Fichamento O triunfo da Plástica
Por: morais.carolina • 7/12/2015 • Artigo • 3.093 Palavras (13 Páginas) • 544 Visualizações
A Arquitetura Contemporânea no Brasil
2. O triunfo da plástica
O fato do Brasil ocupar hoje um lugar de destaque no panorama geral da arquitetura contemporânea se deve ao espírito inventivo e de grande liberdade. O grande líder desse momento é, sem dúvida, Oscar Niemeyer.
2.1 Pesquisas estruturais e forma livre: A obra de Niemeyer antes de 1955
Ao contrário de Lucio Costa, O.N. nunca foi um pensador e teórico da arquitetura. Contudo, após passar por um período de autocrítica despertado na Segunda Bienal de São Paulo (1954) e em sua viagem pela Europa (1955), o arquiteto começa a escrever sobre suas obras, seus ideais.
Essas ideias podem ser resumidas em:
1. Recusa de se deixar prender por preocupações de ordem social: não é papel do arquiteto mudar a sociedade. Ele pode ter suas opiniões e participar de transformações, mas antes de mais nada ele deve exercer seu ofício.
2. Rejeição de todo tradicionalismo: novos materiais dão ao arquiteto mais liberdade projetual, que não deve ser só técnica, mas também plástica.
3. Valorização da arquitetura como arte plástica: o arquiteto ele é criador de formas, portanto o puro funcionalismo é inadmissível. Contudo, a plástica não nasce sozinha, mas sim é definida pelo programa.
2.1.1 Desenvolvimento das pesquisas estruturais
Niemeyer passa por um período de contemplação do concreto armado, de todas as possibilidades que esse novo material apresentava. Partindo da inspiração nas obras de Le Corbusier, Oscar vai além em suas invenções plásticas e, suas pesquisas, baseavam- se principalmente nos pilotis e nos arcos e abóbadas.
PILOTIS
Em um primeiro momento, as pesquisas estruturais buscavam apenas a
diminuição da seção dos elementos estruturais (viga e pilar) para que estes ocupassem o menor espaço possível. Contudo, não se questionava os princípios estruturais clássicos e os pilotis eram utilizados apenas para liberar mais espaço no solo. (Ministério da Educação e Saúde)
Oscar muda a direção de seus estudos inspirado na Cité radieuse de Marselha, de Le Corbusier. Com isso, cria os pilares em forma de “V” e “W” que eliminava a aparência de floresta na disposição dos pilotis e garantia ao arquiteto mais possibilidades de expressão. (Primeira expressão no Hotel Quitandinha, PE)
Merecem destaque também, embora não com a mesma influência dos pilares em “V”, os suportes do Palácio das Nações e do Palácio dos Estados no Parque do Ibirapuera. A utilização de colunas e consolos oblíquos em concreto armado permitiu uma brusca passagem das quatro filas do térreo para as seis filas do primeiro andar. De todas as criações de O.N. nesse assunto a que mais deu certo, sem dúvidas, foi o pilar e “V”.
ARCOS, ABÓBADAS E RAMPAS
Também inspirado em obras de Le Corbusier, Oscar começou uma série de estudos sobre esses elementos estruturais, que além de aspectos técnicos vantajosos, possuíam um caráter plásticos de o arquiteto buscava.
Após uma série de projetos que apresentavam meras variações desses elementos estruturais, nos anos de 1950-1951 nasceu um novo vocabulário baseado no emprego de um véu fino de concreto, sobre uma série de pórticos de concreto armado (Fábrica de Duche, SP, clube de diamantina, MG). Essa solução foi utilizada em vários projetos, porém, infelizmente, não foram todos construídos.
O auge desses estudos chaga com o Colégio Estadual de Belo Horizonte, que se assemelha a uma espaçonave pousada no chão. Desta vez, o contraste entre os edifícios é tão grande que fica difícil se falar de uma composição equilibrada. Merece destaque também o auditório do colégio, sendo um exemplo de virtuosismo do arquiteto.
Como nos arcos e nas abóbadas, a busca pelo dinamismo e a flexibilidade pode ser percebida nos estudos das rampas, que assumiram um papel importante na criação de efeitos espaciais internos para Oscar.
2.1.2 A exploração da forma livre
O tema da marquise curva, na forma livre, aparece frequentemente nas obras de Oscar Niemeyer, contudo, muitas vezes não é colocada em primeiro plano, pela impossibilidade técnica disso.
Em 1946, que até então a flexibilidade técnica aparecia apenas no desenho das lajes horizontais, o arquiteto vai além, com o projeto do Banco Boavista, RJ, no qual uma das paredes é em tijolo de vidro e é implantada de forma ondulada entre os pilotis da fachada. Com esse projeto, Niemeyer provou que um bom arquiteto não se deixa intimidar pelas limitações técnicas (que existiam em grande quantidade nesse projeto).
A partir de então, tornou-se preocupação do arquiteto trazer para o projeto como um todo a flexibilidade plástica: não somente em uma laje ou parede, mas na planta como um todo. Contudo, não é atribuída a O.N. a introdução da planta serpenteada no Brasil, e sim à Reidy (Pedregulho).
(Prédio de apartamentos, BH; grande marquise do Parque do Ibirapuera, SP;
segunda casa do arquiteto, RJ)
A marquise do Parque do Ibirapuera é considerada a síntese onde aparecem mais intimamente associados os três componentes do estilo do arquiteto antes da virada decisiva de 1955: pesquisas estruturais dinâmicas, forma livre e jogo de volumes puros equilibrando-se mutualmente.
Sem dúvida, a obra prima de Niemeyer em relação à forma livre é a Casa do arquiteto na Gávea. Nesse projeto o arquiteto conseguiu alcançar a simbiose entre arquitetura e paisagem. A obra sofreu uma grande repercussão internacional, muitas vezes traduzida em críticas severas por partes de arquitetos renomados. Com isso, após sua autocrítica de 1955, Oscar aboliu a forma livre de todos os seus projetos, enquanto prosseguiu seus estudos sobre as estruturas e os volumes.
2.1.3 O tratamento dos volumes
Os estudos sobre volume sempre estiveram ligados aos estudos das estruturas e dos aspectos formais. Os jogos de volumes que Oscar Niemeyer tanto usa em suas obras são elementos essenciais de seu vocabulário apresentando uma variedade imensa de expressões.
Esta variedade deve-se ao fato do arquiteto não gozar de extrema liberdade em todas as suas obras. Muitas vezes as limitações existentes representavam um empasse que o arquiteto soube contornar da melhor forma possível por meio de seus volumes, buscando, sempre que possível, manter uma figura regular. Com isso, a plástica provém principalmente de tratamento nas fachadas, com uso variado de brise-soleil, etc.
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