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Centro de Humanidades Departamento de História

Por:   •  21/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.025 Palavras (5 Páginas)  •  294 Visualizações

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Universidade Federal do Ceará

Centro de Humanidades

Departamento de História

Disciplina: História do Ceará II

Docente: Prof. Dr. Francisco José Pinheiro

Discente: Marcielly Silva Tavares – 386355

Exercício de análise de fonte.

O objetivo deste trabalho é fazer uma descrição e análise de um documento com o teor de auto de justificação. O escrito data o dia dois de abril do ano de 1760 e foi apresentado pelo sargento-mor Mathias Ferreira da Costa e seu objetivo é justificar a nomeação deste para o cargo de capitão-mor da Vila de Aracati, no lugar de José Rodrigues Pinto, que até então ocupava o cargo.

Pode-se dividir o documento em três partes distintas. A primeira delas contém uma breve e formal apresentação, em que é inserida a síntese daquilo que será exposto a seguir. Nela, João Batista da Costa Coelho, que é o escrivão da ouvidoria geral e quem redige o texto, apresenta as pessoas diretamente envolvidas nesse processo e menciona que lhe foi posta pelo ouvidor geral Vitorino Soares Barbosa, com o intuito de preparar "para efeito de dar suas testemunhas".

Na segunda parte, são apresentados os itens que procuram justificar a nomeação de Mathias Ferreira da Costa como capitão-mor de Aracati, apresentando as supostas qualidades e atributos dele para o cargo. No primeiro item, Mathias é descrito e é possível perceber que essa descrição tenta colocá-lo como alguém importante, que serviu ao rei nos postos que por ventura assumiu. Em seguida, há um esforço evidente em se afirmar que o justificante "sempre se tratou a lei da nobreza" e, portanto, nunca realizou trabalhos manuais, o que é justificado pelo status de desqualificação e desprestígio que esse tipo de ocupação representava para a sociedade – e principalmente para as elites – da época.

Ainda nesse mesmo item, é colocado que Mathias Ferreira da Costa possui cavalos e também foi capitão de cavalos em Aracati, além do posto de sargento-mor nessa mesma vila. A partir disso, é possível perceber que o fato do requerente ser militar é colocado como mais um de seus atributos e há, ainda, um esforço de colocá-lo como uma pessoa virtuosa.

No segundo item, é colocado que o então ouvidor da capitania, Manoel José de Faria, foi ordenado a construir uma vila e que, para tanto, ele poderia tomar a terra que fosse necessária. Para tanto, de acordo com o documento em questão, foi tomada meia légua de terra do justificante, Mathias Ferreira da Silva. Contudo, diferente do que era previsto, ele não recebeu remuneração alguma pela terra.

O terceiro item é extremamente curto e fala que Mathias possui muitos bens, não só bens móveis, como também escravos e os bens de raiz, que são os imóveis, além de outros. Percebe-se, mais uma vez, que a intenção é colocar o requerente como alguém de prestígio e poder.

No quarto item, nota-se que a preocupação é apresentar os motivos que justifiquem a saída do então capitão-mor de Aracati do cargo. É apontado, então que ele, diferentemente de Mathias, não é natural das terras em questão. Além disso, outra forma encontrada para desqualificar o então José Rodrigues Pinto foi apontá-lo como um sujeito que realiza trabalhos manuais – mais uma vez diferente do justificante, já que essa observação já fora feita no primeiro item. Também é colocado que o então capitão-mor não é nobre e é pouco respeitado, assim como não possui muitos bens. Ou seja, nos itens colocados, além de apresentar os seus supostos atributos, Mathias Ferreira da Silva busca demonstrar que o seu concorrente não os possui e que logo não é merecedor de ocupar o cargo que até então lhe pertence.

Feitas essas considerações, o documento envereda para a sua terceira e última parte: o depoimento das testemunhas, que tentarão legitimar o que foi dito por Mathias nos itens mencionados anteriormente.

O capitão Manoel Rodrigues da Silva é o primeiro a testemunhar. Ele é apresentado e confirma tudo o que foi dito por Mathias – quem diz conhecer há muitos anos – nos itens, afirmando ser verdade tudo o que tinha sido colocado nos itens. Inclusive, no terceiro item, que coloca Mathias como um homem possuidor de muitos bens, o capitão Manoel diz que "o dito justificante é homem mais afazendado que há nesta vila, tanto em bens de raiz, movilia e escravos (...)."

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