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ALAGOAS IATE CLUBE: DO ESQUECIMENTO A MARCO

Por:   •  26/1/2018  •  Artigo  •  3.394 Palavras (14 Páginas)  •  294 Visualizações

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ALAGOAS IATE CLUBE:  DO ESQUECIMENTO A MARCO

Antonyone dos Santos Pereira

Disciplina de Projeto Regional e Urbano 2 Docente: Msc. Flávia Araújo

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo;

Universidade Federal de Alagoas, Brasil.

RESUMO

No momento atual constata-se que é necessário analisar como o poder público está atuando na elaboração de projetos fiscalizando se existe a participação da população de maneira a garantir o interesse coletivo e observando os fenômenos culturais existentes na cidade, com isso se faz necessário a harmonização diante da diversidade do espaço urbano.

O caso do Alagoas Iate Clube é um dos muitos patrimônios edificados da cidade de Maceió no qual encontra-se em estado de abandono, a edificação com imponente plasticidade acabou incorporando a paisagem do bairro da Ponta Verde, sua arquitetura acabou tendo uma significação cultural para a população. Desse modo ao tratar da implantação de um projeto sem que exista um real debate a cerca do tema e sem a participação popular acarreta sérios danos, pois a cidade não é feita para determinadas classes e sim para todos os cidadãos, de maneira que todos detêm do direito a usufruir do que a cidade pode oferecer.

 Sendo assim verifica-se a necessidade que o arquiteto e urbanista tenha a capacidade de analisar os papéis e compreender o espaço e sua totalidade, analisando que a cidade não pode ser compreendida sem as relações sociais existentes,  além do mais reforçando a ideia de para a formação de um presente o passado se fez necessário e com ele estão acarretadas lembranças, histórias nas quais são elas que junto a população dão vivacidade ao lugar.

Palavras-Chave: Alagoas Iate Clube, Debate, População.

INTRODUÇÃO

Através de pesquisas realizadas ao decorrer do trabalho em questão, teve-se acesso a pesquisas, notícias e opiniões de diversos interessados no estado atual do antigo Alagoas Iate Clube, que localiza-se no encontro entre os bairros de Ponta Verde e a Jatiúca, na cidade de Maceió. O Clube, batizado carinhosamente como Alagoinha está hoje em ruínas, e em total descaso, por polêmicas políticas, ambientais e possivelmente pessoais; e as tentativas de definir um destino para a obra não apresentam sucesso.  Segundo Nery (2002) a edificação criada em 1963 foi palco de diversos eventos culturais, competições esportivas e concursos de dança e atualmente encontra-se em estado de ruínas, palco de tráfico de drogas e prostituição. Isto acontece pois o lote foi desapropriado em 2005, e desde então, o que antes era um dos mais belos cartões postais de nossa cidade, passa a ser um problema público.
          Em 2011 foi aprovada, sem a consciência ou questionamento da população, a construção de um novo marco referencial no local do antigo Alagoinhas. O projeto é de autoria de Marcos Vieira e Ovídio Pascual tem formato de uma vela metálica e não tem nenhuma semelhança ao que antes podíamos admirar na paisagem de nossa orla. O Alagoas Iate Clube foi o marco do início do modernismo em nosso estado, e apesar de sua situação atual, atrai a atenção de todos que passam pelo local. Ao contrário do que já pode ser considerado senso comum, o novo nem sempre tem a acrescentar. A cultura da supervalorização do novo trás consigo o descaso por monumentos históricos que durante décadas fizeram parte da paisagem e história Alagoana. 

O intuito da pesquisa foi ampliar o conhecimento sobre a edificação, considerar e concluir para quem iria atender esse marco referencial de maneira que a população esta deslocada na construção desse projeto destacando a sua importância histórica, social e cultural; e pela riqueza que a edificação outrora trouxe à paisagem da orla Alagoana.

1.0 ESTATUTO DA CIDADE

Após acompanhar o vídeo de Raquel Rolnik, constata-se que o país foi um dos países que mais se urbanizou em todo o mundo, mas seu processo de urbanização se originou de forma desigual, proporcionando assim exclusão social, marginalização. Tais aspectos mencionados se agravou em meados do século XX, quando obteve a expansão das grandes e densas cidades que formaram as regiões metropolitanas, como consequência dessa expansão a população pobre acabou sofrendo com  esses impactos,  a exemplo disso foi a expulsão  das  áreas centrais e se relocando para locais desprovidos de infra estrutura.

No período da ditadura militar (1964-1985) adotou-se uma diretriz nacionalista, desenvolvimentista e de oposição ao comunismo. Durante essa época a ditadura realizou todo que foi possível para dar apoio à classe média afim de propiciar uma qualidade de vida urbana: com veículos, financiamentos, tendo como finalidade a compra de residências ou apartamentos, aumentando, assim, o consumismo da classe média.

Todavia, os menos favorecidos eram deixados à mercê dessa realidade. Porém, em meados dos anos 70 e 90 os “restos irrelevantes” - como Raquel Rolnki coloca - começaram a se posicionar diante da realidade, mostrando que eles também são seres humanos e que precisam exigir os seus direitos, inclusive “Direito à Cidade”, onde esse direito foi essencial para lutar contra a ditadura onde tinha como pensamento atribuir avanços na democracia.               Observa-se assim que com essa aceleração no processo de urbanização começam a surgir os problemas como: retenção especulativa de terrenos, adensamento, verticalização sem precedentes, poluição da água, solo, ar, dentre outros.

Segundo Rolnik (2014) a distribuição dos benefícios decorrentes do processo de urbanização é notoriamente injusta e resultante de décadas de descaso, de incompreensão, de preconceito, e de atuação privilegiada voltada apenas para alguns setores da cidade. Percebe-se que o  quadro urbano atual se constitui em um dos maiores desafios neste século. Atuações sucessivas, porém pontuais, foram comprovadamente insuficientes para diminuir ou resolver as questões mais agudas da maioria da população brasileira.

 Mas com a Constituição de 1988 , segundo a Cartilha do Estatuto da Cidade, a cidade começa a ser observada considerando-a como uma organização viva, dinâmica com suas diversidades em cada parte e contendo permanente interação. Pela primeira vez, a cidade foi tratada na Constituição Federal, que nasceu com o intuito de assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social. Com a  Lei n° 10.257 de 10 de julho de 2001 — Estatuto da Cidade — vem regulamentar os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988, que conformam o capitulo relativo à Política Urbana,segundo o Instituto Pólis (2005).[1]

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