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RESENHA O CÍRCULO PRIVILEGIADO

Por:   •  21/10/2018  •  Resenha  •  1.417 Palavras (6 Páginas)  •  306 Visualizações

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RESENHA O CÍRCULO PRIVILEGIADO – Garry Stevens

Segundo o autor do texto, mesmo que semelhantes, psicologia e sociologia não tem muito com comum. Uma se volta às áreas biológicas enquanto outra é relacionada às ciências políticas e econômicas. Mudar de um pensamento destes para o outro pode não ser tarefa simples, considerando o problema do campo arquitetônico que não aceita facilmente a contribuição sociológica.

Os sociólogos são mais críticos, tendo o papel de analisar a genialidade da arquitetura invés de buscar os fatores determinantes dela e adorá-la, assim como os psicólogos. Sociólogos geralmente são tão críticos por enxergar problemas por toda parte e também ter ideias para a resolução destes. Assim, o autor do texto ainda diz que “os sociólogos com suas opiniões sobre o que a sociedade deveria ser, muitas vezes, dizem coisas que a profissão da arquitetura não está interessada em ouvir. ”

Rober Gutmn, sociólogo, por exemplo, diz que arquitetos folheiam livros de ciência buscando ideias que expressem suas opiniões e emprestem um imprimatur para seu projeto.

Hebert Gans, seguindo a mesma linha, diz que arquitetos não são grandes filósofos, fazendo uso de observações clichês, mesmo quando o projeto é bom. Ambos os sociólogos citados acima creem que o arquiteto não presta atenção ao social e as necessidades de quem habita suas edificações. 

A socióloga Dana Cuff descobriu em entrevistas com arquitetos de New York que a maioria deles considerava as pessoas como expectadores e não agentes ativos. Noções sociais de comunidade, família, trabalho, entre outras, eram mal definidas entre eles, deixando a impressão de que pessoas se intrometem no caminho dos arquitetos e da arquitetura.

Bill Hillier descreveu o problema central da teoria da arquitetura como o da determinação dos princípios abstratos subjacentes à forma construída.

As sociologias da arquitetura entram necessariamente em conflito com várias suposições importantes sobre estética e teoria da arquitetura. Há quatro pressupostos entre os filósofos e teóricos da arquitetura quanto aos quais os sociólogos devem se posicionar.

  • Os grandes edifícios, enquanto obras de arte, são únicos. O sociólogo, por sua vez, deve se voltar para regularidades observáveis.
  • Os grandes edifícios são obra de um único criador. A teoria da arte sempre esteve centrada no indivíduo. Por exemplo, para enfrentar a grande e nova forma de arte do século XX, o cinema teve de inventar a teoria do au/eur, a qual mantém que um filme pode ser um esforço coletivo, mas todos, exceto o diretor, são apenas trabalhadores braçais. A sociologia está preocupada com o coletivo.
  • O valor estético é inerente nos grandes edifícios. O sociólogo, pelo contrário, deve determinar como e por que a sociedade acaba por valorizar determinadas obras, enquanto outras são relegadas ao esquecimento. Uma sociologia da arte (em geral) nega o essencialíssimo.
  • A arquitetura é a expressão do gênio singular do criador. O esteta afirmaria que a sociologia da arquitetura é, portanto, redundante, uma vez que ignora a consequente impossibilidade de se analisar uma obra.

Estudos sociológicos da arquitetura

Os escassos estudos sociológicos da arquitetura podem ser classificados em três grandes categorias: estudos sobre a prática, estudos histórico-teóricos e estudos sobre gênero.

Estudos sobre a prática

        Robert Gutman, em seu livro Architectural Practice, descreve em detalhe a profissão como existia nos Estados Unidos em meados dos anos 1980. Resumindo seus achados, Gutman apresentou cinco desafios para a profissão. Em primeiro lugar, a profissão deve ajustar o número de indivíduos atuando no campo da arquitetura ao potencial de demanda por seus serviços. E chama a atenção para o êxito obtido pelo direito e pela medicina na restrição de matrículas nas escolas, sugerindo que a arquitetura siga o mesmo caminho - ainda que isto acabe com o suprimento de mão-de-obra barata representada pelos recém-formados que os escritórios estão acostumados a ter.32 Também sugere o desenvolvimento de algum tipo de sistema de estratificação, como na medicina,

na qual internos, residentes, enfermeiras e outros profissionais paramédicos são controlados por membros da própria profissão médica.

Em segundo lugar, Gutman desafia a profissão a desenvolver uma filosofia da prática que corresponda às demandas da indústria da construção. Critica os arquitetos - e em especial suas entidades profissionais - por não serem capazes de desenvolver políticas consistentes quanto às suas relações com outras profissões atuantes nessa indústria. E descreve a comunidade das firmas de arquitetura como dividida e sem a licença do AIA.

Em terceiro lugar, apela à profissão para que mantenha um controle firme de um mercado cada vez mais competitivo. Propõe o estabelecimento de programas de treinamento especializado nas escolas, de modo que os arquitetos possam adquirir experiência em outras áreas da construção. Como uma alternativa, sugere o retorno do arquiteto à essência de sua atribuição, aquela do projeto artístico.

O quarto desafio está na necessidade de manter os escritórios rentáveis. Seu último desafio é o de descobrir maneiras para melhorar o estado de espírito dos jovens arquitetos e motivar os escritórios a realizar um bom trabalho.

        Judith Blau, que pesquisou inúmeros aspectos do mundo artístico, também estudou o mundo da prática arquitetônica. Concluiu que o decisivo na prevenção de desastres, no resistir durante os períodos de depressão, era ter um escritório com o porte adequado e um fluxo contínuo de comissões de grandes empresas.

Magali Sarfatti Larson, verificou-se a existência de fortes vínculos ecológicos entre a dimensão da indústria da construção local, o número de escritórios e o número de faculdades de arquitetura. Larson mantém que o papel ocupacional da arquitetônica depende de dois conjuntos de relações sociais. O primeiro se dá entre aqueles que concebem o edifício e aqueles que executam tal concepção ou, como ela os denomina, entre telos e techne. Os arquitetos existem apenas quando a execução da construção está separada de sua encomenda. A segunda relação social existe entre os clientes, que definem as funções de um edifício, e aqueles que fazem a intermediação entre os clientes e os executores (construtores).

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