Muros Cegos Influência da Violência na Arquitetura do Espaço Urbano

Muros cegos: Influência da violência na arquitetura do espaço urbano

Cicero Rodrigo de Figueiredo Mendes; Isabela Jeremias Sampaio; Thainá de Sousa Araujo; Luís Eduardo Furtado de Oliveira

Faculdade Paraíso do Ceará (FAPCE)

Rua da Conceição, 1.228 – São Miguel – CEP 63010-220 – Juazeiro do Norte – CE

Curso de Arquitetura e Urbanismo

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Resumo

A violência afeta diretamente a sociedade, que busca mais proteção seja ela qual for, se excluindo mais de viver em sociedade como é o conceito de cidade, vivendo cada vez mais trancados e cercados por cadeados, cercas elétricas e outras formas de se proteger.

Com a arquitetura das cidades muda. Os muros cada vez mais altos, grades, trancas, cadeados e portas, afastam da violência e consecutivamente da sociedade, hoje não procuramos conhecer quem mora ao seu lado, por medo, muitas vezes não sabemos oque acontece por trás dos muros.

As soluções para esse problema devem ser realizadas em conjunto com o governo protegendo as nossas cidades, e a população procurando viver mais em sociedade, concluímos que devemos tomar atitudes para combater a violência, resgatando o conceito de morar em sociedade, em cidades.

Palavras-chave: Violência na arquitetura. Segurança privada. Área publica.

Introdução

O medo e a fala do crime além de produzirem certos tipos de interpretações e explicações, muitas vezes simplistas e estereotipadas, também organizam a paisagem urbana e o espaço público, moldando o cenário para as interações sociais que adquirem novo sentido numa cidade que progressivamente vai se cercando de muros (CALDEIRA, 2000).

Nesse ponto de vista a arquitetura é marcantemente influenciada pela violência urbana. Muros de pedras gigantescas, grades, guaritas, cena digna de arquitetura medieval se mostra no nosso cotidiano a procura de nos protegermos dentro de nossos lares. Isso acaba acarretando num processo de desigualdade social onde parece que o mais rico tem o muro maior o que acaba tornando a rua insegura para quem passa por ali.

Em um estudo intitulado ”A influência do espaço urbano nos índices de criminalidade”, revelou que 71% dos criminosos entrevistados preferem assaltar casas cercadas por muros altos. O estudo relata que para os criminosos, o muro facilita a transposição para dentro da casa, além de permitir que se aproximem sem ser vistos e depois, estando dentro da residência, que ajam com mais tranquilidade, pois vizinhos e passantes não podem ver o que acontece. Onde a visibilidade é a melhor política de segurança (SILVA, 2009).

 Portanto, o presente trabalho tem o intuito de analisar o quanto a paisagem urbana é caracterizada pelos seus índices de criminalidade, e como muros e equipamentos de segurança se tornam parte fundamental da estética da cidade.

Se a violência afeta diretamente a arquitetura, então logo cabe questionar se viveremos em fortalezas mais tarde.

1. Muros cegos

Ao colocar um muro em uma residência logo pensamos que estaremos protegidos, porém aquela falsa sensação, apesar de tentar se proteger com muros e paredes cegas, os moradores acabam criando o oposto: espaços urbanos mais inseguros.

Não é uma relação fácil de enxergar, mas à maneira que construímos nossas casas tentando nos cercar em privacidade e segurança acaba ocasionando que a cidade deixe de ser um espaço sociável e nos tornem isolados.

Em busca de uma solução em meio a violência, as pessoas investem em condomínios fechados, vendem segurança como principal vantagem, isso se caracteriza muros cegos, não saber o que acontece por trás dos muros, isso não é vantagem, é desenhar desigualdade social, falta de interação e coincidentemente a violência.

1.1 Causa e efeito

Para Hobbes a insociabilidade é algo da natureza do homem, tudo poderia resumir-se que o homem não é um animal naturalmente político nem social, mas fracamente insociável. Os homens estão sempre envolvidos em competição, o que resulta entre eles a inveja, o ódio e a guerra.

As causas dessa segregação através de muros provam que as pessoas não se sociabilizam mais com o mundo exterior por medo da criminalidade do mundo exterior, isso cria um individualismo que ao invés de conviver em sociedade as pessoas vivem enclausuradas dentro de suas casas.

2. Influência da violência

        As influências da violência na arquitetura é o reflexo do aumento da própria proteção, não pensando na sociedade em geral, pensando em si.

A impermeabilidade visual entre a edificação e a rua está ligado diretamente a ocorrência de crimes, no sentido em que tendem a acontecer em locais com formas arquitetônicas com menos permeabilidade visual. Sendo assim não é nenhuma novidade nos sentimos inseguros em locais assim, temos a impressão de que se algo acontecer ninguém vai ver ou nos ajudar ou chamar por socorro. (SABOYA,2012)

Enquanto isso é apenas nossa intuição tentando nos proteger, existem dados obtidos através de métodos confiáveis de que esses locais são os mais propícios na ocorrência de crimes.

         

2.1 Tipos de influência

Desde os primórdios proteção é um instinto de sobrevivência humana, porém com o passar dos tempos evoluímos de equipamentos e utensílios de defesa.

Não diferente da idade medieval, grandes e altos muros fazem parte da urbanização, no entanto hoje há ainda mais meios de proteção. Cercas elétricas, guaritas, condomínios fechados, câmeras de segurança, arames farpados, ate mesmo animais adestrados para a proteção de uma residência. Elementos típicos da atual caracterização urbana.