A Igreja da Memória
Por: Valentino10 • 12/12/2018 • Trabalho acadêmico • 1.968 Palavras (8 Páginas) • 185 Visualizações
Igreja da Memória
(Bruno Zevi)
[pic 2]
Docente: Jorge Nunes
Miarq1B
Índice:
História;
Forma e Espaço;
Caixa Mural;
Análise de Volume;
Sistema decorativo;
Conclusão;
Referências e bibliográficas
Introdução:
O trabalho que apresentemos, no âmbito da cadeira de Cultura da arquitetura e cidades, para o primeiro ano do Mestrado Integrado, de componentes investigativa e analítica em grupo, originou se com o efeito da interpretação de um edifício na área metropolitana de Lisboa. Com preferências e chegando a um consenso escolhemos a Igreja da Memória, da qual daremos a conhecer a sua história, numa fase inicial, e a posterior uma interpretaremos da sua forma e espaço, históricos e também atendendo à conceitos de Bruno Zevi
A Igreja da memoria localiza-se na freguesia da Ajuda, na Calçada da Memória, no centro do Largo da Memória, número 18, Lisboa.
O edifício mostra uma arquitetura do período barroco, construída em tijolo cozido, como homenagem à Dom José I, cujo atentado sofrido por ele foi o motivo da construção da igreja.
Desenvolver-se-á no seguinte trabalho a abordagem da “caixa mural” – expressão de Bruno Zevi usada para definir às parede dentro do edifício; do volume que o templo tem forma e que ocupa; e da decoração do interior da Igreja.
História[pic 3]
A Igreja da Memória, também conhecida como Igreja Nossa Senhora do Livramento e de São José, teve a sua construção influenciada pelo atentado que Dom José sofreu em 1758, da qual saiu ileso. As obras viriam a iniciar 2 anos depois do sucedido.
A gratidão que o monarca recebeu deveu-se à chance de Marquês de Pombal - na altura ja detinha poder absoluto – de livrar se dos seus inimigos, os Távora. Sendo que, em 1759, estes viriam a ser torturados e executados, cujo acontecimento é celebrado por um pilar no Beco do Chão Salgado, junto à Rua de Belém.[pic 4]
O templo da memória começou com o projeto da autoria do célebre italiano Giovanni Carlo Galli de Bibiena (1717-1760), arquiteto e cenógrafo, com mais obras em Portugal, como por exemplo o Teatro da Ajuda, que veio a ser conluída pelo arquiteto Mateus Vicente de Oliveira (1707-1786).
O edifício, do período barroco, porém com características neoclássicas, impondo-se por linhas equilibradas e harmoniosas. O seu exterior é composto por janelas, um portal simples, uma torre sineira; e o seu interior por uma nave central, transepto pouco saliente, um arco do cruzeiro circular, capelas laterais estreitas, tribunas, mármores lavrados e uma capela-mor simples com um painel pintado - por Pedro Alexadre de Carvalho – revestido em talhas douradas, que assumem características nacionais e que representam riqueza dos programas decorativos e sobriedade.
A fachada principal da igreja é marcada por um frontão triangular, uma janela de medidas aproximadas do portal, um cimácio esculpido e uma cruz de remate. As fachadas laterais, que são iguais (porque o edifício é simétrico), é recuado na sua parte superior, dando origem a uma varanda; como resultado da troca de arquitetos do projeto, houve um resultado de diferentes ordens arquitetónicas, sendo pilares de ordem toscana no piso inferior e coríntia no piso superior, levando-nos à modelos clássicos.
Bruno Zevi depende que o espaço interior - que é o protagonista do fato arquitetônico - deve ser conhecido e vivido por experiência direta, isto é, é preciso vê-lo para compreender os edifícios e, a Igreja tem um interior com uma decoração simples e sóbria o que nos leva ao espaço de santidade que é a Igreja.[pic 5]
A Caixa mural é uma designação de Zevi às paredes do interior, podendo classificá-las esculpidas, visto que as portas são encolvidas por vértices encurvados tal como as janelas e as tribunas, que também tem as talhas douradas.
Os pilares que enchem as paredes são da ordem coríntia, que tem os socalcos com aproximadamente 2 metros de altura, a base sem detalhes, e o fuste com o formato de um paralelepípedo com saliências nas faces visíveis, uma cruz à mais ou menos 3 metros do chão e os capitéis, que são a referência da ordem dos pilares. A união das arquitraves da nave central, do transepto e da capela-mor dão origem aos quatro pendentes da cúpula. O tambor da cúpula é rodeado por janelas envolvidas por um arco carpanel e acima disso estão os óculos (janelas circulares). No topo da cúpula, a linterna é composta por uma cruz de remate em cima de uma esfera.
Análise de Volume
Visto de cima, o edifício detém a forma de um quadrado com um quadrado acrescido ( ¼ do maior) na fachada frontal e outro na traseira; o piso superior tem o formato de uma cruz com a circunferência da cúpula inserida no centro do cruzamento.[pic 6]
Para Bruno Zevi, num edifício as fachadas por mais belas que sejam, são apenas capas, não podendo qualificar a arquitetura, porque o verdadeiro conteúdo encontra-se dentro da caixa; porém, mesmo sem ser dada muita importância ao invólucro, ao fazer-se uma análise da planta, há um grande impacto que a cruz formada no piso superior cria, juntamente aos detalhes envolventes.
O edifício em si, em termos históricos, representa o cosmos dentro dos limites do homem, isto é, o infinito dentro da perfeição, afluindo assim em termos religiosos simultaneamente. E sendo que o valor esquecido da volumetria e da espacialidade dos edifícios foi trazida de volta pela arquitetura moderna, suscitou a negação da importância decorativa, daí a simplicidade da era barroca, consequentemente da Igreja da Memória.
Sistema decorativo
Interior
Retomando as palavras de Bruno Zevi, “La arquitectura bella será aquella que tiene un espacio interno que nos atrae, nos eleva, nos subyuga espiritualmente”. Para ele, o espaço interno é a joia mais preciosa.
Agora, falando em termos espaciais, o pórtico pode ser considerado como o primeiro espaço interno da igreja. Quando as portas da igreja estão abertas, uma parte da caixa mural deste espaço tem como limite o espaço aberto, ou seja, a praça de entrada. Uma vez tido cruzado a porta principal da igreja e estando agora no pórtico, o espaço continua a abrir-se depois de cruzar-se qualquer das dois portas laterais que se encontram nele.
Mais tarde, quando o pórtico é deixado para trás, a parte curva das “esquinas” da caixa mural faz com que o nosso trajeto continue em direção ao centro da nave. É nesse momento depois de ter atravessado o pórtico, quando o espaço se abre. A luz que atravessa a grande quantidade de janelas que a igreja possui, juntamente com a limpeza do interior da igreja (uma vez que não há colunas que interrompem o espaço) gera uma sensação de amplitude.
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