A Formação de Um Arquiteto Social e Ético
Por: Danilo FiorittiZiborbi • 16/5/2022 • Resenha • 1.451 Palavras (6 Páginas) • 116 Visualizações
O artigo: “A formação de um arquiteto social e ético: dilemas das universidades brasileiras” tem como base a pesquisa de pós-doutorado intitulada: “Formando profissionais reflexivos, criativos e colaborativos: o ensino de Arquitetura e Urbanismo no Brasil”, desenvolvido pelo Dr. Cláudio Lima Ferreira com a supervisão do Dr. Wilson Flórido.
O objetivo do texto é apresentar e discutir a formação social e ética do arquiteto no ensino de Arquitetura e Urbanismo no Brasil e ressalta a importância de questionarmos sobre qual profissional queremos para o futuro, pois, nos últimos anos, deu-se mudanças significativas para o ensino de Arquitetura e Urbanismo no Brasil influenciadas por vários fatores como as próprias resoluções do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, leis do Ministério da Educação e o próprio mercado de trabalho atual. Segundo o autor, esses fatores influenciam e direcionam a reorganização do ensino no país.
Para a abordagem do tema, o artigo apresenta apenas um panorama das reflexões. Para isso, o artigo está dividido em duas sessões.
Na primeira sessão intitulada: “O ensino superior no Brasil” são apresentados e discutidos os aspectos fundamentais do ensino superior no Brasil.
A segunda sessão intitulada: “O que esperamos do ensino de arquitetura e urbanismo no Brasil – UNESCO/UIA – Carta para a Educação dos Arquitetos” apresenta o debate sobre o que esperamos do ensino de arquitetura e urbanismo no Brasil.
- O ensino superior no Brasil.
Nessa primeira sessão, o autor inicia mencionando o lançamento do livro Homo Academicus por Pierre Bourdieu em 1984, onde, indiretamente, Pierre Bourdieu, foi responsável por abrir portas para o início de uma discussão sobre ser reflexivo, criativo e colaborativo após uma análise crítica feita ao campo acadêmico francês do ponto de vista do poder simbólico que possuí e da violência simbólica que exerce. Ainda sobre o livro, o autor afirma que a questão maior do mesmo é compreender que o mundo acadêmico que é um lugar da discussão, debate e diálogo, também é o lugar de poder.
Ha uma hierarquia de decisões dentro de instituições de Ensino tradicional capaz de paralisar a iniciativa de boas práticas pedagógicas. Essa hierarquia também pode priorizar profissionais sem questionar o habitus (estrutura) vigente. Entretanto, para o autor, muitos profissionais e futuros profissionais, este não é o ideal da vida, pois nós brasileiros, somos reflexivos, questionador e contestador.
Ele afirma também que é preciso uma reestruturação na forma de ensinar e de aprender a fim de possibilitar a formação de profissionais reflexivos, criativos e colaborativos para que tenham compromisso com desenvolvimento social e ético no país. Para ele, essa nova forma de aprender e ensinar, deve ser entendida como uma necessidade de mudança a curto e médio prazo e de forma positiva através dos discentes, docentes e principalmente gestores institucionais com a finalidade de retomar o verdadeiro objetivo da Universidade, a de universalização do conhecimento nas instituições de ensino superior.
Logo, é questionada sobre qual tipo de profissional queremos para o futuro com as seguintes reflexões: Qual a importância de formar profissionais com compromisso social e ético? Como ensinar Arquitetura e Urbanismo com o avanço da tecnologia comunicacional e informacional e qual a importância de formarmos profissionais reflexivos, criativos e colaborativos?
Nessa mesma linha de pensamento, o autor usou Luckesi et al. como parâmetro de reflexão para entendermos a verdadeira trama atual das universidades brasileiras a fim de construir a universidade que seja construtora de novos conhecimentos e deixa de ser uma reprodutora de informações, dando a ela, o papel de protagonista do repensar transformando o local onde cultiva-se reflexões e crítica sobre a realidade. Assim, todo o conhecimento válido seria firmado em bases científicas. Pois Luckesi et al, afirma que a universidade que não toma a sua tarefa de refletir sobre o momento em que ela vive atualmente, não pratica a sua essência. Ou seja, para ele a universidade é por excelência a razão concretizada e inteligência institucionalizada dando a ela a sua natureza de ser crítica.
Em seguida, o autor faz menção de um questionamento do Papa Francisco sobre a relação entre lucro e educação. O questionamento afirma que não existe a verdadeira promoção do bem-comum e o verdadeiro desenvolvimento do homem quando ignorado os cinco pilares fundamentais que sustentam uma nação, são eles: a vida; família; educação integral- que não pode ser submetida à uma simples transmissão de informação afim de gerar lucros; saúde; e segurança. Com esse questionamento o autor traz novamente uma série de questionamentos sobre: Qual é a educação que queremos? O que algumas Instituições de Ensino Superior, que visam prioritariamente o retorno de lucro, estão pensando do futuro da educação no país? Só queremos profissionais passivos trabalhando para gerar mais lucro para as corporações? A educação é um produto? Será que queremos construir conhecimento ou viver à sombra dos países mais desenvolvidos? Como estimular a pesquisa no nosso país?
O autor aponta também que um dos setores economicamente mais lucrativos é o da educação. Nesse sentido, ele reafirma a importância de o ensino superior não ser definido como a “empresa do saber” através de informações advindas das leis do mercado e sim refletir sobre o futuro do ensino superior no Brasil e a sua qualidade.
Por fim, o autor menciona Luckesi et al e Ferreira constatando que o conhecimento deve ser produzido a partir de uma realidade que vivemos, e não de critérios estereotipados por diferentes situações culturais. Mas, para tal realização, será necessário constante informação sobre a realidade como um todo para o docente a fim de proporcionar a ele proposições criativas, fontes de estudos e problemas, e reflexões concretas. Ocasionado ao professor um ser motivador do saber através do potencial de reflexão crítica dos alunos e seu desenvolvimento pessoal.
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