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HISTÓRIA DA ARQUITETURA NO BRASIL

Por:   •  25/11/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.807 Palavras (16 Páginas)  •  262 Visualizações

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HISTÓRIA DA ARQUITETURA NO BRASIL
AULA 1

(21-08-2017)

A ideia central é sempre relacionada ao contexto histórico, produção arquitetônica. Contexto é tudo aquilo que acontece em determinado tempo, em determinado lugar, significa que o contexto histórico do Brasil no século XVI logicamente não é o contexto histórico da Europa no século XVI. Se lembrarmos da Europa no século XVI significa inicio do Renascimento, enquanto Brasil no século XVI não existia, chegavam alguns navegadores que se estabeleciam aqui, em termos de história não se tem muita coisa, existiam diversas tribos nativas que viveram nesse território. Mas percebam a diferença de contexto histórico, enquanto na Europa já ocorria o inicio do Renascimento, o Brasil ainda não existia. E isso vai persistir dessa maneira até mais ou menos século XIX. De fato, o Brasil vai começar a ter certo emparelhamento entre produção arquitetônica brasileira e produção arquitetônica europeia a partir do século XVIII. Então quer dizer, existe uma serie de outras questões que estão acontecendo entre o século XVI e o século XVIII, muitas dessas coisas estão relacionadas diretamente ao modelo de colonização, que é muito diferente daquele de origem espanhola e que de certa maneira vai resultar numa arquitetura de exemplares raros, de características muito específicas e se formos comparar com o que estava acontecendo nos lugares, logicamente é uma arquitetura “pobre” em termos estilísticos, de materiais e técnicas construtivas, porém uma arquitetura engenhosa porque ela usa o que está disponível. Então nossa ideia é tentar contextualizar nesse sentido.

Influências e tendências, logicamente o Brasil é um país colonizado e tem influências diretas da metrópole; tendências se têm a partir do século XIX em diante, então vamos ver como essa arquitetura brasileira passa de uma coisa muito regional e muito escrita para outro patamar. Nós já tínhamos visto relações entre arquitetura, arte, cultura, em história da arte sempre falava que arte e arquitetura andavam juntas, principalmente até o Renascimento. Da mesma maneira, isso continua sendo válido, e isso se deve relacionar diretamente com os ciclos econômicos. Para quem não se lembra de como funciona isso: o Brasil teve o primeiro ciclo é o motivo da colonização que foi o pau-brasil, motivo da chegada dos portugueses; o segundo ciclo econômico foi a cana de açúcar; terceiro o ciclo do ouro; e quarto ciclo do café. Ou seja, onde existe capital, existe produção, seja artística, cultural, econômica etc.

Os materiais e técnicas são basicamente aquelas que herdamos da metrópole europeia, e aquelas que de certa maneira são mestiças de nascença; vamos lembrar que boa parte da cultura brasileira se desenvolve no período colonial é de cultura mestiça, até hoje temos resquícios disso (culinária, linguagem, etc), então sempre foi se desenvolvendo uma mestiçagem cultural, coisa que, por exemplo, a América espanhola não desenvolveu.

Outra coisa importante, constituição das cidades. O texto “O semeador e o ladrilhador” vai falar exatamente da diferença que existe entre o projeto colonial espanhol e o projeto de ocupação português, e aqui logicamente se levando em conta todas as condições econômicas, sociais, politicas.  Vamos lembrar, a primeira carta de normas urbanas que a gente tem no planeta é a Carta das Índias, Filipe II, Espanha, século XVI, ele já colocava ali quais são os princípios de urbanização das colônias espanholas, por isso vocês tem um modelão muito recorrente nas cidades espanholas. Lembrem-se de cidades do México, tipo Lima, toda a américa espanhola, primeiro elas não são litorâneas, são colocadas no interior, segundo, boa parte delas foi implantada em planaltos, áreas totalmente planas e com uma certa altitude, terceiro todas elas se baseiam naquele velho padrão conhecido como retícula hipodâmica. Pra quem já viu uma fotografia de Madri, vamos pensar na plaza mayor, significa uma grande praça que tem a igreja num canto, a administração publica no outro e em torno dessa grande praça se estabelece o comércio e serviços principais da cidade, e a partir dai sai a retícula hipodâmica que permite o crescimento infinito desse padrão. Na Europa onde nasceu essa ideia, se lembrarmos da cidade renascentista e as utopias fazem referencia exatamente desse padrão. O problema é que na Europa não dava pra implantar, a não ser que destruísse todas as cidades medievais e recomeçasse tudo. Então a primeira vez que eles implantam a cidade “ideal” vai ser nas américas, isso na américa espanhola; se lembrarmos das cidades portuguesas do século XVI/XVII, qual a característica de todas elas? Vamos pensar, qual a característica geográfica das cidades brasileiras, as primeiras cidades? Litorâneas, ou seja, você chegou, viu onde tinha um porto natural e começam a fazer as cidades brasileiras, o problema do litoral brasileiro é que tem uma planície costeira muito estreita, onde tem um lugar plano perto do mar que é um pouquinho mais largo é no Nordeste, porque para baixo, litoral norte de São Paulo e sul do Rio de Janeiro são muito estreitas, a serra do mar chega e mergulha no oceano, por isso o monte de ilhas, baías, enseadas, etc, e exceto São Vicente que tem a planície mais larga. Uma cidade “padrão”, de certo momento de organização, que é o caso de Ouro Preto, que a cidade do ciclo do ouro; se formos ver as cidades espanholas, as minas de ouro e prata, foi esse o grande motivo do Tratado de Tordesilhas, de dividir as américas entre espanhóis e portugueses, as minas ficavam em determinado lugar, agora a cidade ficava em outro, no caso português não, lembra a topografia de Ouro Preto, subida, descida, beco, ladeira, e assim que a coisa vai se desenvolvendo ali. Então existe uma mentalidade colonial muito característica portuguesa e espanhola, que são muito diferentes.

