Quadro Da Arquitetura No Brasil - Reis Filho E Nestor Goulart
Artigo: Quadro Da Arquitetura No Brasil - Reis Filho E Nestor Goulart. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: beatriz.dgs • 19/9/2014 • 1.959 Palavras (8 Páginas) • 925 Visualizações
Quadro da Arquitetura no Brasil – Reis Filho e Nestor Goulart
Em cada período a arquitetura é produzida de forma diversificada, tendo relação com a estrutura urbana em que se instala.
A arquitetura colonial baseou-se no trabalho escravo. Por esse motivo o seu nível tecnológico era precário, onde as ruas apresentavam aspecto uniforme, as casas eram construídas em alinhamento com a via pública e no limite das laterais do terreno, tudo isso fundamentado nas tradições urbanísticas de Portugal.
Os jardins, como temos hoje, são recentes, introduzido durante o século XIX. O Palácio de Friburgo do Príncipe de Nassau, no Recife, possuía jardim, mas era considerado uma casa de verão, e possuía características de chácara.
Em alguns estados brasileiros ainda são encontradas edificações do período colonial, onde os terrenos eram uniformes, com cerca de 10 metros de frente e grande profundidade.
As ruas eram definidas a partir da união das construções, pois não se conhecia passeio e eram poucas as que tinham calçamento. Nessa época não se tinha conhecimento de equipamentos topográficos, então as ruas eram traçadas também por cordas e estacas. A monotonia também era causada pela falta de vegetação, já que não havia jardins domésticos, nem públicos.
As casas tinham um padrão a seguir, fixadas na Carta Régia, como as dimensões, o número de aberturas, altura dos pavimentos e o alinhamento com a rua. O interior também seguia um padrão, a sala devia ser sempre à frente e a cozinha aos fundos, onde entraria iluminação. Entre essas peças estavam às alcovas, onde a maior permanência era noturna e penetrava pouca iluminação natural.
1 – loja; 2 – corredor de entrada para residência; 3 – salão; 4 – alcovas; 5 – varanda; 6 – cozinha e serviço.
Normalmente as paredes eram de pau-a-pique, adobe ou taipa de pilão, e nas residências mais importantes eram pedra e barro. O telhado era de duas águas, onde a água da chuva era lançada para a estrada e para o quintal. A empena também tem papel importante, que protege da chuva.
A única diferença dos exemplares mais ricos era o número de peças e suas dimensões, pois não havia trabalho com mão de obra qualificada.
Nas casas de esquina eram onde apareciam as maiores variações, tendo duas fachadas sobre a rua e tendo que alterar em partes a planta e o telhado.
Os principais tipos de habitação eram os sobrados e as casas térreas. A diferença fundamental entre elas era o tipo de piso, que na casa térrea era chão batido e nos sobrados assoalho. Isso também era característica de nível social. Habitar um sobrado era riqueza, e uma casa térrea pobreza. Onde o piso térreo do sobrado era utilizado para lojas, senão para acomodação dos escravos e animais.
O século XIX foi herdeiro das tradições do século XVIII, trazendo as características da arquitetura colonial. Os primeiros anos do século, anterior a independência, fizeram realmente parte do período colonial, não havendo grandes modificações. As edificações continuaram nos limites laterais e sobre o alinhamento da via, telhados simples e outras características que dificulta determinar com clareza a data das construções.
A Rua do Catete, no Rio de Janeiro, conserva conjuntos de sobrados dessa época, com apenas algumas modificações, como a porta de entrada centralizada e um pouco maior abre para um saguão, e presença de escada de madeira torneada.
As primeiras alterações apresentaram-se de forma discreta. Escadarias, colunas e frontões de pedra, vindo de um refinamento técnico, que não era comum nas construções.
A integração do país no mercado mundial, por meio da abertura dos portos, possibilitou a importação de equipamentos, o que ocasionou uma melhor estética. A presença desses ocasionou o uso de platibandas no lugar dos beirais, uso de vidro nas bandeiras de portas e janelas. Aos poucos apareceram formas de coberturas mais complexas, como as de quatro águas, fazendo uso de calhas e condutores importados.
Criou-se então, um novo tipo de residência: a casa de porão alto. Instalada longe do comércio, em bairro residencial, os porões foram adaptados as casas, causando um desnível com a rua. Aí surgiu a necessidade de uma pequena escada até a porta. Nas cidades de maior importância apareciam os calçamentos e os passeios junto às casas, e também a aparição de jardins.
Essas foram as primeiras mudanças do século XIX, mas seria necessário aguardar a segunda metade do século, com a decadência dos escravos e o desenvolvimento da imigração, para que surgisse modificações maiores.
As transformações econômicas brasileira provocaram desprestígio dos velhos hábitos de construir e habitar. Com o uso de equipamentos importados, os construtores estariam livres das técnicas primitivas. Sob a inspiração do ecletismo, junto com os hábitos diferentes dos imigrantes, foi exigido as primeiras modificações nos tipos de lote e construções.
Com a valorização de novos costumes, surgiu a dependência de empregados domésticos, com trabalhadores remunerados, prestando serviços mais qualificados.
A primeira grande mudança foi recuar os edifícios dos limites laterais. As residências maiores eram enriquecidas com jardins dos lados, possibilitando arejamento e iluminação. Aproveitando os porões altos, apenas transferindo a porta para a lateral, estes eram usados para o alojamento de empregados e locais de serviço.
As casas menores não podiam contar com jardins laterais para o arejamento e iluminação, continham então pequenas entradas descobertas, e também possuíam poços de luz, utilizando as facilidades das calhas e condutores de água. Em todos os casos extinguiam-se as alcovas, melhorando a higiene.
1 – sala – sala de visita; 2 – sala de jantar/estar; 3 – dormitórios; 4 – pátio para iluminação e arejamento; 5 – cozinha; 6 – banheiro; 7 – dormitório para empregados.
Foi surgindo então casas construídas com tijolos e telha tipo Marselha, onde a madeira permitia o acabamento perfeito das janelas, portas e beirais.
Todas essas mudanças ocorreram em processo lento. As experiências iam confirmando as vantagens dos espaçamentos. Onde os primeiros
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