A CIDADE E PROBLEMÁTICA
Por: GlauAbram • 4/2/2021 • Dissertação • 1.455 Palavras (6 Páginas) • 187 Visualizações
PERCEPÇÃO E REFLEXÃO SOBRE O PROJETO DE PALMAS –TO
O município de Palmas, capital do Estado do Tocantins, hoje com 300 mil habitantes (IBGE 2020), sendo a maior cidade do Estado, foi a última cidade brasileira planejada construída no século XX. A área escolhida para a construção foi no ponto geodésico do Brasil, com 11.085 hectares de área, fazendo limites a leste com a Serra do Lajeado, e a oeste pelo Rio Tocantins em uma zona de cerrado da região central do país; com 12km x 32km (38.400hectares) de área de urbanização a margem direita do Rio Tocantins.
Projeto da capital foi encomendado na época pelo governador do Estado do Tocantins Siqueira Campos ao escritório “GrupoQuatro”de Goiânia, sob coordenação dos arquitetos, Luís Fernando Cruvinel Teixeira e Walfredo Antunes de Oliveira Filho, graduaram-se, respectivamente, pelas universidades de Brasília (UnB), em 1968, e Universidade Católica de Goiás (UCG, atual PUC-GO), em 1974. É bem provável que, pelo período da trajetória acadêmica de ambos, tenham sofrido forte influência dos postulados modernos, tendo em vista a longa sobrevida do Modernismo no Brasil graças à grandiosidade dos arquitetos como Oscar Niemeyer e Lucio Costa, e da força imagética de sua maior obra, Brasília, desenvolveram um projeto com conceito de desenvolvimento sustentável, onde o meio ambiente e o homem são os pilares centrais desse estado.
Os autores do projeto afirmam que: “o projeto da futura capital do estado do Tocantins foi, portanto, precedida de um outro tipo de sonho: ecológico e humanístico. ”
É definido pelos autores do projeto, como conceitos fundamentais do desenho da nova capital, a integração da natureza através de um traçado simples e lógico a promoção da consciência social e ecológica. Para eles, a concepção urbanística deve ser partir de um ideal que atenda as aspirações do Homem e da coletividade, rechaçando explicitamente a concepção de uma cidade repleta de status, submetida à sociedade do consumo. Ademais, negam uma concepção da cidade futurista, que deixa a desejar no aspecto do verdadeiro bem-estar do homem em seu habitat; bem como a cidade geométrica e sua rigidez racionalista, que seriam uma imposição contra a natureza. Ao concluir, afirmam que “o projeto da futura capital do estado do Tocantins foi, portanto, precedida de um outro tipo de sonho: ecológico e humanístico. ” (GRUPOQUATRO, 1989, p. 3)
Sendo assim, o projeto da cidade contou com um amplo ecossistema com parques urbanos e grandes áreas verdes.
Com uma topografia bem plana, Palmas foi de fácil resolução, de forma bastante clara, foram determinadas as vias e sua hierarquização, as quadras e os seus usos, áreas de preservação ambiental próximo aos rios, córregos e serra para futuramente orientar a expansão urbana economizando na infraestrutura.
Foram propostas também os locais ideais para as atividades institucionais, comerciais e industriais no decorrer dos grandes eixos viários; moradia e lazer ao longo das áreas naturais preservadas, considerando a preservação da vegetação nativa, paisagem da serra e lago, ventos predominantes, acessibilidade viária e custos com a infraestrutura urbana.
Estabelecido por dois eixos, o sistema viário foi estruturado da seguinte forma: sentido norte - sul, a avenida Teotônio Segurado, sentido leste - oeste, a avenida Juscelino Kubitschek e paralela a essas avenidas surgem as avenidas norte - sul, “N-Ss”, e leste - oeste, “L-Os”, e no cruzamento dessas avenidas surgem as rotatórias. O nome dessas quadras faz referência aos eixos principais e os pontos cardeais. No projeto, foram protegidos os fundos de vales e córregos que partem da serra em direção ao lago, criando a possibilidade de futuros parques urbanos.
Na utilização do solo, foi projetado um corredor central comercial as áreas internas residenciais, uma praça central (Praça dos Girassóis) onde se localiza alguns dos principais equipamentos urbanos da cidade. Já pensando em seu desenvolvimento e sem alterar o foco do conceito inicial do projeto da cidade, existe projetos de crescimento urbano e parques lineares.
O sistema viário básico e as quadras foram projetadas de uma forma que a ocupação urbana fosse crescendo organizadas.
Dividida por grandes eixos viários, Palmas possui grandes quadras com traçados ortogonais determinado por grandes vias que facilita o fluxo de veículos e cruzamentos com grandes rotatórias, dentro dessas grandes quadras uma divisão feita por pequenas vias de fluxo local que se torna interessante em vista de satélite, porém não se tornam tão funcionais a usabilidade diária. O desenho dessas pequenas vias varia de quadra para quadra, sendo que seus traçados são geométricos com formas ortogonais e circulares.
No dia 20 de maio de 1989, foi lançada a pedra fundamental no Distrito Canela, pelo governador Siqueira Campos. Para ambos os autores, o tempo era muito curto para elaborar um projeto dessa complexidade, o que ajudou foram as especializações acadêmicas e experiências profissionais no serviço público:
“Todo esse trabalho começou no dia 2 de janeiro de 1989 e o relatório final que preparamos foi entregue pelo Governador do Estado à Assembléia no dia 26 de janeiro. (...) [no início] não tínhamos o local definitivo e uma planta para trabalhar, embora houvéssemos já discutido alguns conceitos. Nossa formação em Universidades inglesas é muito parecida. Tínhamos trabalhado muito juntos em Goiânia com planejamento urbano - eu (Walfredo) mais com serviço público e o Luiz Fernando com escritório particular. Tínhamos algumas idéias muito firmes daquilo que não queríamos que acontecesse. Partilhamos da opinião que não adiantava inventar desenhos maravilhosos de cidade. Traçados como os de Goiânia, Belo Horizonte ou mesmo Washington já foram bastante estudados” (REVISTA PROJETO, 1991, p. 103).
Considerada como uma “pequena
...