Centro Cultural George Pompidou
Por: Jaqueline Reis • 29/10/2019 • Resenha • 1.829 Palavras (8 Páginas) • 259 Visualizações
Centro Cultural George Pompidou
Renzo Piano e Richard Rogers.
Localização: Paris, França
Ano de Construção: 1977
“Um edifício que não pretende ser um monumento mas uma festa, um grande brinquedo urbano.”, Renzo Piano. ¹
Em 1970 foi lançada uma competição de arquitetura baseada em um programa para construir um complexo cultural e artístico no centro histórico de Paris instaurado pelo presidente francês George Pompidou. Foi inserido em um momento de crise da arquitetura moderna, e apesar de bastante criticado por conservadores que repetiram o fenômeno que aconteceu com a Torre Eiffel, é um dos marcos do início da pós-modernidade das artes e um dos mais famosos prédios de arquitetura “high tech”.
O trabalho de construção começou em abril de 1972. No dia 2 de fevereiro de 1977, o Centro Pompidou é inaugurado. Está localizado no bairro de Beaubourg, é formado por junção do termo beau (bom) com bourg (mercado) formando um novo termo que corresponde a uma zona onde estavam instaladas numerosas profissões e corporações parisienses. Mas também era o lugar para todo o tipo de diversões, como teatros. Desde há muito tempo que o bairro tinha adquirido fama em termos literários e artísticos. Porém, esse lugar foi-se degradando, tendo este desgaste se acentuado no final da década de 20 e início dos anos 30. Esta circunstância precipitou a necessidade de demolição da zona, mais tarde escolhida para a implantação do Centro Pompidou. Entre 1933 e 1937 uma parte da zona foi demolida, dando origem a um parque de estacionamento, que se manteve até à decisão do Pompidou, em 1969.
Para efeito da construção do Centro, foi lançado um concurso internacional já apresentado cujo júri foi presidido por Jean Prouvé e que contava, entre outros personalidades, com os arquitetos Oscar Niemeyer e Philip Johnson. Curiosamente, Jean Prouvé foi dos precursores da utilização da prefabricação em termos de construção em massa e um daqueles que primeiro pretenderam usar elementos standard para efeitos da sua construção industrializada. A escolha do júri recaiu sobre uma amostra de 681 projetos concorrentes cujas propostas foram maioritariamente consideradas de um formalismo inquietante, adotando uma linguagem do tipo moderno internacional, com aspeto monumentalista e que ocupavam a totalidade do terreno proposto.
“Segundo as palavras do próprio Renzo Piano, no Centro Pompidou, aquilo que foi realizado é simplesmente um jogo com a tecnologia, não sendo a tecnologia. Trata-se de uma construção com fachada totalmente envidraçada, permitindo uma relação direta e franca com o exterior, como se aquando dentro do edifício, os visitantes tivessem uma janela ampla e total para poder ter um contacto visual com a envolvente exterior. Esta abordagem contraria o conceito mais clássico de museu, onde os edifícios assumem a sua opacidade e vivem essencialmente sobre o espaço interior, de exposição.” ² por Prof. Vítor Murtinho.
Ou seja, as intenções buscavam expor toda a infraestrutura do prédio, para que fosse vista e até identificada por seus visitantes, garantindo também a maximização do espaço interior, completamente livre e sem interrupções. O que deveria ficar entre paredes, fica amostra e bem escancarado, mostrando suas entranhas. A identificação da função dos componentes do edifício se dá através da utilização de cores específicas.
Como por exemplo, A estrutura e os maiores componentes de ventilação estão pintados em branco; estruturas de escadas e elevadores, em prateado; elementos de ventilação, em azul; instalações hidráulicas e de incêndio, em verde; elementos do sistema elétrico são amarelos e laranjas; e os elementos relacionados com a circulação pelo edifício estão pintados de vermelho. O principal deles é a escada externa da fachada oeste, pintada de vermelho nos seus planos inclinados inferiores, que possibilita uma surpreendente vista de Paris. A escavação do terreno através de configuração regularizada permitiu a definição de espaço conformado para a criação de uma praça, em estreita relação funcional com o edifício. Essa praça é usada para espetáculos de rua e é espaço de diversão, onde convergem diariamente inúmeros animadores e diferentes públicos, queiram ou não visitar o Centro, ajudando a perpetuar a vocação cultural do local.
Nos anos 60 do século XX apareceram as utopias tecnológicas (Metabolistas e Archigram), e nos anos 80, retorna uma confiança racionalista na tecnologia. Nas sociedades avançadas, a tecnologia é a ideologia universal, a “única saída”.
O modelo assume uma rejeição aos jogos formais decorativos e arbitrários, admite a vigência dos princípios básicos das vanguardas do início do século: tecnologia como fonte de inspiração, e busca resolver o máximo de questões com o mínimo de forma. Os arquitetos que aderiram a essa corrente conseguem gerar as aparências de suas obras a partir dos elementos da estrutura portante, das tubulações de infraestrutura, dos componentes da cobertura e dos equipamentos mecânicos para circulação.
Os arquitetos não apresentaram nenhuma preocupação mimética em relação à arquitetura do entorno, mas apostam numa linguagem muito contemporânea para a época, e preocupam-se mais com questões que se prendem com o modelo organizativo do edifício e a amplitude máxima dos espaços favorecendo eventuais modificações e adaptações.Esta obra reforçou o enriquecimento do patrimônio cultural, as facilidades de acesso de informação ao público e a difusão da criação moderna e contemporânea.
Esquematicamente, o edifício possui, no nível de entrada, os espaços mais relacionados com o acolhimento, designadamente espaço de café, boutique, entrada para a biblioteca e galeria de exposições.
Os dois pisos superiores estão reservados preferencialmente para biblioteca e centro de documentação. No caso da biblioteca pública de informação (Bpi) esta possui dois mil lugares e tem quatrocentas mil referências de informação compostas por livros, imagens e filmes, sendo um dos mais importantes centros de documentação de livre acesso franceses.
Os dois pisos seguintes são destinados a espaços de museu, um para coleções históricas e o outro para coleções contemporâneas. Por fim, no último andar temos espaço para galerias de exposição e o restaurante.
...