FICHAMENTO LIVRO: “ARQUITETURA E POLITICA”
Por: Lara Colares • 7/5/2017 • Trabalho acadêmico • 1.582 Palavras (7 Páginas) • 1.243 Visualizações
FICHAMENTO LIVRO: “ARQUITETURA E POLITICA”
As Formas de Poder
A relação entre a arquitetura moderna e o poder sempre existiu, sempre cercada de tradições, fatos e pessoas fundamentais para a construção dos conceitos que até hoje estão presentes na sociedade. Entretanto, ao longo dos anos, essa relação sofreu transformações, principalmente entre os séculos XVII e XIX, período em que foram criadas novas instituições para consolidação da política, edifícios ligados á cultura, produção, administração, controle e cura para uso de toda a sociedade. Os edifícios deixaram de ser luxuosos palácios e catedrais, representantes de poder dominante e vitalício, para poucos. Essa transformação propunha edifícios de um novo modelo de poder, mais próximo dos cidadãos, que administrava, legislava, controlava e distribuía. As tarefas de construção foram delegadas aos engenheiros e arquitetos.
Para que todas as tarefas fossem cumpridas, os métodos de construção deveriam ser rápidos e eficazes, já que era uma grande quantidade de edifícios, sendo estes criados dentro de um repertorio de formas sincronizados e padronizados, a fim de atingir os objetivos políticos da convivência e da economia.
O momento em que a sociedade passou por essa transformação, muitas outra a acompanharam, surgiram padrões estéticos novos, as escavações arqueológicas, museus públicos e restauração de obras de arte e arquitetura.
Delimitação do Público e do Privado
Sempre existiu a delimitação das esferas publica/privado. Na sociedade europeia, o público foi valorizado como a garantia de igualdade legal e de oportunidades, e o privado veio como direito a propriedade/privacidade. Na nova sociedade, as instalações do poder começaram a distinguir os papeis, que maximizaram a segregação e os limites entre o público e o privado.
De acordo com o livro “A condição Humana”, o conceito de público e privado surgiu a partir do iluminismo, junto á questionamentos de justiça social e conflitos de classes do século XIX. O público diz respeito ao comum, que é compartilhado. A partir daí surge o conceito do privado, relacionada a privacidade, intimidade e propriedade. Quem não tem acesso ao privado, como o escravo e mulheres naquele tempo, deixava de ser “humano”. O espaço privado é uma necessidade. O conceito “direito a propriedade” foi garantida com a partir de uma lei após a revolução francesa, tratava-se de uma revolução burguesa, sem que reservasse abusos por parte de quem consegue acumular esses bens materiais.
Apesar das conquistas, ainda houve distinção de gêneros, as mulheres continuaram sendo reclusas na esfera do privado e alheia do público, do comunicável, do trabalho produtivo e representativo, sendo considerada um objeto com o homem como proprietário.
A Arquitetura, Instrumento do Poder
Uma das marcas da evolução, foi o estilo panóptico desenvolvido por Jeremy Bentham, sistema de construção que permite, de determinado ponto, avistar todo o interior do edifício, nessa época com a finalidade de vigiar as pessoas, existia predominantemente em edifícios penitenciários, hospitais, manicômios, quarteis, fabricas e outras instituições que possuíam o objetivo de controlar as pessoas.
O urbanismo passou a incorporar a ideia do “poder” de controle sobre a sociedade, como características eixos radicais e esquemas em diagonais, com o objetivo de potencializar a hierarquia urbana. Surgiram também sistemas em oposição a este, como o projeto de Nova York, com projetos de quadrados urbanos uniformes.
Em 1929, nascia um novo conceito de arquitetura, onde concluía-se que ela era uma expressão dos comportamentos da sociedade. Em um artigo escrito por Bataille, ele citou: “A arquitetura é a expressão da verdadeira alma das sociedades, da mesma maneira que a fisionomia humana é a expressão das almas dos indivíduos...” e também defendeu os modos de como a arquitetura de determinados ambientes podem influencias a partir de grandes escalas e o medo, impondo a vontade de um poder ausente no presente vivido, como nas catedrais e palácios, onde todos respeitam a autoridade ali e impõem o silencio.
As ideias expostas por esse autor, trouxe muitas reflexões e críticas aos excessos desnecessários impostos pela arquitetura e urbanismo como instrumento de domínio e controle oculto. A partir disso, a arquitetura passou a ser misturada com a sociologia, filosofia, antropologia e arte. O fato da arquitetura contribuir na imposição de poder, ajudou muitos ditadores em seus governos, como Adolf Hitler e Benito Mussolini, imporem suais ideias por meio dos espaços físicos. Com o passar dos anos, especialmente no início do século XX, a arquitetura passou a ser mais acessível para as minorias, grupos como feministas, moradores mais frágeis e precários, outros mais conscientizados, comunidades de bairros, entre outros.
Libertação das Estruturas Espaciais
Isso resultou na especialização dos ambientes e desenvolvimento principalmente das casas. Cada cômodo agora tinha determinada função e utilidade, justificados pela higiene física e moral dos moradores.
Michel Foucault foi um dos arquitetos que ganhou destaque no quadro de estratégias de domínio e controle dentro do poder. Ele relatou que durante o processo de evolução do período clássico ao moderno, o novo estilo englobava até as residências, em termos geopolíticos como a arquitetura e o urbanismo. O processo de transformação e especialização resultou em maior e melhor divisão do espaço doméstico, incluindo elementos como corredores, que segregava melhor os cômodos e o acesso de cada cômodo, reservando higiene física e moral aos moradores. Mesmo dentro das residências, existiam o conceito de público (salas, cozinhas, corredores, banheiros, etc.) / privados (quartos).
No início do século XX, a estrutura das casas também passou por várias alterações, tendo em vista que a arquitetura passou a englobar paisagens metropolitanas, infraestruturas de circulação rápida, libertação das ruas da dependência de muros e grades e dissolução da ordem patriarcal e burguesa do interior das moradias. A nova arquitetura conseguiu romper e superar a ordem fachada e hierárquica, experimentando uma liberdade que vai além da tecnologia da construção e configuração de espaços verdes. Os móveis
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