A ANÁLISE DOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS CURITIBANOS: PERIFERIA VERSUS CENTRALIDADE
Por: Gislaine Staub • 29/6/2022 • Pesquisas Acadêmicas • 1.721 Palavras (7 Páginas) • 118 Visualizações
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ANÁLISE DOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS CURITIBANOS: PERIFERIA VERSUS CENTRALIDADE
Gislaine de Paula Costa (Gislaine Staub)
Curitiba
2021
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“PROJETO REALIZADO COM RECURSOS DO PROGRAMA DE APOIO E INCENTIVO À CULTURA – FUNDAÇÃO CULTURAL DE CURITIBA, DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA, DA SECRETARIA ESPECIAL DE CULTURA, DO MINISTÉRIO DO TURISMO E DO GOVERNO FEDERAL.”
O equipamento cultural é o ponto de encontro de artistas, técnicos performáticos e gestores, entre o artista e o gestor entre o técnico e o pensador, entre o performático e o público, entre o público e a obra, enfim, entre tudo isso e a própria cidade. A interseção desses diferentes riachos e os atores sociais enfatizam a importância e a horizontalidade desse tipo de ação organizacional que chega a abrigar e promover as mais diversas atividades culturais, espaços culturais lúdicos, um papel importante na arte e na cultura.
Do ponto de vista do público, eles oferecem uma oportunidade que desfrute em aprender a prática artística e, em alguns casos, há espaço para expressão de identidade, mobilizar sensibilidades relacionadas às dimensões simbólicas e promover experiência estética. Na perspectiva dos agentes culturais, promovem o desenvolvimento e melhorar arte, curadoria, arquivos, patrimônio, práticas de gestão e conhecimento e os técnicos de produção cultural, em muitos casos, constituem um laboratório de produção cultural, criação e reflexão em torno das atividades artísticas
Em termos de sua função social, os equipamentos culturais estão inscritos nos costumes culturais locais. Os caminhos permanentes na paisagem urbana, incluindo-os, pelo menos potencialmente, ao conjunto de comportamento diário dos cidadãos. Eles também são espaços importantes de socialização, possível delimitar "juntos" por meio de realizações e práticas artísticas e culturais. Além disso, são ambientes com grande potencial de interação com a prática e o conteúdo de educação, que lhes permite influenciar valores e modelo social atual é repleto de violência e relações de consumo (DAVEL,2016).
Em termos de importância econômica, o equipamento desempenha um papel central na cadeia cultural de produção porque acomodam e/ou promovem a criação, o prazer, divulgação, circulação, proteção, formação, reflexão, etc., mobilizam uma densa rede de profissionais e serviços, além de ativar as mais diversas relações econômicas do campo cultural. Além disso, são um importante elo entre a cadeia da indústria cultural e outras cadeias industriais. Setores econômicos, como o turismo, porque podem promover e estimular o interesse do turista pelo destino, ajudar a prolongar e ainda qualificar sua experiência. (DAVEL,2016).
Em suma, por um lado, os equipamentos culturais afetam diretamente a dinâmica da arte e da cultura, concentrando práticas relacionadas a todos os ciclos de produção. Espetáculo: a criação, produção, distribuição / circulação / proliferação e consumo / fruição de mercadorias serviço. Por outro lado, é possível simplificar a vida social e econômica do território por meio de quais são relevantes. Portanto, caracterizar a horizontalidade deste tipo de organização cultural lhes dá potencial estratégico, embora seus gerentes e pelos formuladores de políticas públicas, especialmente em termos de desempenho de políticas e gestão de territórios seja propor a lacuna da filosofia de gestão (DAVEL et al., 2016). O presente artigo investiga os processos de apropriação do espaço construído no que tange o aspecto cultural no município de Curitiba, a partir da ideia de descentralização do equipamento cultural. Tal investigação parte da abrangência dos equipamentos culturais da regional matriz versus regional Cajuru, bem como os impactos na produção cultural para os residentes dessas regionais.
As áreas de conhecimento abordadas incluem num primeiro momento o estudo diagnóstico urbanístico dos setores apontados (regional Matriz e regional Cajuru) no espectro do acesso à cultura e bens culturais, análise de equipamentos culturais existentes, estudo de projetos arquitetônicos para produção e fomento de equipamentos culturais de livre acesso à população.
O planejamento de políticas culturais no município de Curitiba é visto, num primeiro momento, pelo viés dos grandes eventos. O festival de teatro de Curitiba é o maior festival do país, com números extravagantes: segundo a Fundação Cultural de Curitiba (FCC, 2021), ‘’durante o festival há uma média de 400 espetáculos de companhias teatrais de todo o país e do exterior, e atraindo a cada edição um público de mais de 200 mil pessoas’’. Visto desta forma, há a aparência de que Curitiba é uma cidade que respira arte e cultura em todos os seus cantos, onde o acesso à cultura se dá independente da dicotomia centralidade versus periferia.
Porém quando partimos para um outro ponto de vista, o dos artistas e moradores da periferia (sendo que a periferia, neste contexto, não resume apenas o seu conceito geográfico enquanto local na cidade em relação de dependência do centro, mas também, como parte do território urbano sub equipada e ocupada predominantemente pela população de baixa renda), são poucos os equipamentos disponíveis nas áreas periféricas. E, quando há algum equipamento, o mesmo tende a ser subutilizado graças às barreiras, tanto físicas (portões, má sinalização, falta de segurança, arquitetura que intimida o usuário) quanto sociais (sensação de não pertencimento, medo, vergonha, sensação de deslocamento) impostas.
Curitiba, em sua região central, possui ampla gama de equipamentos e serviços culturais, desprivilegiando as populações afastadas geográfica e socioeconomicamente das oportunidades lá concentradas. Os equipamentos de cultura e lazer tendem a se concentrar em centralidades, tanto em Curitiba quanto em outros municípios, agravando a precarização de uma população já desassistida e, portanto, acentuando a segregação. Curitiba possui, segundo dados do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC, 2021), 145 equipamentos culturais, conforme quadro a seguir:
Quadro 1: Equipamentos culturais no município de Curitiba
TIPO EQUIPAMENTO CULTURAL | QUANTIDADE |
Auditório | 15 |
Centro Cultural | 18 |
Cinema | 17 |
Circo | 1 |
Clube de Xadrez | 1 |
Espaço expositivo de Artes | 10 |
Espaço para espetáculos ao ar livre | 1 |
Memorial | 10 |
Museu | 33 |
Teatro | 39 |
TOTAL | 145 |
Fonte: IPPUC, 2021
Note-se que no que se refere a espaço para espetáculos ao ar livre, há poucos espaços formal e arquitetonicamente construídos para tal fim, como a Pedreira Paulo Leminski, destinada a grandes espetáculos, localizada no bairro Abranches e o Anfiteatro da Praça Zumbi dos Palmares, localizado no bairro Capão Raso, sendo o último objeto de estudo de caso para o projeto a ser desenvolvido nesta monografia. Porém há espaços públicos de acesso livre à população onde tais manifestações culturais ocorrem, tais como as praças do Iguaçu, Ruínas de São Francisco, Parque Barigui, Praça Jacob do Bandolim, porém a maioria desses espaços são localizados na Regional Matriz.
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