RESUMO MESTRADO GISELLE TANAKA
Por: Mariana Rangel • 26/11/2018 • Trabalho acadêmico • 934 Palavras (4 Páginas) • 203 Visualizações
Periferia e seu conceito
O conceito de “periferia” se tornou explicativo a partir dos fenômenos urbanos na metrópole de São Paulo no decorrer da segunda metade do século XX, tendo uma de suas primeiras aparições em uma publicação em São Paulo 1975: Crescimento e Pobreza (CAMARGO et alli, 1976), que utilizou o termo entre aspas, sendo conceituada como lugar de moradia da força de trabalho urbana, marcada pela presença da “mão-de-obra necessária para o crescimento da produção”.
A periferia se constitui no contexto como um problema social e um problema acadêmico, de crescimento urbano-industrial, serve de modelo para entendimento da estrutura social, urbana e espacial da formação de São Paulo. É um contexto que ganha visibilidade na mídia causado pelos problemas urbanos devido a gravidade e a dimensão, ganhando destaque nos discursos das autoridades e reconhecimento pela ação popular, no início como reivindicações imediatas e pontuais, para depois ganhar força ainda maior nos chamados movimentos sociais urbanos.
Uma referência relevante na construção do conceito “periferia” é a pesquisa realizada por Nabil Bonduki e Raquel Rolnik, com o título “Periferia da Grande São Paulo, Reprodução do espaço como expediente de reprodução da força de trabalho” (1979). Na pesquisa, periferia é relacionada aos produtores e consumidores do espaço urbano, dos loteamentos “periféricos”; mercantilização do solo urbano e da casa; e dinâmicas de segregação social na cidade. Marca também a ideia de periferia como lugar onde o trabalhador encontra condições para conquista da casa própria, em função de seu valor inferior (áreas com baixa renda diferencial) e viabiliza a sua reprodução social.
A questão da renda da terra está presente nesta primeira conceituação, o diálogo sobre a diferente baixa renda ganha evidência para a compreensão da segregação urbana e a ausência de investimentos privados (no loteamento da gleba) e públicos (infra-estrutura e serviços – bens de consumo coletivo).
Em diferentes artigos, o conceito é descrito como: áreas distantes do centro, onde ainda não chegaram serviços urbanos e por isso a terra é mais barata e a população pobre pode pagar por ela (SINGER, 1979; p.33); áreas onde não houve ainda entrada do capital imobiliário e por isso se mantém com valores mais baixos (LEFÈVRE, 1979; p.104 e 115); “espaço de residência da classe trabalhadora ou das camadas populares” (MARICATO, 1979; p.83); vastas áreas ocupadas por casas autoconstruídas em pequenos lotes, sem equipamentos, precários serviços públicos e infra-estrutura urbana, comércio informal, e que “se assemelham a canteiros de obras, e mantêm essas características por muitos anos” (MARICATO, 1979; p.82-83;87). Esses termos possuem a ideia de que a periferia é o espaço urbano de moradia da classe trabalhadora, apontada por carência urbana e resultado de processos de segregação urbana.
O Estado estaria dificultando a população de baixa renda a ter acesso ao loteamento regular ao definir exigências legais para regularizá-lo, incentivando assim a produção do loteamento clandestino. O Estado também acabou privilegiando setores mais vitais à produção e bairros destinados às faixas de renda média e alta, por causa da incapacidade de prover toda a cidade com infra-estrutura e serviços.
O conceito de periferia nasce relacionado ao conceito de desigualdade, produzidas como resultado da espacialização do conjunto de relações sociais, econômicas e políticas que dominam a sociedade. Seria uma relação de antagonismos sociais: urbano – não-urbano, legal – ilegal, formal – informal, ordem-caos, cidade – não-cidade; centro – periferia; riqueza – pobreza. É a riqueza que produz a pobreza, resultando na expulsão da população pobre e produz a periferia.
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