Arquitetura Contemporânea No Brasil

“Arquitetura contemporânea no Brasil”: da crise dos anos setenta ao presente promissor

Luís Henrique Haas Luccas

[...] Leia no artigo o questionamento de algumas ideias que vem sendo instituídas como bases da arquitetura atual, divergindo do consenso que alça a arquitetura moderna à posição de norte inconteste, único referencial correto.

Os princípios da arquitetura moderna deram lugar à uma diversificação de linguagens, o que contribuiu para recuperação da capacidade de construir com qualidade, perdida em meio a crise dos anos 70, isso foi possível devido a ampliação dos elementos de arquitetura, materiais e sistemas construtivos, alem da revisão de outros dogmas e falácias modernistas, tanto no circuito da arquitetura quanto do urbanismo.

Devido à crise disciplinar nos anos 70, a produção brasileira teve um retardo de mais de uma década em relação à Europa e o Estados Unidos, devendo-se mais ao repouso em “berço esplendido” da arquitetura brasileira do que ao momento político. Nesse período ocorreram vários erros que devemos tirar lições, como a desvalorização dos projetos, a falta de cuidados no trato de questões compositivas, construtiva, falta de detalhes, deficiências na concepção entre outras a incapacidade em produzir uma arquitetura de qualidade.

Nos anos 80, além do interesse inicial pela aparência pura e simples das formas da arquitetura moderna, gradualmente também foram valorizadas outras questões flexionadas por uma revisão crítica, como a própria concepção do projeto nos moldes modernos, a ética perseguida nas relações entre forma e função, as técnicas construtivas e materiais aplicados. A retomada de instrumentos modernos de enfrentamento do projeto, mais que mera adoção de imagens superficiais, colocou-se como alternativa ao formato conservador que passou a prevalecer.

Nos anos 90, ressurge uma arquitetura progressiva em sintonia com ideais construtivos, como a síntese e rigor das formas, além da retomada da confiança na tecnologia. Os conceitos da arquitetura contemporânea e moderna confundem-se. A arquitetura contemporânea ainda olha bastante para trás e não nega, ao contrário do que ocorria com a produção moderna. Mas também olha para frente, apresenta otimismo e determinação, possui uma perspectiva com horizonte mais largo: nega-se a permanecer dentro de limites conhecidos.

Apesar do visível anseio de modernidade da arquitetura contemporanea, ainda persiste à ideia de referência na ação projetual. Alias, à adoção de exemplares da concepção da arquitetura manteve-se mesmo durante a hegemonia das ideias modernas, contrariando a falácia que associava arquitetura moderna a ato criativo genuíno, soluções paradigmáticas se tornaram multiplicáveis. A exemplo do que ocorreu na arte moderna, na arquitetura a representação do processo de concepção e construção da obra assumiu um papel quase tão importante quanto a própria imagem final do produto. A produção de uma arquitetura contemporânea pede uma relação equilibrada com o passado, sem nostalgia nem desrespeito pelas suas lições, sem deixar de propor inovações e obter resultados atuais.