As cidades especializadas do trabalho e do tempo livre
Por: Luhti • 22/1/2017 • Trabalho acadêmico • 1.449 Palavras (6 Páginas) • 476 Visualizações
UNESP – Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho”
Lucas Tioda Antonini
RA: 141031361
As cidades especializadas do trabalho e do tempo livre
História da Arquitetura III
Especialização dos tipos de cidade, uma própria ao trabalho e outra voltada ao lazer e a busca de um ambiente possivelmente mais natural.
Worker city: cidades providas de algumas infraestruturas como comércio, educação, etc., mas que controlam a forma de vida do trabalhador, cidades não espontâneas feitas por um investidor que molda a tipologia urbana apropriada ao seu interesse, o capital. Perda da noção natural de tempo e lazer.
Cidade-lazer: qualidade e a variedade aludem ao padrão de vida alto e o acesso a uma grande quantidade de tempo disponível. Não feitas para trabalhadores, mas para classes abastadas com períodos disponíveis para o veraneio. Uma espécie de espaço em que há um “estranhamento” pitoresco, um grande cenário que molda a um sensorial de tranquilidade e um contato mais direto com a natureza. Retomada de temas como o eclético, o pitoresco, o neoclássico – obstantes a realidade urbana da época – cidades artificiais, temáticas. Nascem a partir da vontade de estabelecer relação com as qualidades de uma natureza a ser contemplada (fontes termais, montanhas, praias, etc.).
Cidade trabalho
Iniciativa de particulares, como empresários. Contendo basicamente os edifícios de produção (as fábricas), as moradias e serviços, evitando da noção de questionamentos que pudessem ir contra esse sistema, mantendo o trabalhador com condições básicas em troca de sua permanência – permanecem isolados de influências externas, evitando qualquer forma de revolução. Tudo é administrado e planejado segundo os interesses privados. As cidades são locadas conforme as suas necessidades de produção, como fontes de matéria-prima, energia, etc. e sendo pensadas pela lógica do escoamento da produção. Não dependem de qualquer assentamento espontâneo e cidades pré-existentes. Tudo na cidade faz parte do capital fixo da empresa.
Suprem as carências do Estado, provendo de equipamentos complementares como creches, escolas, igreja, clube, etc. Impõem a forma comportamental dos citadinos através de um rígido código moral, regulando a noção de tempo e espaço, manipulando a consciência do indivíduo. Há repressão de atividades sindicais ou qualquer forma de organização operária, tudo para a obtenção de controle político, moldando ideologicamente a população trabalhadora, criando seres sem senso crítico ou consciência de revolução.
New Lanark, 1786 – exemplo de Worker City
Com os pensamentos da gestão de Robert Owen, tal localidade acaba sendo transformada, iniciando primariamente o pensamento de leis trabalhistas e de previdência. Reduz o número de horas de trabalho, assegura a provisão de equipamentos e serviços, construção de moradias para os operários, promove a escolarização e a proibição do trabalho infantil, etc. Sua gestão dura até 1825, e a localidade se converte em meta para os reformadores sociais, políticos e estudiosos na questão da combinação entre “paz social com o êxito econômico”. Associa em sua teoria os padrões de moral com a provisão de qualidade de vida. Implanta em 1815 em espaço adquirido por ele suas teorias na chamada de New Harmony, em Indiana, EUA, sendo o primeiro local com bibliotecas públicas gratuitas, escolas públicas para homens e mulheres, incentivo à pesquisa científica, etc.
Em Port Sunlight, 1888, em Liverpool, por W. H. Lever, com intuito de criar uma comunidade organizada. Baixa densidade populacional com 8 moradias por hectare, habitando edificações de alta qualidade construtiva, preocupadas com a higiene; projeto de diversos arquitetos; organizadas para garantir às pessoas espaço amplo para atividades e equipamentos coletivos. Sendo a primeira obra a preocupar-se com questões naturais ao sítio, atendo-se a estudos minuciosos do meio ambiente, ruas adaptadas à topografia, criação de sistemas de áreas verdes articulados entre os espaços públicos e privados – inspirou Howard (conjuntamente com o projeto da Bournville, de George Cadbury) na formulação de seu projeto das cidades jardim – e espaços de funções públicas. Entretanto torna-se uma cidade em que os habitantes passam a submeter-se ao paternalismo com intenção de regular o comportamento e controlar a cultura, impondo padrões a serem seguidos.
Bournville, 1789-95, por George Cadbury – exemplo primário de estrutura de uma cidade jardim. Casas em estilo By-laws, dispostas em grupos de 2 ou 4 unidades, com jardim privado; cidades com baixa densidade e ricas em espaços públicos. Cidades pensadas em regras e códigos cívicos de organização que constituíam importantes exemplos de prática urbanística que posteriormente sistematizariam a teoria de Howard nas Cidades Jardim.
Ebenezer Howard – “Garden Cities of Tomorrow” 1898 – cidades planejadas com índice populacional limitado e traçado urbano projetado com grandes eixos radiais e grandes áreas verdes. Materialização na cidade de Letchworth (1909), nas proximidades de Londres com projeto dos arquitetos Barry Parker e Raymond Unwin. Surge como alternativas ao caos da industrialização e superpopulação de grandes cidades como Londres e Liverpool – equilíbrio entre residência e produção. Proposta de reconciliação do homem urbano com a natureza.
Tipologia construtiva de casas que remetem ao campo, a um ambiente idílico e totalmente projetado, mostrando a questão de total fuga ao caos das grandes cidades.
Na França, primeiramente por iniciativa pública e posteriormente conjuntamente com a privada, há a construção de assentamentos projetados como exemplo a Mulhouse. Dotados de arquitetura com vínculos campestres de exemplos medievais de construção, compreendendo casas duplas e também apartamentos mistos com comércio e serviços.
Ville Menier, 1874, Emile Justin Menier, incorpora nas construções pensamentos higienistas, com diversos módulos de edificação.
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