Fichamento Autoconstrução: A Arquitetura Possíve
Por: Ricardo Flores • 11/4/2017 • Resenha • 823 Palavras (4 Páginas) • 634 Visualizações
Universidade Federal do ABC[pic 1]
Disciplina: Teoria do Planejamento Urbano e Ambiental.
Aluno: Ricardo Francisco Flores Possas
Fichamento 1
Autoconstrução, A Arquitetura Possível, MARICATO, Ermínia in A produção capitalista da casa(e da cidade) no Brasil Industrial. Editora Alfa-Omega, 2ª ed. São Paulo, 1982(p. 71 – 93).
Autor | Ermínia Maricato | |||
Argumento / | A autora analisa a produção da habitação e do assentamento popular no Brasil nas décadas | |||
temática | de 70 e 80 do Século XX. | |||
Síntese/ | ||||
conteúdos | No período estudado a autora define uma distinção importante entre os processos | |||
tradicionais de mutirão e ajuda mútua, reconhecidos como solidários, cooperativos e de base | ||||
rural, e a “autoconstrução” habitacional sob a égide de grande indústria oligopólica. Se no | ||||
campo, esses processos tenderam a desaparecer com a modernização, nas áreas | ||||
metropolitanas adquirem cada vez mais importância como modo de produção da habitação da | ||||
classe trabalhadora. | ||||
Maricato se dedica à explicar as causas estruturais desse fenômeno, com base na análise | ||||
do estágio de desenvolvimento do capitalismo em países dependentes, da articulação | ||||
necessária entre exploração da força de trabalho e acumulação de capital. O conceito de | ||||
autoconstrução proposto por ela designa o “processo de construção da casa (própria ou não)” | ||||
por seus moradores que podem ser auxiliados por parentes, amigos, vizinhos ou por | ||||
profissional remunerado (p. 74). Este processo se verificaria também na construção de igrejas, | ||||
escolas primárias, creches e centros comunitários, estendendo-se ainda para o espaço | ||||
urbano na forma de melhoria de ruas, calçadas, pontes, etc. | ||||
“A expansão do capitalismo se dá introduzindo relações novas no arcaico e reproduzindo | ||||
relações arcaicas no novo, um modo de compatibilizar a acumulação global, em que a | ||||
introdução de relações novas no arcaico libera força de trabalho que suporta a acumulação | ||||
industrial urbana e em que a reprodução de relações no novo preserva o potencial de | ||||
acumulação liberado exclusivamente para os fins de expansão do próprio novo” – citação de | ||||
Francisco de Oliveira. | ||||
Esta forma de produção habitacional ocorreria por falta de alternativa, correspondendo a | ||||
“trabalho não pago” ou “supertrabalho” e favoreceria a expansão capitalista uma vez que o | ||||
Estado ignora esta parcela da população pois estes não constituem demanda econômica. O | ||||
tratamento da casa e do equipamento urbano como mercadorias, o salário baixo e os | ||||
investimentos públicos ligados à dinamização econômica e à reprodução do capital estariam | ||||
na raiz do problema e viabilizariam o desvio do orçamento público para outras finalidades e | ||||
setores economicamente mais dinâmicos. A política do antigo Banco Nacional da Habitação | ||||
(BNH) é evocada como exemplo desses desvios, mostrando-se que os agentes intermediários | ||||
que recebem recursos do banco, retiram-se após produzir a habitação, e deixam a dívida e os | ||||
problemas da construção para o trabalhador que conseguiu se inserir no sistema. A maioria, | ||||
contudo, não consegue arcar com os custos dessa produção. | ||||
A autoconstrução surge então como alternativa ou a chamada “arquitetura possível”, | ||||
fomentando ainda o aparecimento das periferias urbanas, este último favorecido pela | ||||
intensificação do movimento campo-cidade. A casa autoconstruída é definida como um abrigo | ||||
de alto valor de uso que contém o necessário para acolher a família e leva muitos anos para | ||||
ser completada, o que impacta o seu estado de conservação. Como modo de produção, seria | ||||
caracterizada pela articulação rígida de seus componentes, como evidenciado por Sergio | ||||
Ferre, o que inviabilizaria qualquer manifestação inovadora no nível da técnica construtiva, | ||||
dos materiais de construção ou das soluções formais. Identifica-se a preferência pelo bloco de | ||||
concreto e pela laje pré-fabricada, devido ao seu baixo custo, mas as condições estritas do |
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investimento popular tampouco permitiriam voos criadores, impulsionando uma padronização. | ||
O lote seria ainda um fator determinante do resultado, especialmente quando localizado em | ||
loteamentos clandestinos. | ||
As ideias de marginalidade, espontaneidade, descontrole e desorganização que | ||
acompanharam durante algum tempo a abordagem das periferias das metrópoles dos países | ||
dependentes não se sustentam dentro de uma análise que não se prenda a visão empírica | ||
simplesmente, ou ao resultado formal do ambiente físico, mas que se refira aos fatores que | ||
intervêm e que determinam a produção desse espaço. | ||
Embora a análise se baseie em dados da Grande São Paulo, acredita-se que as | ||
conclusões desse estudo podem ser generalizadas para outras cidades, guardadas as | ||
especificidades vinculadas ao grau de industrialização. | ||
Percurso | A autora, através de argumentos lógicos expostos, evidencia que as condições | |
lógico e | habitacionais nas grandes cidades brasileiras não é senão resultado do modo pelo qual se dá | |
metodologia | o assentamento residencial da população rural que migra do campo para as cidades, | |
adotada | principalmente, como também o crescimento residencial relativo ao próprio crescimento | |
vegetativo. | ||
O levantamento feito pela EMPLASA e outros dados presentes no texto deixam claro a | ||
importância da autoconstrução quantitativamente, e que se isso ocorre é porque o Estado | ||
investe na reprodução da F.T., e nem os salários, progressivamente desvalorizados, cobrem | ||
os custos relativos a habitação urbana. | ||
Pontos | A queda do poder aquisitivo do trabalhador e a mão-de-obra farta(decorrente da migração | |
críticos | campo-cidade), além do tratamento do Estado destas mesmas questões tem por | |
evidenciados | consequência a “autoconstrução” habitacional, o “processo de construção da casa (própria ou | |
não)” por seus moradores que podem ser auxiliados por parentes, amigos, vizinhos ou por | ||
profissional remunerado. | ||
O Estado, que até mesmo quando não ignora esta parcela da população pois estes não | ||
constituem demanda econômica tratam a casa e o equipamento urbano como mercadorias, o | ||
salário baixo e os investimentos públicos ligados à dinamização econômica e à reprodução do | ||
capital estariam na raiz do problema e viabilizariam o desvio do orçamento público para outras | ||
finalidades e setores economicamente mais dinâmicos. | ||
Autores | Francisco de Oliveira | |
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