O PETER BEHRENS: ALICERCE DO MODERNO

Resumo

Peter Behrens(1868-1940), pintor e datilografo por vocação e arquiteto por acidente, transitou entre os movimentos artisticos de vanguarda alemães e estabeleceu bases teoricas e praticas ainda que difusas, para a posterior difusão da arquitetura moderna, trabalhando com a AEG, teve a primeira oportunidade de conceber um projeto de escala industrial que influiu diretamente na posteridade, atráves de seus até então assistentes, Walter Gropius, Le Corbusier e Mies van der Rohe que chegaram a trabalhar simultaneamente no escritorio de Behrens, em 1910; Apesar de ser uma espécie de proto-moderno, nunca tendo completamente advogado pelo modernismo, Behrens estabeleceu bases de pensamento contemporâneo em seu ateliê que atraíram, estes arquitetos de vanguarda, e depois solidificados e transformados pelos três mais influentes mestres do modernismo, determinaram o alicerce para o desenvolvimento da arquitetura durante o século XX.

Palavras-chave

Behrens; Modernismo; Gropius; Mies; Le Corbusier.

Abstract

Peter Behrens (1868-1940), a painter and typist by vocation and architect by accident, passed between the German avant-garde artistic movements and established theoretical and practical bases, although diffuse, for the later diffusion of modern architecture, working with AEG, he had the first opportunity to conceive of an industrial scale project that directly influenced posterity through his former assistants, Walter Gropius, Le Corbusier, and Mies van der Rohe, who simultaneously worked at Behrens's desk in 1910; Despite being a proto-modernist, never having fully advocated for modernism, Behrens laid the foundations of contemporary thought in his atelier that attracted these avant-garde architects, then solidified and transformed by the three most influential masters of modernism, laid the foundations For the development of architecture during the twentieth century.

Keywords

Behrens; Modernism; Gropius; Mies; Le Corbusier.

1. Vida e Obra

Apesar de terem dominado a cena arquitetônica durante o tempo em que viveram, Peter Behrens (1868-1940) e seus contemporâneos como Joseph Maria Olbrich e Henry Van de Velde aparecem distantes para nós. Já que o entusiasmo de suas realizações foi suplantado pela geração seguinte, de arquitetura branca, purista. Que mesmo dependendo dessas realizações anteriores, deixou-os para trás. Fazendo com que suas realizações parecessem já muito cedo, antiquadas, e demonstrando em último caso um fracasso em suas tentativas de reinventar os estilos com novas combinações, deixando o seu trabalho a sombra das realizações de fato revolucionarias que estavam por vir.

Peter Behrens se transformou de um pintor não muito importante em um dos arquitetos mais importantes e renovadores da arquitetura moderna, No começo havia certa aura sobre Behrens, recebeu críticas favoráveis e estimulantes durante sua fase de experimentação arquitetônica, alcançou alta proeminência durante o momento pré primeira guerra e permaneceu em alta estima durante toda sua vida, tendo lecionado na mais alta posição da academia prussiana nos últimos anos da sua vida, escola que inspirou posteriormente a Bauhaus de Gropius.

Mesmo com seu envolvimento com o regime nazista, teve seu nome lembrado e marcado na história da arquitetura moderna pelos historiadores de arte dos países aliados. Tendo sido membro honorário do Royal Institute of British Architects e do American Institute of Architects.

Apesar disso, Behrens e geralmente apenas lembrado por um fato, curioso, diga-se. o fato o de terem passado pelo seu ateliê em seus períodos formativos, talvez os três mestres mais influentes da arquitetura moderna, Walter Gropius, Ludwig Mies van der Rohe, e Le Corbusier. (Até então, Charles-Edouard Jeanneret-Gris). E geralmente sua única obra lembrada pela historiografia tradicional, a obra em que se revelou, a fábrica de turbinas da Allgemeine Elektrizitäts-Gesellschaft (AEG) em 1909, depois do qual se iniciou o melhor momento de sua carreira.

Para JONES (2001), tal fato talvez se dê pela mistura confusa de sua obra arquitetônica, quase inconstante, que começa sob o domínio da Jugendstil, passa por tipos neoclássicos, depois expressionistas, que depois passam a um modernismo de vanguarda relutante e se revertem no neoclassicismo monumental de Hitler. Ou talvez pelo fato de grande parte de suas obras serem pobres em termos de planejamento de planta, dando uma sensação que Behrens era mais um esteta do que arquiteto, se interessando mais por estilo e imagem, isso somado a ideais de forma e proporção que permaneceram por tempo considerável de forma vaga.

O movimento de Behrens pela arquitetura parece ser uma emancipação das artes visuais, tão pujantes, na arquitetura, que saem dos museus para estetizar o mundo. Tal visão porem não se concilia com o fato da constante influência de Behrens, na arquitetura posterior, através de seus mestres e que viria a dominar todo o século XX.

Figura 2 - Interior da AEG hussitenstrasse em Berlim.

Fonte: https://www.flickr.com/photos/dteil/6215150472

Peter Behrens tendo com objetivo se tornar um pintor estudou pintura em sua cidade natal Hamburgo, em Karlsruhe e Düsseldorf de 1886 a 1889. Em 1890 se casou e mudou-se para Munique, Ali trabalhou como pintor, ilustrador e encadernador, Frequentava os circulos boêmios e era interessado nos movimentos que revoluionavam as artes visuais no final do seculo XIX. Em 1899, aceitou do duque Ludwig de Hesse o convite para participar da colonia de artistas de Darmstadt, até então recem formada, e constituida por grupos de artistas do movimento Jugendstil.1

Ali, Behrens concebeu sua propria casa, desenhando-a, além de todo o mobiliario (móveis, toalhas, pinturas, cerâmica, etc.) A construção desta casa é considerada um ponto importante em sua vida, é o ponto em que Behrens começa a se separar dos circulos de munique e do movimento Jugendstil, para uma linha mais austera e sobria de design.

Figura 3 – A casa de Behrens, projetada pelo mesmo.

Fontes: http://www.archdaily.com/619290/spotlight-peter-behrens

Em 1903, Behrens é nomeado diretor do instituto Kunstgewerbeschule (Escola de Artes e Ofícios) em Düsseldorf, aonde implantou importantes reformas ’modernizantes’, Em 1907 Behrens e outras dez outras pessoas