ANALISE URBANA, ESPACIAL E AMBIENTAL DO BAIRRO DANIEL EM SANTANA NO AMAPÁ.
Por: Tayná Ribeiro • 20/10/2017 • Artigo • 4.064 Palavras (17 Páginas) • 478 Visualizações
ANALISE URBANA, ESPACIAL E AMBIENTAL DO BAIRRO DANIEL EM SANTANA NO AMAPÁ.
Gabriel Viana de Sousa[1]
Mary Gomes Barbosa Costa[2]
Tayná Ribeiro Sobrinho[3]
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo conhecer acerca do surgimento do bairro Daniel, localizado no Município de Santana no Estado do Amapá, bem como sua história e características. Buscando um maior entendimento da relação dos moradores do bairro Daniel com a multinacional ICOMI, com a Reserva Ambiental REVECON, com o Rio Amazonas e com a Capitania dos Portos. Além da forma de subsistência dessa comunidade. Os ganhos e perdas no processo de apropriação e desapropriação dessa terra.
A pesquisa de deu através de entrevistas junto aos moradores do bairro, bem como dados coletados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, pois não há nenhum documento escrito especificamente sobre a história do bairro Daniel. A pesquisa apontou que apesar do altíssimo investimento feito nos arredores, da área que pertence a ICOMI, e da implantação do Plano diretor do município de Santana, ainda existem vários e alguns graves problemas socioespaciais que afetam diretamente a população local.
Palavras-chave: bairro, urbano, ambiental e ICOMI.
1 - INTRODUÇÃO
A motivação inicial da escolha do bairro Daniel, para esse estudo a priori se deu em virtude da curiosidade de conhecer a história de um lugar tão bucólico, tão carente e esquecido pelo poder público, estando ele ao lado de uma das maiores referências de planejamento urbano e arquitetônico do Brasil. Projetada pelo renomado arquiteto Oswald Arthur Bratke que é a Vila Amazonas, uma das duas Company Towns, planejadas para atender os funcionários da ICOMI, empresa de extração de minérios instalada no Estado do Amapá na década de 1950.
Com anúncio do começo das obras de construção da Vila houve um expressivo aumento populacional e, por conseguinte, maior pressão sobre a precária infraestrutura urbana. O processo de urbanização vivenciado em Santana e Serra do Navio acaba sendo reflexo do que estava ocorrendo no cenário nacional, diferindo na escala local pela rapidez com que ocorre.
Por muitos anos essas vilas tanto da Serra do Navio, quanto a Vila Amazonas, eram cidades “fechadas”, o que marcou profundamente aqueles que viveram as suas margens, pois foram claramente deixados à margem do desenvolvimento, segregados por um muro invisível. Segundo, relatos dos moradores do bairro Daniel, eles não podiam de forma alguma ter acesso a qualquer espaço de lazer que estava em seus “quintais”, já que a área destinada ao lazer dos trabalhadores da primária estava localizada, no bairro Daniel, na época mais conhecido como Vila Piscina em virtude de ter ali, as margens do Rio Amazonas uma das piscinas da ICOMI.
No ano de 1992, essas vilas foram agregadas aos municípios onde estão localizadas, o que fez com que essa diferença diminuísse um pouco, já que a mantenedora das Vilas não iria mais investir e a população também não assumiu o compromisso de manter nem mesmo suas casas. A partir desse processo de municipalização, os espaços públicos sofreram mudanças no que tange ao uso e as condições de manutenção, o que antes era tido como privado passa a ser efetivamente público.
Não bastando isso, a Marinha do Brasil, veio instalar uma Capitania dos Portos e uma Vila Naval no outro extremo do Bairro, fechando o porto onde muitos pescadores e moradores de ilhas vizinhas chegavam ao bairro, além de um forte comercio que havia naquele local. Este trabalho versará especificamente sobre esse lugar chamado hoje de Bairro Daniel, mais conhecido por muitos ainda como, Vila Piscina, e suas marcas, seus sonhos e sua história.
2 – EVOLUÇÃO E ORIGEM DO BAIRRO
Santana é o segundo maior município do Estado do Amapá, segundo o IBGE cidades sua população (figura 01) em 2016 era de 113.854, a área territorial é de 1542.201km2 . A densidade demográfica é 64.11/Km2. É a cidade portuária do estado do Amapá, e é um grande elo para o desenvolvimento econômico do estado ligando a capital a outros municípios como Mazagão e Laranjal do Jari.
Figura 01: Mapa do Amapá com destaque para Santana[pic 1]
Fonte: Brito, 2013.
Não existem registros históricos da origem do bairro, então a pesquisa se deu através de entrevista aos moradores, os antigos e outros mais novos. O bairro Daniel foi formado inicialmente por pescadores, os primeiros moradores daquele bairro, o escolheram exatamente por está as margens do grande Rio Amazonas. Encontramos algumas famílias que estão na terceira geração de pescadores, como podemos encontrar no acervo pessoal de fotos de dona “Maria”, moradora do bairro desde que era Vila Piscina, ela foi lavadeira para muitas famílias da ICOMI.
Figura 02: Morador pescando no rio Amazonas[pic 2]
Fonte: Acervo Gomes, 1964.
Santana sempre foi o lugar aonde as ilhas vinham buscar seus mantimentos, e isso não mudou, ainda hoje o município serve de apoio para a alimentação, saúde e educação, não só para as famílias amapaenses, que moram na beira do rio, mas também para muitas ilhas do estado do Pará. O bairro Daniel, tinha seu porto com forte comercio varejista, estaleiro e matadouro as margens do rio Amazonas. O apoderamento da área se deve a duas situações que, segundo Silva (2006, p. 47), ressalta que:
A ocupação desta área, ou seja, as margens dos cursos d’água na Amazônia, é um fato que vem acontecendo desde os primórdios das ocupações, são as preferidas para serem ocupadas devido às facilidades de deslocamento e sobrevivência.
O surgimento do espaço social provavelmente foi por invasão, às pessoas chegavam e ocupavam os terreiros daqueles que já estavam ali. Mas na década de 1950, isso ganha uma proporção maior com a implantação da ICOMI, já que mesmo surge acolhendo a mão de obra terceirizada que servia a empresa ICOMI e seus funcionários. Mas vale ressaltar que essa área não era da ICOMI, pois quando a mesma chega já haviam alguns pescadores região onde hoje é o bairro, pois além de ter a frente o rio Amazonas, há dois Igarapés próximo.
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