A AVALIAÇÃO DE ASSIMILAÇÃO DE CONTEÚDOS
Por: João Furtado • 4/12/2017 • Trabalho acadêmico • 1.524 Palavras (7 Páginas) • 358 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
ARQUITETURA BRASILEIRA II
LUIZ EDUARDO FONTOURA TEIXEIRA
JOÃO EDUARDO LIMA FURTADO
AVALIAÇÃO DE ASSIMILAÇÃO DE CONTEÚDOS
Questão 01
O termo “protótipo”, quando trata do Palácio Gustavo Capanema, refere-se ao edifício como realização prototípica, ou seja, que poderia e deveria ser replicado; uma resposta padrão para um programa “comum” da sociedade contemporânea.
Nas análises criticas sobre o edifício, destaque para o debate [forma X função], de onde Le Corbusier toma partido para postular suas ideias (Brises Quebra-sóis, Pilotis, Fachada Livre, Planta livre, Fachada envidraçada, etc.), e essas mesmas ideias são todas empregadas no edifício de forma extremamente inteligente por seus arquitetos. Além disso, o próprio texto referente ao projeto do edifício afirma a relação moderna forma x função na construção: “Dentro dessa óptica, o ministério daria testemunho irrefutável da autoridade da função enquanto matriz formal.”.
Assim, em suma, o edifício deveria e poderia ser protótipo tanto pelos ideais que trazia e expressava numa escala monumental – uma escala de palácio, de fato -, quanto pelas suas técnicas construtivas e construídas.
O termo “monumento” quando trata desta construção tem diversos apontamentos, ao mesmo tempo em que todos têm algo em comum: dizem respeito à marca que esta construção deixou na história e na sua cidade; na marca que deixa em quem a frui.
A obra é monumento porque é marco histórico – porque é “protótipo”, porque vem num período histórico de modernização do Rio de Janeiro -, porque é uma arquitetura cívica – porque é jogo de volumes sob a luz, pensa a chegada do observador, a vista, o jogo visual -, porque faz espaço de encontro – para fazer-se presente, para ter destaque no seu cenário urbano em contraste com as edificações do entorno, toma distância dos limites do lote e forma praças no seu térreo -, porque tem escala monumental - Capanema com essa construção queria se marcar na história, queria, portanto, que ela fosse de escala monumental -, e porque celebra a história brasileira – com os mosaicos de Portinari e o paisagismo de Burle Marx.
“Capanema queria um monumento, e a ideia de monumento denota etimologicamente objeto que rememora ou comemora pessoa, evento, instituição, ideias consideras exemplares por sua excepcionalidade ou transcendência.”: como bem cita o texto.
A promenade architecturale é o passeio arquitetônico pelo edifício, que se refere a percepção do fruidor da arquitetura, para onde sua vista é atraída ou repelida, o que fica insinuado, a sensação de um clímax espacial que não foi efetivado, etc.
No caso do palácio Gustavo Capanema, o edifício tem como partido de percepção um “todo fragmentado”: o passeio pelo edifício não é projetado para ser fluido e alheio a arquitetura que rodeia o passante, é um caminhar obstaculizado – o próprio vestíbulo de acesso ao prédio principal serve mais para obscurecer e amenizar o grau de conexão desta entrada com as demais partes do prédio do que o contrário, e além disso é pensado mais como lugar de passagem do que permanência. Externamente, o jogo dos volumes do prédio foram cuidadosamente pensados para quem vem das mediações da rua Graça Aranha com a rua Porto Alegre ou das mediações da rua Graça Aranha com a rua Pedro Lessa terem como ponto focal, passando pelas praças do edifício, o ponto de intersecção dos dois volumes (o de 2 pavimentos e o de 14), insinuando assim que ali seria um ponto vital do prédio, apenas para mais tarde desmanchar tal expectativa. Já na outra fachada do edifício, a que vira para a rua da imprensa, ele se apresenta como volume sólido, reforçando seu caráter de “beco”.
