Resenha Estratégias Empresariais
Por: MARIAEBSILVA • 15/4/2016 • Resenha • 2.477 Palavras (10 Páginas) • 461 Visualizações
Estratégias empresariais utilizadas pela indústria da construção civil: a racionalização como método para manutenção da competitividade
Os dois artigos do Prof. Fransisco Ferreira Cardoso intitulados como “Estratégias empresariais e novas formas de racionalização da produção no setor de edificações no Brasil e na França”, sendo a Parte 1: O ambiente do setor e as estratégias empresariais (Estudos Econômicos da Construção, SindusCon-SP, São Paulo, 1996, p. 97-156), e a Parte 2: Do estratégico ao tático – as novas formas de racionalização da produção (Estudos Econômicos da Construção, SindusCon-SP, São Paulo, 1997, p. 119-160), sintetizam o resultado da sua pesquisa de doutoramento realizada na França que propôs a transferência de estratégias ligadas à produção, denominadas de novas formas de racionalização da produção (NFRP), entendendo o contexto do meio onde a empresa estava inserida, nos níveis meso e macroeconômicos, para definir as táticas efetivas para garantir a competitividade da empresa, atribuindo o ganho de competência às novas formas de gestão do sistema de produção, enfatizando a importância dos critérios de qualidade e produtividade. Estas são as três principais hipóteses da pesquisa.
Da última hipótese é importante definirmos os seguintes termos: sistema de produção, como a articulação entre um sistema de operações físicas de produção e um sistema de operações de gestão; processo de produção como o conjunto de etapas físicas sequenciadas que relacionadas à construção de uma obra. Também é necessária para o entendimento do estudo a definição de: eficácia, a capacidade de alcançar objetivos fixados; eficiência, a capacidade de rendimento de um sistema composto por um certo tipo de recursos.
Características Marcantes
As novas formas de racionalização da produção desenvolvidas nos dois países estudados, ou que poderiam se desenvolver, são afetadas pelas características setoriais respectivas. As características podem ser agrupadas em: o processo executivo, que se mostrava mais industrializado, com processos ágeis e utilizando mais equipamentos em comparação com o Brasil, reduzindo a quantidade de mão-de-obra no canteiro; a logística dos canteiros, sendo a de materiais responsabilidade dos subempreiteiros (compra, estocagem e manipulação), e instalações mais completas, com extensivo uso de gruas, por exemplo; a mão-de-obra de produção reduzida em comparação com o Brasil, inclusive nos canteiros onde se tinha linha hierárquica com menos níveis, e uso muito mais elevado de mão-de-obra terceirizada no Brasil, que praticamente inexistia na França; atores que não eram diretamente ligados ao canteiro, com arquitetos assumindo mais responsabilidades na concepção e execução da obra na França, no Brasil havendo relação de parceria entre construtoras e arquitetos, tornando desprezível a participação dos subempreiteiros na concepção do projeto, maior utilização de consultorias por empresas francesas e presença obrigatória de controlador técnico nos canteiros daquele país.
Segundo Silva (2010), a escala de produção começou a mudar a partir de 2007, e em virtude desse novo cenário é necessário que se altere a base tecnológica do setor. Com isso, buscar-se-á a redução do ciclo de vida. É necessária também a redução da necessidade de mão-de-obra, que confere a característica artesanal presente hoje no setor, e reduzindo assim os riscos à qualidade pela falta de profissionais experientes e capacitados. Para se atingir este aspecto de indústria na construção civil é necessário ainda que tenhamos a mecanização da produção, o que contribuirá, por consequência, com a redução dos desperdícios e perdas no transporte e manuseio dos materiais, que geram grandes custos à produção (SILVA, 2010). Países como a França já desenvolveram este aspecto a bastante tempo, como pode-se perceber no próprio texto do autor, mas o setor no Brasil ainda tem muito o que evoluir.
As características setoriais que afetavam a competição entre as empresas na época da pesquisa não serão reportadas aqui devido à obsolescência dos dados. O mesmo ocorre para os condicionantes do setor, mas destaca-se que é importante a observação das transformações ocorridas, visto que impactam diretamente na concorrência entre as empresas e englobam os seus processos de busca de eficiência e eficácia.
Transformações Concorrenciais
Os aspectos mais importantes que afetam a concorrência, como comportamento da ação e reação como estratégia de sustentação da posição no mercado, entre as empresas do setor da construção são identificados com a utilização das cinco forças da concorrência de Porter:
a) Os novos entrantes: é destacada a possibilidade de novos entrantes estrangeiros no mercado brasileiro devido à recente abertura de mercado (na época do estudo), o que poderia causar um aumento na concorrência. Embora houvesse a possibilidade, as empresas de construção estrangeiras não representam risco à competitividade das empresas brasileiras no mercado doméstico, inclusive em dias atuais. Esse fato também era observado na França na época do estudo.
b) Os clientes: observou-se o aumento do poder de negociação dos clientes, na passagem de um mercado vendedor (demanda excedendo a oferta) para um mercado comprador, possibilitou a eles exigirem maior eficiência das empresas, especialmente no que diz respeito ao preço e à qualidade, o que repercutiu diretamente na competição entre as construtoras. O que se viu é que além de um produto-edifício, uma obra, estavam sendo oferecidos serviços aos clientes (operação chave-nas-mãos). Ainda, diante da queda das atividades, do aumento da concorrência e da banalização das condições financeiras oferecidas pelos clientes, o setor se viu forçado a controlar seus custos.
c) Os produtos substitutos: no setor habitacional os produtos substitutos são menos importantes sobre a concorrência existente no ambiente. Porém a ameaça de substituição pode existir na forma de novos sistemas construtivos, como a substituição por alvenaria armada de blocos (alvenaria estrutural) das tradicionais estruturas de concreto armado, processo que pode se repetir com a nova substituição por estruturas maciças de concreto executadas com formas metálicas, principalmente para o caso de habitações populares como alternativa para a redução de custos.
d) Os industriais/fornecedores e os subempreiteiros: aspecto que se mostrou mais significativo frente às modificações trazidas pelo novo ambiente setorial ao processo de produção e às relações entre atores. As razões para
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