RECENSÃO CRÍTICA de artigo “Inovação Colaborativa: Uma Abordagem Aberta no Desenvolvimento de Novos Produtos”
Por: jpvilaca • 25/5/2017 • Trabalho acadêmico • 965 Palavras (4 Páginas) • 738 Visualizações
RECENSÃO CRÍTICA
BUENO, Bruna; BALESTRIN, Alsones. “Inovação Colaborativa: Uma Abordagem Aberta no Desenvolvimento de Novos Produtos”, Revista de Administração de Empresas, vol. 52, n. 5, setembro-outubro 2012, 517-530.
O artigo científico “Inovação Colaborativa: Uma Abordagem Aberta no Desenvolvimento de Novos Produtos” pretende identificar práticas de inovação aberta no processo de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, serviços, processos e modelos de negócios.
O trabalho em questão aborda a problemática do processo de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos no ambiente económico-empresarial atual, que se carateriza por uma crescente complexidade tecnológica e uma redução do ciclo de vida dos produtos. Neste contexto, a questão central do artigo é a pertinência e a necessidade por parte das empresas, de adotarem um modelo de inovação aberta ou colaborativa, que responda melhor aos desafios atuais do ambiente concorrencial, em contraponto a um modelo mais fechado de inovação, no qual são utilizados essencialmente os recursos internos da empresa.
É dada uma ênfase ao enquadramento teórico da problemática, através da citação de vários estudos levados a cabo por alguns autores, no que respeita aos conceitos de inovação no contexto das organizações, nomeadamente Freeman (2003), Napoleoni (1963), Dosi (1998), DeBresson (1997), Mowery e Rosenberg (1989), Rothwell (1995), O’Connor (2006), Powell, Koput e Smith-Doerr (1996), Richardson (1972), Hage e Hollingsworth (2000), Powell (1998), Huizingh (2011), Reed, Storrud-Barnes e Jessup (2012) e Houston e Sakkab (2006); e por outros, no respeitante ao processo aberto e colaborativo na geração de inovação, como Cooper (1990), Clarck e Wheelwright (1993), Chesbrough (2003), Soda (2011), Tidd, Bessant e Pavitt (2001), Van der Meer (2007), Chesbrough e Schwartz (2007), Un, Cuervo-Cazurra e Asakawa (2010), Cohen e Levinthal (1990), Gassman e Henkel (2004), Poetz e Schreirer (2012), Bentsson e Kock (1999) e Howells, Hamel e Bill (2008).
A parte do artigo que faz uma teorização desta problemática centra-se na análise do que consiste a inovação aberta e colaborativa, sendo definida como “…uma ação conjunta e cooperada entre diversos atores internos e externos à organização, como empresas, fornecedores, clientes, além de instituições de caráter público ou privado”.
É referido no trabalho que as práticas de inovação colaborativa são frequentes em indústrias intensivas em conhecimento, como a biotecnologia ou a eletrónica, não acontecendo o mesmo nas indústrias mais maduras, como a indústria automóvel, que é objeto deste estudo. Os autores referem no entanto, que nesta indústria já se evidenciam processos cooperativos entre alguns intervenientes, mas apenas em economias desenvolvidas e tão só no âmbito da cadeia de fornecedores. Assim, a opção tomada nesta investigação passa por aferir da existência e trazer à luz práticas de inovação colaborativa em economias emergentes, que envolvam outros atores, como os usurários finais do produto ou instituições de investigação.
No seguimento desta abordagem, os autores fizeram a opção de conduzir a sua investigação através de um estudo de caso. Tal delineamento de pesquisa justifica-se pela necessidade de exploração de um problema de investigação ainda não bem definido, para o qual o conhecimento existente acerca do fenómeno em causa não é muito vasto. Dentro deste contexto foi escolhido o projeto de desenvolvimento do automóvel Fiat Mio (Fiat Concept Car III), o qual é um exemplo de desenvolvimento de um produto que faz uso de práticas de inovação colaborativa numa economia emergente, como a brasileira.
Na análise dos dados procurou-se tornar evidente a efetivação de práticas de inovação colaborativa, através de uma interpretação descritiva dos dados agregados, que foram recolhidos de fontes primárias e secundárias, entrevistas em profundidade e grupos focais. A recolha dos dados foi orientada no sentido de aferir quais as fontes externas de conhecimento que participaram no desenvolvimento do Fiat Mio e sob que forma o fizeram.
Segundo os autores, os resultados do trabalho evidenciam um marcante caráter inovador, quer no produto em si, quer no seu processo de pesquisa e desenvolvimento em todas suas as fases. É sugerido que tais evidências empíricas poderão indiciar uma mudança de paradigma no processo de desenvolvimento de produtos e serviços, sinalizando como tal uma mudança.
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