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A megalópole e a praça: o espaço entre a razão de dominação e ação comunicativa

Por:   •  28/8/2017  •  Resenha  •  3.099 Palavras (13 Páginas)  •  373 Visualizações

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A megalópole e a praça:

o espaço entre a razão de dominação e ação comunicativa

Segundo o autor da tese, a praça é a definição mais rápida de um espaço intra urbano, localizada em qualquer que seja o tipo de bairro, ela tem essa função central de dinamismo mesmo que de forma estática. Cita algumas praças de diferentes áreas do rio de janeiro, áreas ricas e pobres, para provar que a praça pode ser um dos elementos que identifica nao apenas o bairro, mas uma área mais ampla no quesito da cidade.

As megalópoles e outras cidades menores que estão dentro dela guardam em si mesmas o simples fato de que todas suas praças  estarem posicionadas em áreas centrais das suas próprias cidades, posicionadas em lugares que ja são mais antigos, que se transformaram e foram modificados a partir do tempo, esses lugares caracterizam a praça e a própria praça deixa-os marcas.

A partir de exemplos de algumas praças, ele nos mostra tal importância independentemente do que deu origem a essas praças, a sua essência ou ponto forte de criação pode ter sido transformado ou retirado do local, mas a praça mantém a importância do local que se diz respeito, como por exemplo quando uma igreja que deu origem a uma praça é demolida, mas a praça mantém a essência e o mesmo caráter religioso que carregava. Ou também no deslocamento de sedes para outros lugares, deixando os espaços públicos que lhe faziam parte, mas mesmo assim mantendo a inércia e importância da espacialidade dos espaços públicos e áreas centrais, como marcos de uma epoca da cidade, sendo ela colonial ou imperial.

Esse fenômeno nao depende o tamanho da praça/espaço publico que se trata ou da quantidade de pessoas que o espaço reunia, mas sim da consolidação e da memória do respectivo. Exemplos citados como praças em áreas centrais de Guaratinguetá, a Praça Conselheiro Rodrigues Alves, de Campinas a Praça Visconde de Indaiatuba, de Mogi das Cruzes ou mesmo de Barão Geraldo - Campinas, em que todas elas foram destruídas as igrejas que deram lhe originaram, mas continuaram extremamente movimentadas, por conta também da importância do lugar e sua localização.“Bons” desenhos em “maus” lugares

Os desenhos e formas de uma área podem ser mesmo que pouco expressivos nao impedindo uma forte apropriação das praças, se, localizadas em lugares interligados a vida urbana que proporcionaram a vida publica. O contrario também pode acontecer, mesmo com desenhos formas e paisagismo de arquitetos muito competentes, essas praças podem nao ser boa, simplesmente pelo uso da população situadas em lugares impróprios para esse fim, lugares esses que enfraquecem o potencial dessas áreas para encontros, mesmo criando vazios e contornos legais, nao chegam a serem realmente praças.

Essa questão aparece bastante nas grandes e medias cidades, onde a forma do espaço viário e as relações sociais se enfraquecem tomando conta de tudo que é envoltório. No caso dos viadutos, linhas férreas e vias de grande fluxo, que quebram e subdividem áreas, rompendo a questão da criação dos espaços livres de encontro, praças.

Mesmo sendo projetos de importantes paisagistas, ha de acontecer e são capazes de gerar vida de praça em lugares impróprios para tal, como um exemplo da tese, a Praça Rodrigues Alves de Abreu, que foi construída sobre a linha do metro norte-sul, junto a estação Paraíso em Sao Paulo, lugares formados por grande movimentação de transportes vários, que cruzam diferentes áreas mas que nao funcionam como tal. Mas também espaços como a saída da Estação Paraíso, que conta com uma grande área para abrigo e parada de ônibus, um espaço onde nao param veículos, chamada de praça, o projeto de Burle Marx tinha como ideia principal um desenho totalmente elaborado sintonizado com a forma das áreas e vegetações, mas que devido à predominância dos espaços de circulação de veículos, e da intensidade de fluxos, cria-se micro-ambiente bastante inóspito à permanência do pedestre. A praça acaba não passando de área de passagem e espera de ônibus.

O programa Rio cidade da prefeitura da cidade proporcionou intervenções através de um concurso para criação de alguns espaços livres públicos do centro e sub-centros da cidade, que após a seleção entre vários escritórios participantes do concurso, ficou decidido que o projeto vencedor iria para o bairro de Madureira na Zona Norte do Rio de Janeiro. Um projeto feito em 1996, localizado numa área mais aberta, abrangendo também um conjunto de quadras. A praça seria a única da região, então o projeto definia para abrigar equipamentos que estimulassem o bem estar e a convivência da população.

No projeto, a área de estacionamento, seria dividida em dois níveis, tendo capacidade para duzentos veículos. A parte sob o viaduto destinada ao convívio se integra enquanto linguagem, sociabilidade e  acessibilidade a área livre mais ampla. O piso é cimentado, vez por outra é ornamentado por faixa em mosaico português vermelho. Este padrão de desenho identifica toda a área de intervenção do Programa Rio-Cidade em Madureira.

No Programa, o autor nota que foi ao mesmo tempo interessante e lamentável observar como a maioria das soluções mais baratas dos projetos foram as dos bairros mais pobres e mais distantes do centro, e a maioria das soluções mais caras e projetualmente mais elaboradas ficaram para os bairros da rica Zona Sul carioca. É como se os menos favorecidos não merecessem os mesmos materiais das calçadas das pessoas com mais condições, a mesma qualidade de materiais e de desenho do mobiliário urbano realizado para os espaços públicos dos ricos. Assim, de maneira geral, o Programa, de maneira preconceituosa, marca e reforça as desigualdades no direito à cidade, exatamente naquilo em que poderiam buscar uma igualdade social, na questão dos espaços públicos.

Seguindo o tema do cotidiano entre a alienação e a produção de razoes nao hegemônicas, o autor questiona a diferenciação do lugar e a manifestação do espaço cotidiano.Os marcos das grandes revoluções nao valeriam de nada, se estabelecesse, nos lugares, uma mudança na vida cotidiana. Ainda na questão do cotidiano se entrelaçam a alienação e a percepção do mundo, onde no dia a dia das pessoas algumas atitudes são apenas feitas e outras propiciam a reflexão. Entre a questão do lugar e a relação que os caracteriza no território, as ações nesses locais marcam os diferentes processos cotidianos das pessoas e mesmo das empresas e instituições. A diversidade é um marco do reconhecimento e da mudança, onde o cotidiano nas megacidades abrangem um amplo arco de ações, de competição e violência, mas também as ações da solidariedade e de comunicação mas sempre marcados pelo individualismo.

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