Existe uma cronologia, nesse primeiro período pra gente colocar quais são as bases de contexto histórico, que vão resultar nos padrões de urbanização na construção de cidades. Todo o projeto de ocupação territorial do Brasil foi feito junto com os Jesuítas, significa que é uma ordem da igreja cristã, católica, que de certa maneira reproduz ainda uma estrutura social da idade media (nobreza e clero), essa aliança entre nobreza e clero fica muito claro pincipalmente nos países latinos. Espanha e Portugal, sobretudo vão manter essa estrutura inclusive ate hoje, em ambos a força da igreja católica é muito grande, então quer dizer, existe uma influencia politica muito forte da igreja. Logicamente que é interesse politico você desembarcar no Brasil, na colônia com a igreja, por baixo se tem o interesse de catequisar os índios, levar a palavra de Deus aos selvagens e existe de fato um grande interesse econômico. De passagem vamos lembrar da idade media, as cruzadas não eram aquelas historinhas de “ah vamos levar cristo aos infiéis”, se vocês pensarem como era a estrutura de poder na idade media, sempre se tem um primogênito, que herda os títulos e terras, e o segundo e terceiro filhos se fosse mulher já se sabia o que fazer, tinha que casar ela com outro nobre de outra casa para se fazer uma forte aliança politica, se fossem homens um dos caminhos era a igreja, para ser padre e o outro caminho era fazer novas terras por ai, esse era um dos grandes motivos das cruzadas, nada mais é do que uma expansão territorial da Europa, conforme as terras iam sendo conquistadas os duques, condes, etc, que são os segundos e terceiros filhos, passam a ter terras, então essa expansão proeminente se da exatamente nesses termos. Vamos lembrar que o comercio já era conhecido pelo comercio com as índias, etc, o caminho das índias que foi o grande motivo da expansão colonial portuguesa, tudo isso está relacionado diretamente a esse contexto histórico e logicamente o Brasil faz parte dessa evolução. Só para lembrar que já havia portugueses morando no Brasil antes de Cabral chegar, já se conhecia a rota, isso é importante para se perceber que existe uma historia oficial, mas também existe uma história paralela. Da mesma maneira o que estamos falando aqui é da arquitetura oficial, as cidades oficiais, mas antes dos europeus existia gente aqui e ai eles não tinham casas, cidades, como eles viviam? Então tudo isso de certa maneira passa batido, fica a margem da historia. Para quem gosta de historia tem um livro interessante chamado “a arquitetura popular brasileira”, esse autor estudou a arquitetura vernácula brasileira, ou seja, a arquitetura que está relacionada diretamente ao local, então ele vai pegar a partir de grupos étnicos, que no Rio Grande do Sul (de onde é o autor) é muito forte, dos imigrantes, que da para notar pelo menos dois grupos étnicos muito fortes: italianos e alemães. Entao quer dizer, se nós vamos abordar principalmente a questão colonial, antes do colonial no período pré-colonial existe produção arquitetônica (embora sem arquitetos) e sistemas que não são urbanos. Os índios fazem urbanismo? Será que podemos chamar de urbano, cidade, os aldeamentos constituem lembretes de cidades? Hoje achamos que sim, diversos estudos colocam que de fato se tem um núcleo de aldeamento que fazem uma rede que é quase urbano dos grupos étnicos. Mas nossa ênfase está exatamente na questão colonial.

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