ARQUITETURA COMO CATALISADOR DE MUDANÇA SOCIAL – BOSQUE DE LA ESPERANZA, SOACHA, ALTOS DE CAZUCÁ
Por: Lia Souza • 12/9/2018 • Artigo • 2.486 Palavras (10 Páginas) • 322 Visualizações
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CURSO BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO
ARQUITETURA COMO CATALISADOR DE MUDANÇA SOCIAL –
BOSQUE DE LA ESPERANZA, SOACHA, ALTOS DE CAZUCÁ
MENEZES, Júlia Ferreira
SOUZA, Lia Vitória
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo correlacionar e analisar a arquitetura com a história da América Latina. A influência da arquitetura no bairro Cazucá, localizado na cidade de Soacha na Colômbia, é visível tanto na questão social quanto na parte econômica e política, e a solução está na identidade própria do local, através dela é que a comunidade muda seus hábitos. O centro Esportivo Bosque de la Esperanza foi o responsável por criar uma identificação da população com essa região, trazendo uma nova perspectiva para os jovens e crianças ao mostrar que existem outros caminhos a serem seguidos além do tráfico. Incluindo essas pessoas em uma realidade mais digna.
Palavras-chave: América Latina, Cazucá, Soacha, Colômbia, História, Arquitetura, Bosque de la Esperanza.
DESENVOLVIMENTO
1. Colômbia: Aspectos Gerais
A Colômbia é o quarto maior país da América do Sul em extensão, com uma área de 1.141.748km², dono de uma diversidade natural que abrange desde as áreas montanhosas dos Andes até as florestas da Amazônia Colombiana e a região de La Sierra, o ponto mais alto da Colômbia. Além das belezas naturais o país é conhecido também pela sua riqueza cultural muito grande, resultado da forte miscigenação de povos que ocorreu durante o processo de colonização do país, entre etnias indígenas, africanas e europeias.
Já do aspecto da organização político administrativa do país, este se configura da seguinte forma, 32 departamentos que se equiparam aos nossos estados, configuração do Brasil, e um Distrito Capital, Bogotá.
Assim como muitos países Latino Americanos a Colômbia cresceu de forma acelerada e em um curto período de tempo, tornando-se o segundo país mais populoso da América Latina, com cerca de 47 milhões de pessoas, porém não se desenvolveu no mesmo ritmo, surgindo assim diversas mazelas sociais.
Um país agroexportador, subordinado às relações de preços do comércio exterior, em que os produtos agrícolas possuem um valor muito baixo em relação aos produtos industrializados. Acarretando na desilusão com a vida no campo e a busca de novas oportunidades nas grandes cidades, o êxodo do campo para os grandes centros. Atualmente 75% dos colombianos estão concentrados em áreas urbanas.
A capital nacional, Bogotá, é a cidade mais populosa do país com aproximadamente 6,3 milhões de habitantes e uma densidade demográfica de 40,6 habitantes por KM². Esta concentração de pessoas resulta em centros inchados e com grandes problemas, de habitação, infraestrutura, mobilidade urbana e violência, sempre acompanhados da desigualdade social.
A instabilidade da sociedade colombiana é resultado principalmente da má distribuição de renda e do descaso dos governantes, o que permite o desenvolvimento de poderes paralelos. A partir da década de 70, a Colômbia tornou-se um dos maiores fornecedores mundiais de drogas e com isso ocorreu consequentemente o fortalecimento das máfias e facções. Durante muitos anos a história do país foi marcada pelas guerras entre grupos rivais disputando o controle do tráfico de drogas.
Vários governos realizaram campanhas de combate ao tráfico, apesar da diminuição este ainda está presente nas cidades colombianas de forma significativa, aliciando jovens e crianças desde muito cedo, causando medo e insegurança à população, impedindo o desenvolvimento deste país tão cheio de riquezas.
2. Soacha, Altos do Cazucá
Soacha é um município pertencente ao Departamento de Cundinamarca, vizinho da Capital Bogotá, fazendo fronteira a leste, a cidade é o lar de muitas famílias que trabalham em Bogotá. Com mais de 500 mil habitantes Soacha é conhecida como uma das “favelas” mais populosas de Bogotá.
Desde sempre a história do município teve episódios de violência, colocando os civis que vivem na área em risco, em virtude das disputas por poder entre o governo e as gangues responsáveis pelo tráfico de drogas.
O paradigma atual não é muito diferente, nas áreas marginais da cidade como a região dos Altos de Cazucá, o tráfico ainda tem forte atuação, devido a ausência do Estado a região fica sobre o domínio do poder paralelo. Soacha cresce cada dia mais, com a vinda de pessoas vítimas da pobreza e desemprego, entretanto cada vez menos os governantes se voltam para este local.
A situação é tão crítica que o município, um dos mais populosos da Colômbia, não possui necrotério e essa é apenas uma das muitas dificuldades que a população enfrenta. Nos grandes bolsões de pobreza das áreas periféricas a situação é muito mais crítica, completamente esquecidos e comandados pelo tráfico, em regiões como o Altos de Cazucá, o transporte público é praticamente inexistente, alguns ônibus circulam pela região somente uma ou duas vezes ao dia, com medo de serem assaltados. Muitos trabalhadores têm como única alternativa saírem de suas casas às 3h da manhã para conseguirem chegar a pé ao seu local de trabalho.
Estas áreas estão sob o controle de grupos armados que utilizam a região como corredores para o tráfico de drogas e armas até a Capital. Não é incomum que panfletos com toque de recolher sejam distribuídos pelos grupos que controlam a região. Segundo dados municipais existe apenas 1 policial para cada 4.000 mil habitantes, o que claramente é insuficiente para acabar com a insegurança e o domínio do tráfico.
De acordo com o DANE – Departamento Administrativo Nacional e de Estatística - “no município de Soacha, 6,9% das famílias disseram ter um membro que, por falta de dinheiro, não consome nenhuma das três refeições, um ou mais dias por semana. Além disso, 65,4% dos habitantes do município indicaram que sua renda é suficiente para cobrir o básico.”
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