Ensaio Arquitetura Cidade e Sociedade
Por: Eduardaluuz • 25/10/2016 • Resenha • 1.562 Palavras (7 Páginas) • 541 Visualizações
Universidade Federal de Goiás
Regional Goiás
Mylena Martins Ribeiro
Arquitetura e suas questões
Trabalho apresentado no curso
de Graduação em Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal de Goiás
Orientadores: João Huguenin e José Rodolfo
Cidade de Goiás
2016
“Arquitetura é um estado de espírito e não uma profissão” (LE CORBUSIER). Assim inicio este ensaio, com a seguinte questão: o que é arquitetura? Creio que seja uma pergunta difícil de se obter uma única resposta. Quando ela nasceu? O que posso julgar como arquitetura? Quais são suas condições de existência? Para quem é feita? Como é usada? Qual o papel do arquiteto? Como é enquanto trabalho? Sobre essas perguntas existem várias respostas.
Discorrerei primeiramente sobre a importância do projeto na profissão. O projeto de arquitetura é o início de tudo, é o planejamento, a ideia, sendo assim é de suma importância. Porém, existem visões diferentes sobre o que é o projeto, ele seria também arquitetura? Penso que sim, mas há pessoas que discordam como o autor Vittorio Gregotti. Gregotti vê muita importância no projeto, sua grande complexidade e acredita que precisa ser feito com muita cautela, dividindo-o em etapas, para que tudo saia como deseja, porém, o autor acredita em uma distância entre o desejo e a satisfação, o que se planeja no projeto nem sempre se concretiza.
Com isso Gregotti acredita que o projeto ainda não é arquitetura, por que para ser arquitetura deve ser habitado, tudo é feito com essa função, a função de habitar. Mas, e as construções sem projetos, deixam de ser arquitetura? Muitas habitações no Brasil são construções autônomas, sem um planejamento arquitetônico. Projeto sem construção, construção sem projeto, difícil dizer. Em minha visão, tudo que é dotado de uma intensão, seja um projeto ou uma construção, é arquitetura.
“Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos” (ARTIGAS). A segunda questão a ser questionada neste ensaio é sobre o papel do arquiteto, qual o seu papel diante à profissão? O de alterador do espaço, de design, de transformador do mundo? Qual o papel do arquiteto? Ou melhor, o que é ser arquiteto? O arquiteto é tudo isso, é transformador, é reformista, design, parte da sociedade e moldante da mesma quando constrói.
Em primeiro lugar, creio que o arquiteto deve amar sua profissão, pois a arquitetura é voltada para a sociedade, então se não é feita com dedicação e vontade, de nada vale. João Filgueiras, o apelidado Lelé, em seu texto “ o que é ser arquiteto”, traz muitas visões do papel desse profissional. Como ele diz no texto, ser arquiteto não foi planejado e nem sempre é, às vezes a profissão surge como uma paixão em uma época da vida, mesmo não se acreditando que seria. Mas a vida o trouxe muitas oportunidades de crescimento e experiências e mesmo diante de muitas frustrações e problemas financeiros, Lelé não desistiu da arquitetura.
Arquitetura é isso, uma paixão, embora muitos acreditem apenas no dinheiro, constroem por construir, muitos também são apaixonados e colocam a profissão acima de todos os problemas. Por isso a pergunta, “o que é ser arquiteto? ”, o que é ser arquiteto diante de tantos problemas que o mundo enfrenta? Ainda hoje a arquitetura é voltada, em sua maioria, à elite, Lelé repudia isso.
Se o papel do arquiteto é servir a sociedade, o seu trabalho deve ser para todos. Ele precisa ser atuante, mover suas forças também para transformar realidades, isso não quer dizer que o salário não é importante, como todas, a arquitetura é uma profissão, mas ela precisa ser disponível a todos. Para isso o papel do arquiteto se faz muito importante, para além de belas construções e suas funcionalidades, é preciso entender como funciona a sociedade e quais são suas necessidades.
Outra questão da arquitetura são seus espaços. O livro “quando a rua vira casa”, traz uma abordagem muito interessante sobre o tema. O texto trata da rua como um lugar de grandes interações entre as pessoas, tudo está interligado, no bairro do Catumbi, na cidade do Rio de Janeiro, a rua é um objeto público e também de lazer. Porém, o que se vê muito hoje em dia, são criações de condomínios fechados, nos quais tudo é oferecido, sala de jogos, praças, academia, dentre outras coisas.
O que quer se criar são redomas, lugares sem integração. Acredito sim que muitas cidades grandes sofrem com problemas de violência, assaltos, por isso muitos querem de alguma forma se sentirem protegidos. A questão é que estes condomínios criam uma cidade dentro da própria cidade e isso gera problemas de integração dos espaços, das pessoas e das atividades.
Grandes empresas, que se preocupam com o lucro, tentam tirar populações de seus locais para construir grandes condomínios e “valorizar” o terreno. Isso faz com que muitos bairros percam sua identidade, que é criada por moradores que tem seus valores muito semelhantes e se conhecem bem. Assim oferecem lugares com “tudo”, mas vazios de laços. O que se vê nesses condomínios são pessoas que moram no mesmo espaço e não se conhecem, não possuem nenhum contato com seus vizinhos, claro que não se pode generalizar. Acredito que as propagandas atraem todos, a maioria quer ter lazer sem sair de sua casa, mas isso prejudica a relação entre a sociedade, pois mais vezes se conhece menos sobre as pessoas e menos interações se criam.
“Caixilhos, vasados, tubos, portas, tacos, um a um, transportados, encaixados, amarrados, adaptados, disfarçados. ” (FERRO, 2006, p. 83). A arquitetura, é claro, não se faz sozinha. O arquiteto cria o projeto, posteriormente outras pessoas irão executá-lo. A construção civil é um processo trabalhoso, são diversas pessoas trabalhando em conjunto para trazer para o real o que está expresso no papel através dos projetos arquitetônicos.
O texto “Arquitetura e trabalho livre”, do autor Sérgio Ferro, trata de como são as relações de trabalho na construção civil. Como diz o autor, são diversas pessoas executando suas funções em prol de um trabalho em conjunto. Pedreiros, ajudantes, engenheiros, estão ali para executar esses projetos. O problema está em como isso é feito ainda hoje no país. Pouco se investe em máquinas para as construções, muito se utiliza da mão-de-obra barata, tudo o que se consegue “sugar” desses trabalhadores, fazem para se obter mais lucro, com isso o trabalho é muito pesado e braçal.
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