História crítica da arquitetura moderna
Por: Érika Evangelista • 9/6/2017 • Resenha • 667 Palavras (3 Páginas) • 470 Visualizações
FRAMPTON, Kenneth. Transformações territoriais: evolução urbana, 1800-1909. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
No século XVIII a Europa passava por grandes transformações decorrentes da Revolução Industrial. Os sistemas produtivos sofreram grandes evoluções em suas técnicas de fabricação, estes antes feitos de forma artesanal agora contavam com instrumentos facilitadores que propiciavam a produção em larga escala. Entre estes novos instrumentos podemos citar a semeadeira mecânica de Jethro Tull, que assim como outros levaram a economia agrícola a um novo patamar.
Além da agricultura, industrias como a têxtil foram beneficiadas pelas evoluções técnicas da época. Em 1764, a máquina de fiar de James Hargreaves e, em 1784, o tear a vapor de Edmund Cartwright possibilitou a produção em larga escala da indústria têxtil, a formalização das fábricas e o “enraizamento” das industrias na cidade.
Devido a estas novas técnicas de produção e também as evoluções dos sistemas de transporte de pessoas, como a navegação a vapor de longa distância, houve a intensificação da migração europeia para as colônias do Novo Mundo. Esta migração aliada a menores taxas de mortalidade acarretou no rápido crescimento das cidades e o desenvolvimento de subúrbios.
O alto crescimento demográfico acarretou no desenvolvimento de áreas miseráveis com moradias baratas em condições de insalubridade, que levaram a uma elevada incidência de enfermidades como cólera e tuberculose. Esses surtos trouxeram a necessidade de reformas sanitárias principalmente nos bairros mais pobres. Assim foram criadas leis em toda a Europa, como a Lei de Saúde Pública de 1848.
Em 1868 e 1875, a partir da preocupação com as questões sanitárias de bairros operários, também surgiram leis de urbanização dos bairros pobres e, em 1890, a Lei da Habitação das Classes Trabalhadoras que incumbiam o poder público de garantir habitações públicas. Todavia a indústria tentou encarregar-se da tarefa de criar comunidades operárias ideais, surgindo o movimento cooperativo. Entre as tentativas do estabelecimento dessas comunidades está a New Lanark de Robert Owen, localizada na Escócia. E, com a influência do Falanstério de Charles Fourier, o industrial J.P. Godin projetou o Familistério em Guise próximo a sua fábrica, sendo superada 20 anos depois pela comunidade operária de George Pullman, a sul de Chicago.
Não foram apenas os bairros operários que sofreram mudanças urbanas, mas os bairros da classe média também receberam intervenções para atender suas reivindicações. Assim, a partir do Movimento pelo Parque Inglês do arquiteto-paisagista Humphrey Repton, foram realizadas mudanças no desenho urbano, integrando-o aos parques públicos da cidade. Fato exemplificado pelo projeto do Regent’s Park de Londres criado em 1812 por John Nash junto a Repton. Este novo desenho urbano era baseado nas linhas irregulares e naturais da concepção pitoresca inglesa, a qual se contrapunha a concepção cartesiana francesa percebida na cidade linear de Arturo Soria y Mata.
Esta concepção cartesiana francesa permaneceu por meio dos percements adotados por George Haussmann em suas intervenções realizadas em Paris. A capital que sofria com o grande contingente populacional necessitava de intervenções em seu sistema sanitário, no transporte público e nos seus bairros, sendo estas realizadas com maestria por Haussmann. Em Barcelona estas intervenções urbanas também faziam-se necessárias, sendo realizadas pelo engenheiro espanhol Ildefonso Cerdá, criador do termo “urbanização”.
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