regras” que definem e protegem os “direitos” individuais de todos. Direitos e regras que não são determinados individualmente e são impostos por uma soberania. Do ponto de vista dos autores Lindblom (1965), Wilson (1973), e Dahl e Lindblom (1976), a ação coletiva foi analisada como um processo incremental, que surge de ajustes mútuos entre grupos de múltiplos interesses partidários estabelecendo compromissos coletivamente aceitáveis. Portanto, a função da ação coletiva desempenhada por regras incorpora uma ordem institucional, que define o limite em que os indivíduos conseguem realizar sua própria vontade. Contudo, este debate deixa claro que os grupos organizacionais são atores independentes envolvidos em uma coletividade maior, e também agindo de maneira autônoma para maximizar as chances de conseguir seus objetivos individuais alheios aos da coletividade.
O último debate que tem como tema organização versus instituições, traz como ponto de partida a distinção feita por Selznick (1957) entre “organizações e instituições”. Este autor relata que as “organizações” são delineadas de acordo com uma “lógica de eficiência”; e são instrumentos técnicos de atividades em prol de um conjunto de objetivos. Diferentemente, as “instituições” incorporam não apenas os requisitos técnicos para a execução da tarefa em questão, como também incorporam valores. São “organismos que respondem e são adaptativos”, produtos das “necessidades e pressões sociais”, que as moldam e formulam. Neste debate depreende-se também que de acordo com Meyer e Rowan (1977) as instituições são menos significativas por seus atributos técnicos do que pelo papel que desempenham na sociedade; simplesmente refletem as estruturas institucionais em que estão inseridas. Visto ainda, que o “Modelo Racional” prevalecente de Gouldner (1959), demonstra que há pouca dúvida de que a imagem da organização como ferramenta tem dominado a história da teoria organizacional. Outro aspecto exposto neste debate é que a forma de organização capitalista, não é conduzida por leis imutáveis de eficiência técnica, mas por interesses socialmente moldados das elites gerenciais. A dominação política nos locais de trabalho é o reflexo das dinâmicas mais abrangentes do capitalismo, ela é considerada a base da delineação da estrutura organizacional. Visto ainda, que o argumento da dominação política requer que desloquemos o foco analítico do determinismo das considerações acerca da eficiência, interno às organizações, para as amplas dinâmicas sociais que se desenvolvem no nível coletivo de análise.

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