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A Cidade da noite apavorante

Por:   •  23/8/2018  •  Resenha  •  479 Palavras (2 Páginas)  •  636 Visualizações

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Depois da divulgação pelo jornalista W. T. Stead de um panfleto intitulado “O grito amargo do lado oculto de Londres”, inicialmente publicado pelo pastor Andrew Mearns, as condições degradantes de parte da cidade de Londres tiveram maior importância, resultando na nomeação da Comissão Real para moradia das classes trabalhadoras em 1884.

Neste panfleto Mearns narra a péssima e até mesmo sub-humana situação que viviam as pessoas mais carentes, relato que, mais de uma centena de anos depois, se assemelha de alguma forma aos problemas atuais das parcelas mais pobres de grandes cidades mundiais. Cenários análogos de superlotação, altos aluguéis, trabalho infantil e patologias, onde as famílias se veem em um ciclo em que são incapazes de se mudar para outro local.

Um fator de agravamento era a mini-haussmannização (reforma urbana de Paris) pela qual Londres passava por volta de 1880. A partir daí foi assegurado o exercício de leis habitacionais, que permitiam ao Estado demolir áreas ocupadas por habitações inadequadas e realojar seus moradores.

Assim como autoridades brasileiras que cegam-se diante de problemas habitacionais, as autoridades Londrinas nada fizeram, e a Comissão Real sugeriu que as classes trabalhadoras deveriam mostrar interesse pela situação.

Nesse contexto de pobreza, um proprietário de barcos em Liverpool chamado Charles Booth promoveu o primeiro levantamento social moderno que classificava a camada pobre da sociedade. Segundo ele, aproximadamente 35 porcento da população era pobre, taxa que se aproxima aos dados atuais da ONU em que 40 porcento da população da África Subsaariana vive na extrema pobreza.

Depois de averiguado que o principal problema da época na cidade de Londres eram as deploráveis condições de habitação, em 1890 outra lei para a Moradia das Classes trabalhadoras fez o que a anterior não pôde realizar: reurbanizar grandes áreas para a construção de casas com cômodos.

O problema de moradias lotadas e pobreza não era exclusividade londrina. Em 1891, 14 porcento das pessoas eram pobres em Paris, cidade que também permitiu a construção de residências populares, mas onde apenas 10 mil haviam sido construídas até 1914 já que as prioridades financeiras estatais eram para obras de escolas e do metrô.

Berlim possuía uma população que quase dobrara em vinte anos. Teve seu crescimento acomodado em um tipo de urbanização projetada para promover a integração social, com ricos e pobres instalados nas mesmas “casernas de aluguel” de cinco pavimentos, onde os aluguéis eram altos, o que apenas provocou uma saturação populacional.

Assim como na Europa, os EUA, especialmente Nova Iorque, passava por situação parecida, agravada pelo aumento populacional devido a imigração, chegando a ser considerada como a maior cidade de imigrantes do mundo. A política habitacional emergiu como solução, segundo Peter Marcuse por três motivos: a melhoria da saúde pública, maior controle dos incêndios e assimilação dos imigrantes. Mas essas medidas, na opinião de Frederick Law Olmsted, pai da arquitetura paisagística, deveriam ser acompanhadas da melhoria no ambiente urbano, com criação de parques e ambientes de lazer.

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