OS CONJUNTOS DOS BANCÁRIOS

OS CONJUNTOS DOS BANCÁRIOS

Os conjuntos residenciais dos bancários adotaram uma intervenção urbanística moderna, semelhante ao IAPI e IAPC, com blocos organizados geometricamente, deixando todo o espaço restante para uso coletivo.

O projeto utilizou com mais liberdade que os outros institutos uma linguagem moderna, com forte influência corbusiana.

O IAPI considerava que o térreo livre era um desperdício de espaço que poderia ser usado para ampliar o número de unidades, e que a cobertura em laje poderia criar futuros problemas de impermeabilização. Diferente do IAPB, que optou por adotar em vários projetos o térreo livre com pilotis, linhas retas ser ornamentação, estrutura em concreto e até mesmo lajes planas na cobertura. Ex de projetos que apresentam alguns desses elementos: Agamenon Magalhães (Rio de Janeiro) e o conjunto residencial Mutti Carvalho (Salvador).

Embora continuem com uma implantação moderna, os projetos dos conjuntos residenciais dos bancários tendem a perder a qualidade construtiva e as linhas elegantes que predominaram nos anos 1950.

No início dos anos 1960, os projetos dos conjuntos passaram por algumas alterações: o térreo livre foi abandonado, começou a utilizar janelas convencionais e telhados inclinados.

O SINDICATO DOS BANCÁRIOS

Muitos desses conjuntos não estavam prontos e ocupados quando houve o golpe de 1964, que abalou o IAPB e todo o sistema previdenciário.

Como o IAPB era o instituto que estava mais ativo no setor habitacional, foi em torno dos seus empreendimentos inacabados que gerou um confronto político entre a antiga estrutura (baseada na produção habitacional dos IAP’s que privilegiava as corporações), e a proposta que o novo regime tinha para a habitação popular (baseada no financiamento da casa própria, de caráter universal).

Nesse confronto, se destaca o Sindicato dos Bancários, que lutou para garantir que a categoria tivesse o direito à habitação produzida pelo instituto.

Dentre as inúmeras lutas realizadas pelo sindicato, algumas se destacaram:

- Uma foi a resistência em aceitar a proposta do IAPB, no final dos anos 1950, de vender as unidades habitacionais ocupadas pelos associados, que eram alugadas.

(Temia que a medida gerasse exclusão de bancários que não tivessem condições de pagar as prestações de um financiamento).

Foi barrada a implementação dessa medida até a mudança do regime, a partir de 1964 a previdência, com o apoio do BNH, vendeu todas as unidades habitacionais para os antigos moradores.

- Outra foi em cima do Conjunto Residencial Santo Antônio, na Zona Norte de São Paulo, que ficou pronto em 1967, onde o IAPB não existia mais.

Enquanto o BNH queria leiloar as unidades habitacionais desse conjunto à enorme quantidade de interessados, bancários ou não, que procurava uma moradia. O Sindicato exigia o atendimento aos classificados no plano original e o respeito às condições que esperavam obter quando o empreendimento foi planejado. Depois de muita negociação, o conjunto foi ocupado pela demanda original.