O Modernismo no Brasil
Por: camilamalvess • 18/9/2019 • Trabalho acadêmico • 2.214 Palavras (9 Páginas) • 202 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
BRUNA BARBOSA, CAMILA ALVES E MARIA GABRIELA DIAS
MODERNISMO NO BRASIL
TEXTO: “A ARQUITETURA MODERNISTA, UM ESPAÇO SEM LUGAR”.
SALVADOR – BA
2016
O MOVIMENTO MODERNO NO BRASIL
O modernismo foi um movimento artístico e cultural que teve seu inicio na Europa e começou a se difundir no Brasil a partir da primeira década do século XX. Ele pretendia superar as antigas tradições, produzindo uma arquitetura sem ornamentos, pois consideravam o ornamento características de estilos históricos que deveria ser combatido. Entrava em vigência as ideias de industrialização, economia e a noção do design. Os edifícios deveriam ser econômicos, limpos, úteis e cabia ao arquiteto a correta e socialmente justa construção do ambiente habitado pelo homem.
Na arquitetura grandes nomes surgem como o de Le Corbusier, Frank Lloyd Wright, Mies Van der Rohe e Louis Sullivan. Premissas como “Menos é Mais” e “A Forma Segue a Função”, sintetizam a questão da busca do racionalismo e funcionalismo nas obras, algumas das características mais comuns das obras que passam a ser construídas nesse período são: formas geométricas definidas, sem ornamentos, separação entre estrutura e vedação, uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício, panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais, integração da arquitetura com o entorno pelo paisagismo.
Aqui no Brasil tem seu marco na Semana da arte moderna, em 1922 em São Paulo, que reuniu alguns artistas brasileiros que simpatizavam com o movimento e almejava o estabelecimento de um estilo próprio do país, que exaltasse e se utilizasse da identidade cultural nacional, e que marcasse a fase que o Brasil passava na época, a tentativa de se modernizar e ter um papel de destaque no cenário mundial – seja artisticamente, seja economicamente-. Seria o Mundo Novo representado pelo “estilo da época”. O Modernismo foi introduzido no Brasil através da atuação e influência de arquitetos estrangeiros adeptos do movimento, a primeira construção em solo brasileiro foi a “Casa Modernista” (1929-1930) de Gregori Warchavchik, onde foi introduzido a planta moderna, generalização do cimento armado e dos materiais industrializados, marcou o inicio das formas retas, dos balcões em balanço e das grandes aberturas.
É nesse contexto que surge a ambiguidade do que foi o modernismo no Brasil, levantado por Sophia Telles em seu texto. Ao mesmo tempo em que se afirma que este estilo possibilitaria a criação e/ou exaltação de uma identidade nacional, ela se mostra uma operação puramente estética, por negar “qualquer realidade espacial prévia”. Ou seja, no seu discurso pregava o reconhecimento e afirmação do território brasileiro, e na sua prática era aplicado as características modernas seguindo o ideal racional e funcional sem –por vezes- se atentar as especificidades do local - o que parece que as construções poderiam ser empregadas em qualquer lugar, eram adaptáveis, o entorno não era algo que poderia reduzir o projeto-. Sendo assim, nesse cenário, os modernistas brasileiros se deparavam com um certo desafio: como “reconhecer o irracional, o imaginário, um campo afetivo e sensível que seria a naturalidade brasileira e ao mesmo tempo em que reconhece a razão moderna”?
Como resposta analisaremos três obras do arquiteto modernista Affonso Reidy, por ele ser “capaz de responder sistematicamente aos preceitos formais, funcionais, construtivos, urbanísticos e sociais da arquitetura como agente transformador da realidade”. Sendo elas: Aterro da Praia do Flamengo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Conjunto Pedregulho.
- ATERRO DA PRAIA DO FLAMENGO
O projeto do aterro da Praia do Flamengo veio da necessidade de adequar a cidade aos processos que ela estava sofrendo, num contexto de renovação, seguindo o fluxo da modernidade. Aos encargos de Reidy que se inspirava em Agache, de quem herdou a visão técnica da cidade - a ideia de cidade funcional, a valorização do espaço público enquanto espaço educativo das massas e o planejamento em grande escala- e em Le Corbusier, o qual herdou uma visão poética, baseada na busca de uma nova concepção, um novo programa, uma nova ideia, o aterro se tornou um dos espaços mais representativos da modernidade urbana.
Tinha-se a ideia se criar onde antes eram os morros do Castelo e de Santo Antônio, local que sofreu sucessivos aterros, ao logo da Baia de Guanabara, um verdadeiro “pulmão” da cidade para sanar os problemas ambientais e também de transformar essa localidade em um pólo atrativo, demandando uma acessibilidade eficiente. Com isso em mente, tem-se os principais elementos estruturadores do aterro: o sistema viário e o paisagismo. Sendo assim tentou-se criar uma nova paisagem, que casasse com a já pré-existente e ate em certo ponto exaltá-la, e a da democratização dos espaços públicos, onde todos os moradores e visitantes pudessem usufruir. A primeira parte – paisagismo – ficou por conta de Burle Marx que buscou refletir a amplitude da geografia da baía da Guanabara, materializando a imagem de ambiente tropical urbanizado. A segunda parte – acessibilidade – contou com o projeto da autopista, que possibilitava a ligação entre a zona norte e a zona sul, garantindo que toda a população da cidade aproveitasse do Parque do Flamengo.
A todo o Aterro possui 7 quilômetros de extensão e 1.301.306m² e é situado à orla da baía de Guanabara. O traçado do parque com seu programa original prevê 26 itens dentre eles: uma marina, áreas de estar, playgrounds, coleções de árvores, área de estacionamento, campos de futebol, um restaurante, pistas de aeromodelismo, pistas de kart, áreas de piquenique, uma praia artificial, etc. O Museu de Arte Moderna do RJ (1953), também obra de Reidy, está implantado nesse espaço.
1.2.MUSEU DE ARTE MODERNA DO RIO DE JANEIRO
O projeto para a sede do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (1953-1954) ocorreu dentro de um contexto no qual a preocupação pela construção de uma nova modernidade urbana era compartilhada pelo poder público e o privado, com o entendimento do edifício como elemento gerador de um novo espaço público.
Desde sua criação, a concepção museológica do MAM-RJ envolvia um projeto educativo cuja tarefa primordial era a de educar as “massas”. Assim, enquanto entidade, ele foi concebido como um espaço para que se “entendesse” a arte moderna, um espaço que ajudasse a desenvolver a sensibilidade do homem comum em direção a uma nova estética essencialmente calcada no abstracionismo; um “museu-escola” voltado para a formação de uma produção artística integrada à indústria e à tecnologia.
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