A Evolução de Vitoria
Por: Bruna Medeiros • 3/10/2021 • Trabalho acadêmico • 2.332 Palavras (10 Páginas) • 112 Visualizações
ANÁLISE DA EVOLUÇÃO URBANA NA CIDADE DE VITÓRIA - ES
Bruna Medeiros Pinto¹, Fernanda Esteves Leirião¹, Luiz Felipe da Silva¹, Mayara Pissuti Albano Vieira²
1 – Discentes na Universidade do Oeste paulista – UNOESTE, Curso de Arquitetura e Urbanismo, disciplina de Planejamento Urbano I, Presidente Prudente – SP
2 – Arquiteta e Urbanista, Mestre, Doutora e Docente na Universidade do Oeste Paulista – UNOESTE, Curso de Arquitetura e Urbanismo, disciplina de Planejamento Urbano I, Presidente Prudente – SP
- INTRODUÇÃO
Segundo Harvey (2013) o espaço urbano pode ser definido como a materialização das relações sociais e dos valores de uso do passado e do presente, como um atributo do corpo humano, do conjunto de edifícios e dos automóveis. A estruturação das redes urbanas se dá a partir de um processo espacial de urbanização. Analisar o processo de urbanização das cidades médias como Vitória – ES compreende entender seu crescimento e suas políticas de planejamento e habitação.
A expressão intra-urbano, de acordo com Villaça (2001) se refere ao arranjo interno do espaço urbano. A análise do autor parte do processo geral da urbanização brasileira abordando o espaço como elemento regional ou nacional e uma estrutura espacial. A principal distinção ente os espaços regionais e o intra-urbano é dada pelo progresso do transporte e da comunicação. O deslocamento ocorre pela troca de informações e pela energia do capital, sendo a força de trabalho, o consumo e o deslocamento do ser humano o principal estruturador desse processo.
Entende-se que as áreas industriais e comerciais, bem como os centros urbanos, são as maiores atraentes do deslocamento por trabalhar o consumo e a mão de obra. As comunicações trazem um efeito de “encolha” pois aproxima os núcleos urbanos tanto quanto o transporte, não envolvendo o deslocamento do ser humano em si. No entanto, se reflete sobre a indevida generalização que os estudos regionais e nacionais pontuam sobre as diferentes regiões do país, tornando esses homogêneos e uniformes quando as questões deveriam ser completamente destintas (VILLAÇA, 2001).
A cidade de Vitória – ES representa um dos núcleos urbanos mais antigos do país, registrando sua história junto à invasão dos portugueses no Brasil. A capital do estado do Espírito Santo é uma das três no país cujo seu núcleo administrativo e a maior parte do município se estabelecem em uma ilha. A região conta com os dois portos mais importantes do Brasil, possuindo uma economia principalmente voltada para essas atividades portuárias além do comércio ativo, a indústria, sendo a Vale S.A (antiga Vale do Rio Doce) uma das mais importantes, o turismo e a prestação de serviços. O PIB per capita da cidade, segundo dados do IBGE (2014) era um dos maiores do país (IBGE, 2017).
A região litorânea, inicialmente foi a maior contribuinte para a consolidação da urbanização da cidade, algumas ocupações avançaram sobre o mar e posteriormente se intensificou nas encostas. O município teve um processo de industrialização tardio, o adensamento populacional e o maior registro de urbanização da cidade se deu entre os anos 1990 e 2000, atingindo todos os limites do município. Entretanto, o foco do dinamismo socioespacial se concentra na região Metropolitana da Grande Vitória. As atividades econômicas e a ocupação populacional passam a se estabilizar resultando num planejamento de melhoria na mobilidade urbana e na verticalização da cidade nessa região (PREFEITURA DE VITÓRIA, 2016).
De acordo com a análise intra-urbana, o processo de urbanização da cidade é evidenciado com a industrialização e a evolução das atividades dos portos que estimula a criação de novos centros e sub-centros em toda a cidade. Esse processo centralizador intensifica a segregação e a fragmentação urbana. Os sub-centros se configuram nos aglomerados periféricos.
A pesquisa busca compreender os conceitos dentro do processo de urbanização pontuados por Flavio Villaça, compreender a estruturação intra-urbana do caso do Município de Vitória – ES para o entendimento da configuração da malha urbana da cidade e assim fazer uma análise com revisão bibliográfica e documental apoiada em uma pesquisa qualitativa-quantitativa onde se interpreta as questões históricas, sociológicas e estatísticas.
2. PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE VITÓRIA – ES
As condições de urbanização da metrópole é consequência de um desenvolvimento de desorganizado das cidades, separado de um planejamento urbano eficaz e também complementado pela migração populacional do campo para a cidade, políticas públicas ineficientes, distribuição desigual de riqueza, entre outros fatores e pode ser caracterizado pelo surgimento de duas cidades distintas. A “cidade legal”, definida pela implementação de parcelamentos oficiais localizados, em geral, em áreas mais centrais, destinados à moradia das classes médias e altas; e a “cidade ilegal”, destinada à moradia das classes de baixa renda, caracterizada pela implantação de loteamentos ilegais ou irregulares nas zonas periféricas e pela formação de favelas em áreas das regiões mais centrais. (SILVA, 2000; MARICATO, 2001).
A cidade de Vitória, capital do estado do Espírito Santo, no Sudeste do Brasil teve seu trajeto de urbanização impulsionado pelo crescimento da navegação e da colonização portuguesa. (BITTENCOURT, 1987). [pic 1][pic 2]
Figuras 1 e 2 – Localização do Estado do Espírito Santo e do Município de Vitória. Fonte: Brasil Turismo, 2015.[pic 3]
Figura 3 – Mapa do Município de Vitória – ES com o maciço central e delimitação do Centro. Fonte: Vitruvius, 2018.
O sitio físico da ilha no final do século XIX, possuia limites geomorfológicos que atrapalhavam a urbanização, dessa forma com objetivo de estabelecer uma área compatível com à expansão da cidade o governo Muniz Freire, criou a Comissão de Melhoramento da Capital, atribuindo como responsável o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito. (MENDONÇA, 2000).
Neste período o projeto Novo Arrabalde indicava a expansão do território ocupável, emuma dimensão que poderia variar entre cinco e seis 78 vezes o tamanho do núcleo original, projetando-se para orla nordeste composta por manguezais. A ocupação urbana definida no projeto do Novo Arrabalde aconteceu sobre o terreno plano existente e aterrado considerando os elementos naturais. Entretanto, em função do pequeno de fluxo migratório da época, os objetivos do projeto não foram atingidos e zona nordeste só foi ocupada em 1960 (CAMPOS JR, 2002).
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