LIVRO SINTAXE DA LINGUAGEM VISUAL
Por: Dani.c.correa • 12/9/2021 • Trabalho acadêmico • 2.260 Palavras (10 Páginas) • 264 Visualizações
LEITURA LIVRO: SINTAXE DA LINGUAGEM VISUAL
Autor: DONDIS, Donis A. - Ed. Martins Fontes, 1997
Resumo Capítulo 1 – Caráter e conteúdo do alfabetismo visual
Quantos de nós vêem?
A pergunta “Quantos de nós vêem?” nos dá a chave da complexidade do caráter e conteúdo da inteligência visual.
A primeira experiência de aprendizagem de uma criança é a consciência tátil e, além do conhecimento manual, o reconhecimento inclui o olfato, a audição e o paladar, sendo esses sentidos intensificados e superados pela capacidade de ver.
Desse modo, desde nossa primeira experiência no mundo passamos a organizar nossas necessidades, prazeres e temores com base no que vemos.
Todavia, muitos não possuem consciência do poder e importância que o sentido visual exerce sobre nossas vidas, pois o processo de ver requer pouca energia e é mecanismo fisiológico automático no sistema nervoso do homem, ou seja, sugere que não há necessidade de desenvolver nossa capacidade de ver e de visualizar, bastando aceitá-la como função natural.
Assim, conforme se extrai da narrativa do autor Caleb Gattegno, em seu livro Towards a Visual Culture, nossa capacidade visual é de riqueza assombrosa, nos fazendo concordar com sua conclusão de que “com a visão, o infinito nos é dado de uma só vez; a riqueza é sua descrição.”
Desse modo, podemos detectar a tendência à informação visual no comportamento humano, sendo que buscamos reforço visual de nosso conhecimento, pois esse nos traz o caráter direto da informação, a proximidade da experiência real.
Conclui-se, assim, que ver é uma experiência direta e a utilização de dados visuais pra transmitir informações representa a máxima aproximação que podemos obter com relação à verdadeira natureza da realidade.
A falsa dicotomia: belas-artes e artes aplicadas
A informação visual é o mais antigo registro da história humana, sendo a pintura das cavernas o relato mais antigo que se preservou sobre o mundo há cerca de 30 mil anos.
A experiência visual humana é fundamental no aprendizado para que possamos compreender o meio ambiente e reagir a ele.
Desse modo, necessário se faz que haja novo enfoque da função do processo e daquele que visualiza a sociedade, sem o obstáculo da classificação das artes visuais nas polaridades belas-artes e artes aplicadas.
Essas definições de alteram e se deslocam durante a história, todavia os mais constantes fatores de diferenciação são a utilidade e a estética.
A diferença mais citada entre o utilitário e o puramente artístico é o grau de motivação que leva à produção do belo.
Contudo, deve ser observado que são muitas as finalidades das artes visuais, sendo que os filósofos Sócrates e Kant concordam que a arte inclui um tema, emoções, paixões e sentimentos, ou seja, as artes visuais sempre têm alguma função ou utilidade.
Vejamos assim que William Morris e os pré-rafaelitas já entendiam que “A arte é uma, e qualquer separação entre belas-artes e artes aplicadas é destrutiva e artificial”, afirmando a impossibilidade de produzir arte desvinculada do artesanato, fato esquecido na dicotomia entre as belas-artes e as artes aplicadas.
Durante o Renascimento o artista aprendia seu ofício através de tarefas simples e compartilhava sua agremiação com os artesãos, havendo livre interação entre ambos, que podiam participar de todas as etapas do trabalho, gerando um aprendizado mais sólido e menor especialização.
A concepção contemporânea das artes visuais avançou para além da polaridade entre as artes “belas” e as “aplicadas”, e passou a abordar questões relativas à expressão subjetiva e à função objetiva, tendendo, novamente, à associação da interpretação individual com a expressão criadora como pertencente às “belas artes”, e à resposta à finalidade e ao uso como pertencente ao âmbito das “artes aplicadas”, ou seja, as artes “aplicadas” devem ser funcionais e as “belas” prescindem de utilidade.
Ocorre que tal diferenciação afasta a arte do essencial, conferindo-lhe uma aura de algo especial e inconsequente a ser reservado apenas a uma elite e nega o fato inquestionável de quão ela é influenciada por nossa vida e nosso mundo.
Tal visão não pode ser aceita, pois se assim o fizermos, nos transformaremos em consumidores desprovidos de critérios, bem como negaremos a importância fundamental da comunicação visual, tanto historicamente quanto em termos de nossa própria vida.
O impacto da fotografia
O último baluarte da exclusividade do “artista” é o talento que o caracteriza: a capacidade de desenhar e reproduzir o ambiente tal como este lhe aparece, todavia, a câmera acabou com isso.
A câmera constitui o último elo entre a capacidade inata de ver e a capacidade extrínseca de relatar, interpretar e expressar o que vemos, prescindindo de um talento especial ou de longo aprendizado que nos habilite a efetuar o processo.
O estilo de vida contemporâneo é crucialmente influenciado pela fotografia, sendo que hoje, nos meios de comunicação, o visual predomina e o verbal tem a função de acréscimo.
Desse modo, nossa cultura, anteriormente dominada pela linguagem, já se deslocou sensivelmente para o nível icônico, sendo que quase que tudo que acreditamos, sabemos, aprendemos, compramos, reconhecemos e desejamos vem determinado pelo domínio da fotografia sobre nossa psique.
Ao ver, fazemos um grande número de coisas: vivenciamos o que está acontecendo de maneira direta, descobrimos algo que nunca havíamos percebido, tomamos consciência de algo que acabamos por reconhecer e saber, e percebemos o desenvolvimento de transformações através da observação paciente. Tanto a palavra quanto o processo da visão passaram a ter implicações mais amplas, sendo que ver passou a significar compreender.
Desse modo, expandir nossa capacidade de ver significa expandir nossa capacidade de entender ou criar uma mensagem visual, sendo que a visão passa a ser parte integrante do processo de comunicação, que abrange todas as considerações relativas às belas-artes, às artes aplicadas, à expressão subjetiva e à resposta a um objetivo funcional.
Uma abordagem do alfabetismo visual
Apesar de termos um grande conhecimento dos sentidos humanos, especialmente
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