Fundamentos de Projeto de Urbanismo e Paisagismo
Por: barachof • 11/11/2015 • Dissertação • 1.383 Palavras (6 Páginas) • 537 Visualizações
Fundamentos de Projeto de Urbanismo e Paisagismo
Exercício capítulo conclusivo
Segundo Villaça, a respeito das cidades brasileiras analisadas, “o padrão espacial dominante da segregação é segundo setores de círculo, e não de círculos concêntricos. Isso ocorre porque o padrão por setores possibilita melhor controle, pela classe dominante, do espaço urbano do que o de círculos concêntricos, uma vez que permite controlar com mais eficiência os deslocamentos espaciais, o mercado imobiliário, o Estado e a ideologia sobre o espaço urbano [...]. Com o tempo, os bairros residenciais das elites vão de aglutinando numa mesma região da cidade” (VILLAÇA, 2001:335)
Procure demonstrar essa afirmação em relação que apresente os argumentos do autor desenvolvidos no capitulo conclusivo de seu livro.
O último texto estudado de Villaça, aborda conclusivamente questões importantes sobre a estruturação do espaço urbano, de que maneira se dá, suas características e consequências na formação do espaço. Primeiramente o autor ressalta a segregação da burguesia e a diferenciação de classes explicita na estruturação do território; A busca por melhores lugares é nata do ser humano, porém, o melhor lugar se dá por uma questão denominada “tempo de deslocamento”, este é o recurso principal buscado por todas as classes sociais, mas benefício nítido da burguesia.
“Entende-se por dominação por meio do espaço urbano o processo segundo o qual a classe dominante comanda a apropriação diferenciada dos frutos, das vantagens e dos recursos do espaço urbano. Dentre essas vantagens, a mais decisiva é a otimização dos gastos de tempo despendido nos deslocamento dos seres humanos, ou seja, a acessibilidade às diversas localizações urbanas, especialmente ao centro urbano.” (VILLAÇA,1998,p.328)
A luta pela localização entre classes está ligada à interesses de consumo. A estruturação urbana vem desse conflito de classes em torno das vantagens e desvantagens do espaço urbano e segue os interesses de consumo da classe alta, que apropria-se das vantagens em termo de território, ligadas ao quesito de Acessibilidade, ou mais precisamente, o tempo de deslocamento até o centro.
Quanto mais o centro se aproxima da região de domínio burguês, mais distante fica da camada popular. Quanto mais é melhorado o viário para o transporte individual (automóvel), piora-se as condições de transporte público, criando um desnível em possibilidade de locomoção. Quanto maior o número de melhorias feitas pelo governo à locais de domínio burguês, mais precária é a situação das áreas de predominância popular, ao compará-la ao lado “rico”.
“”a distribuição de investimentos em infra-estrutura urbana é desigual, sendo beneficiados sistematicamente os bairros de maior padrão, que por vários motivos conseguem atrair os investimentos públicos”. (PLAMBEL, s.d., v. 1,61)” (VILLAÇA,1998, p.337)”
“Parte integrante dessa produção de localizações desiguais, desse espaço produzido pelas burguesias, é a crescente adequação de certas áreas das cidades ao automóvel e sua inadequação ao transporte coletivo.” (VILLAÇA,1998, p.339)
Esses fatos ocorrem e é nítida a diferenciação de tratamento de classes, como a distribuição distorcida de investimentos públicos, privilegiando áreas de maior status social, em detrimento das áreas que mais precisam desse investimento (camadas de baixa renda), assim como é ainda mais nítido o controle exercido pelas camadas de alta renda e é nesse momento que os argumentos do autor mostram o ‘padrão por setores’ implantado na sociedade.
A burguesia controla a produção do espaço urbano por meio de três aspectos, que são de natureza Econômica (controle de mercado, fundamentalmente pelo mercado imobiliário), Política (pelo controle do Estado) e Ideológica (dominação e liderança intelectual). A classe alta tem um sentido de crescimento, direção radial, e não o abandona para melhoria de acessibilidade, suas áreas de segregação interagem com o centro principal, fazendo-o se transformar e ‘seguir’ a direção dessa classe (controle de natureza econômica); as regiões ocupadas por essa classe atraem a localização dos aparelhos do governo, a produção de infraestrutura e legislação urbanística (controle do Estado).
As leis de urbanização são feitas por burgueses para burgueses, marginalizam e colocam a camada popular na ilegalidade, produzindo nitidamente localizações muito desiguais. A burguesia, seguindo em busca de melhores lugares (tempo de deslocamento, principalmente), abandona os centros, que passam a ser considerados “velhos” (tornam-se então da camada popular) e criam centros “novos”; com essa mudança, o centro velho fica carente de cuidados e passa a se deteriorar, nesse aspecto entra o poder da ideologia burguesa, que cria explicação “naturais” sobre consequências da sua forma de domínio. Naturalizar o processo social é, automaticamente, eximir as responsabilidades da burguesia. Esses três mecanismos demonstram e explicitam o poder e domínio da classe alta.
“Tudo indica que a economia de mercado produz estruturas urbanas que incorporam ambos os modelos – de setores e de círculos concêntricos -, e suas predominâncias variam conforme a mobilidade territorial e a estratificação social da população. Eis aí, já patente, o papel determinante que desempenham os deslocamentos espaciais dos seres humanos na estruturação intra-urbana” (VILA=LAÇA,1998, p. 341)
É com base nos argumentos de domínio de uma única classe, que o autor afirma a segregação espacial como setores de círculos e não o de círculos concêntricos. A estruturação por setores se dá, grossamente, por dominação de uma classe; um fator para que ela ocorra, é a reduzida dimensão da classe média (visto que, quanto maior a classe média, maior a probabilidade de círculos concêntricos, como ocorre em alguns países de primeiro mundo).
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