A CONTRIBUIÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS PARA A SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Por: jonatasgaleno • 2/12/2022 • Ensaio • 1.128 Palavras (5 Páginas) • 86 Visualizações
A CONTRIBUIÇÃO DOS ESPAÇOS URBANOS PARA A SAÚDE DA PESSOA IDOSA
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia – Campus Barreiras
Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo
Jônatas Galeno Pereira (jonatasgaleno@hotmail.com)
A população brasileira vem envelhecendo em um ritmo acelerado e se deparando com espaços urbanos que, de modo geral, não são pensados para atender aos indivíduos com limitações decorrentes da idade avançada. Um estudo publicado em conjunto pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp/EPM e pelo Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE-CENESP) – Unifesp/EPM aponta que a prática de atividade física, ainda que moderada, proporciona ganhos significativos para a saúde física e mental de seus praticantes. Posto isto, o presente ensaio tem o condão de demonstrar as deficiências dos espaços urbanos e discutir formas de melhorar essas limitações de modo a permitir que esses espaços proporcionem bem estar, interação social e lazer, inclusive para a população com mais de 60 anos, trazendo para essas pessoas um ganho significativo em termos de saúde integral.
Dados divulgados pelo IBGE demonstram uma taxa de envelhecimento acelerada da população brasileira. Em 2019, o número de idosos no Brasil chegou a 32,9 milhões e o número de pessoas com mais de 60 anos já superava ao de crianças com até 9 anos de idade.
O IBGE divulgou projeções de longo prazo sobre o avanço populacional, dentre a quais é possível verificar uma desaceleração do crescimento populacional, levando a uma inversão da pirâmide etária resultando no estreitamento de sua base. Segundo a estimativa divulgada pelo instituto, a população brasileira continuará crescendo até 2047 e a partir daí começará a cair gradativamente, reduzindo de 233,2 milhões de pessoas em 2047, para 228,3 milhões em 2060, dos quais 58,2 milhões serão de pessoas com mais de 60 anos de idade, aproximadamente 25,5% do total da população, superando, portanto, um quarto da população. Atualmente essa relação corresponde a cerca de 10% da população brasileira.
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Figura1 https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock&utm_campaign=novo_popclock
Um estudo publicado em conjunto pelo Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp/EPM e pelo Centro de Estudos em Psicobiologia e Exercício (CEPE-CENESP) – Unifesp/EPM. Aponta benefícios significativos para a saúde física e psicológica de idosos com a prática de atividade física, vejamos:
Em um estudo do nosso grupo, 23 mulheres saudáveis entre 60 e 70 anos (64,3 ± 3,3 anos) foram submetidas a 60 minutos de caminhada, três vezes por semana; como atividade complementar, foram submetidas a exercícios de alongamento e flexibilidade. Após seis meses de treinamento, foram encontradas melhora na atenção, memória, agilidade e no padrão de humor em relação a um grupo de 17 mulheres sedentárias. Esses resultados sugerem que a participação em um programa de exercício aeróbio pode ser vista como uma alternativa não medicamentosa importante para a melhora cognitiva em idosas bem sucedidas(31). Ao contrário dos estudos aeróbios, estudos que associam exercícios resistidos aos possíveis efeitos nas funções cognitivas ainda são escassos(32,33). Em um dos poucos estudos a esse respeito, foi observado que oito semanas de exercício resistido em 46 voluntários idosos promoveu melhora no bem-estar psicológico e no funcionamento cognitivo(34), sugerindo que novos estudos se fazem necessários com o objetivo de entender melhor essa relação entre exercício físico resistido e função cognitiva, pois é reconhecido que esse tipo de exercício promove outras adaptações importantes para essa faixa etária, como atenuar a perda de força, massa muscular e densidade mineral óssea. (ANTUNES; SANTOS; CASSILHAS; SANTOS; BUENO; MELLO, 2005).[1]
Diante da projeção do estudo fica evidente a necessidade de políticas públicas que visem priorizar espaços públicos adequados à pratica da atividade física para à pessoa idosa. Desse modo, o Estado, caso venha à incentivar à pratica de atividade física e investir no âmbito da medicina preventiva, terá uma economia significativa nos gastos em saúde pública, com tratamento, internação e cirurgia para idosos, posto possibilitar aos idosos a oportunidade de envelhecer com mais qualidade, não só no âmbito físico, mais também socioemocional.
O crescente envelhecimento da população brasileira demanda um cuidado especial no planejamento de espaços públicos, de modo a permitir que haja uma maior interação do público idoso com o espaço e entre os indivíduos. Tais espaços precisam ser pensados para atender ao público em geral, mas sem excluir os que possuem limitações naturalmente impostas pele idade avançada. É possível verificar que atualmente as pessoas estão mais ativas após os 60 anos de idade, trazendo possibilidades de planejamento de praças, parques, orlas, avenidas, e tantos outros, que permitam a prática de atividade física e a interação social. As praças e parques, por exemplo, são ótimos para materialização de tais atividades e convivências. Espaços para caminhadas, aulas de alongamento ou mesmo aulas de dança, são exemplos de atividade muito positivas que desenvolvem flexibilidade e melhoram a condição cardiovascular dos seus praticantes, sendo de fácil realização e com baixos riscos de lesões, bem como estimulam e provocam no praticante um olhar mais proativo e positivo acerca de si mesmo. Pode-se, ainda propor, espaços para a prática de jogos de tabuleiro, ou mesmo, locais que permitam uma leitura agradável, pois exercitar a mente, também, é fundamental para envelhecer de forma saudável.
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