Questão 02
A arquitetura moderna no Brasil desenvolveu no seu período uma vertente arquitetônica-carioca, que posteriormente resultou na Escola Carioca, a fim de propagar seus ensinamentos e (re)assimilações da matriz original: os 5 pontos corbusianos, e os ideais (e as ideias) de arquitetura moderna que vinham para cá. Desta forma, essa escola, apesar do muito que preserva deste moderno arquitetônico, faz adições pautadas num regionalismo crítico (que não simplesmente aceita o movimento internacional modernista de qualquer forma para sua região) que podem ser consideradas até mesmo “contraditórias”, dado o contexto na época: fazem uso de materiais construtivos tradicionais, de soluções construtivas agora repaginadas: varandas, beirais, etc., uso da paisagem incorporado ao projeto, questões paisagísticas (Burle Marx) e questões de conforto térmico. Como exemplo podemos citar a Casa de Vidro, de Lina Bo Bardi, nela vemos uma releitura do conceito de varanda, onde a casa possui o seu volume frontal envidraçado em todos os lados, como uma grande varanda ampla. Vemos também uma integração total na casa, quem caminha para adentra-la, vem por de meio dos troncos de árvore e, de forma muito sutil, de repente a pessoa se vê sob a cobertura-laje (piloti) da casa, próxima a escada de acesso: isso se da, pois os pilares dos pilotis se confundem com os troncos das árvores, misturando construindo e natural. Integração com a paisagem do entorno em muitos outros aspectos. Além disso, a casa apresenta-se partida em diversos volumes ao longo de um grande terreno, para melhor adaptar as funções a topografia e implantação necessária, em um respeito total ao local. Isso se da também na árvore que adentra o centro da casa e depois estratégias de respeito ao entorno.
Questão 03
O Ecletismo chegou ao Brasil no final do século XIX, e veio carregado de ideias modernizadoras – essas em dois sentidos principalmente: no sentido de se fazer esquecer-se do passado colonial e imperial brasileiro (o Brasil havia recém se tornado independente), e no sentido sanitarista/higienista, dada as novas descobertas da ciência que vinham ocorrendo sobre salubridade na época. Desta forma, vê-se isso refletido na arquitetura em diversos aspectos: a água das casas. No período colonial o caimento da água das casas era no sentido da rua (pois era onde o esgoto corria a céu aberto), já nas casas construídas no ecletismo, os sentidos dos caimentos das águas passaram a ser para as laterais da casa, permitindo assim liberar a fachada frontal da vista do telhado (o que se acreditava que daria um caráter mais moderno a residência), aproveitando melhor os maiores lotes advindos da época (se comparados em relação de tamanho com os lotes antigos), criando varadas e jardins laterais (aqui, apesar de certo “conservadorismo” que se vê no ecletismo, já se vê um inicio de intenção de mistura interior x exterior, quando se trazem jardins para dentro do lote, com beirais que se prolongam sobre os mesmos, através de varandas que circundam boa parte da casa), impedindo que o vizinho faça uma casa geminada com a sua (pois casas geminadas tinham pouca ventilação, e, portanto eram mais insalubres) e, por fim, transferindo o acesso da casa para lateral, não sendo mais direto e abrupto para a rua. Mas isso apenas quando era possível demolir as casas coloniais: há de se ter em mente de que não se podia demolir todas as construções que remetessem a um período “não modernizado”, desta forma escondiam os telhados das casas com água no sentido para rua com platibandas (platibandas essas sempre muito decorosas e com adornos, assim como toda decoração da época: imbuída de um fetiche pela decoração industrial). Isso tudo, além das mudanças de salubridade por insolação e ventilação, visava produzir, ou tendeu a produzir, uma alteração na imagem geral da cidade de acordo com a cultura e urbanismo que se desejava importar na época: o urbanismo e paisagismo francês. E assim se fizeram diversas praças de traçado parisiense em pleno Rio de Janeiro. E as mudanças do ecletismo no urbanismo da época não paravam por ai; continuando exemplificando na cidade do Rio de Janeiro: o então prefeito da cidade do Rio, Pereira Passos, determinou várias reformas de cunho sanitárias (abertura de grandes vias, de sistema de escoamento de águas, calçamento de ruas, etc.) na área central da cidade, o que acabou, com a demolição de várias residências em detrimento dessas reformas, afastando para a periferia (morros próximos do centro) quem não tinha condição de reconstituir uma vida no Centro, criando as primeiras favelas da cidade.
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