Um Dilema Ético

Um Dilema ético

Megan Chambers, formada pela Wasatch Universtity, trabalha na Xenon Manufacturing há vários anos. Tendo começado como compradora de matérias-prima, decidiu mais tarde que vendas era o caminho mais rápido para subir na empresa. Tornou-se excelente vendedora e em um ano foi promovida a gerente de uma pequena divisão. A vida de Megan girava em torno de sua carreira e seus amigos eram ou da companhia ou trabalhavam no mesmo ramo. A Xenon fora uma boa escolha devido ao status de líder no ramo. Megan acreditava que, em oito anos, poderia chegar aos altos escalões. Hoje porém, ela enfrenta um problema.

Seu chefe, Robert, a esteve pressionando sobre o boletim de merecimento trimestral de Kevin, um dos seus funcionários. Ao conversar com outros chefes de serviço, ouviu sempre o mesmo conselho: “Não dê a esse cara uma nota negativa, mesmo que ele a mereça. Dois gerentes fizeram

isso, quando Kevin trabalhava com eles, e foram rebaixados ou transferidos para lugares

indesejáveis. Pode ter sido coincidência, mas...”

Avaliando o trabalho de Kevin, verificou que estava abaixo do padrão. Recebeu também

comunicações verbais sobre a maneira como Kevin tratava as pessoas – e outras coisas, também. Ouvindo um deles, Megan se deu conta de que o dia de hoje não vai ser bom para ela. “Kevin entrou em meu estabelecimento cheirando a álcool”, disse a pessoa. “Passou uma cantada em uma secretária e comportou-se de maneira nada profissional. Eu gostaria que arranjasse outro vendedor ou então pode deixar de nos procurar.”

Megan já teve uma conversa com Kevin sobre esse assunto. Ele justificou seus atos dizendo que

tomou alguns drinques com clientes, para mantê-los felizes. “Afinal de contas, Megan, todo mundo sabe que beber é uma coisa que os vendedores fazem para desenvolver um relacionamento mais pessoal com os clientes.” Essa conversa a deixou mais tranqüila, mas ela lhe recomendou que procurasse ajuda especializada para tratar esse problema, o que ele fez.

Nesse momento, a companhia que fazia o seguro da Xenon, acaba de enviar o seguinte comunicado: Mudanças nos benefícios.

A partir de 1º de julho será feita uma exclusão nas doenças cobertas por nossa apólice. Uma vez que o alcoolismo pode ter origem genética, a apólice adquirida por essa empresa cobrirá agora 100% do

primeiro tratamento e 50% do segundo, sem cobertura de tratamento subseqüente. Recomendamos encarecidamente que todos os empregados procurem seu médicos e peçam um exame de sangue

para verificar se são predispostos a essa condição de saúde.

Enquanto lia o memorando que acompanhava a comunicação da seguradora, Megan soube também

da ação judicial movida contra um gerente que demitira um vendedor que tinha essa predisposição genética. O memorando alertava que nenhum gerente poderia comentar essa questão. O telefonema seguinte foi de Michelle, uma boa amiga que trabalhava em outra companhia. Michelle queria informações sobre um vendedor que ele estava pensando em contratar – Kevin.

Megan sabe que se fizer um relatório favorável sobre Kevin, pode prejudicar uma das concorrentes de sua empresa e, talvez, livrar-se de um problema. Michelle, porém, é uma boa amiga. Nesse momento, Kevin entrou e ela disse a Michelle que liga depois. Kevin começou dizendo: “Megan já terminou de preencher os boletins de merecimento? Estou ansioso a esse respeito, porque preciso realmente de uma boa nota.”

Questão:

Identifique as questões éticas que Megan enfrenta nesse momento.

Apreende-se conduta ética ou antiética não só com a sociedade e a cultura, mas com os indivíduos com quem se convive em grupos de trabalho e na empresa em geral. O resultado dessa aprendizagem depende do poder dos valores pessoais do indivíduo, de oportunidades e de contatos com outros que se comportam de maneira ética ou antiética. Com freqüência funcionários tomam decisões juntamente com terceiros significados, com quem se ligam em grupos informais e em relacionamentos formais no ambiente de trabalho. Os terceiros significativos incluem superiores, colegas e subordinados, que também influenciam o processo de tomada de decisão. Embora outras pessoas fora da empresa, tais como membros da família e amigos, também o influenciem, focalizaremos aqui a influência de terceiros significativos com quem o empregado mantém contatos freqüentes.

Neste capítulo, discutiremos como as intenções da empresa em relação à sociedade, sua estrutura e

sua cultura operam por intermédio de terceiros significativos no processo de tomada de decisão. Em primeiro lugar, estudaremos os relacionamentos interpessoais, incluindo a responsabilidade da empresa, e faremos um levantamento da conduta dos empregados, do papel desempenhado por relacionamentos, da socialização, dos ambientes em que os papéis são vividos e de ligações com diferentes grupos. Em seguida, passaremos a examinar a função das oportunidades no processo de tomada de decisão da empresa.

Relações interpessoais nas organizações.

As organizações consistem em pessoas e grupos de pessoas que trabalham juntos para alcançar um ou mais objetivos. Se a empresa elaborou uma declaração de missão que prevê respeito e bem-estar dos stakeholders e o objetivo de contribuir para a sociedade, administração e empregados devem trabalhar juntos em benefício mútuo. A Johnson Controls, Inc. diz em sua declaração de missão que se propõe a “exceder sempre as expectativas crescentes de nossos clientes.” Seu credo de conduta empresarial exige que todos os stakeholders sejam tratados com honestidade, dignidade, lealdade e respeito, adotando nesse sentido os mais altos padrões éticos. Conseguir que as pessoas trabalhem juntas eficiente e eticamente, e ao mesmo tempo coordenar as qualificações de indivíduos diferentes, constitui um grande desafio para os administradores. Os relacionamentos entre essas pessoas e nos grupos constituem fatores importantes do funcionamento correto da empresa. Na verdade, os relacionamentos interpessoais podem exercer uma papel decisivo na ética da organização.