Resenha "A Natureza do Espaço" de Milton Santos
Por: Amanda Crippa • 2/3/2017 • Resenha • 1.119 Palavras (5 Páginas) • 1.484 Visualizações
Resenha “O Sistema Técnico Atual” do texto “A Natureza do Espaço” por Milton Santos
A partir da leitura do capítulo 7, O Sistema Técnico Atual, do texto A Natureza do Espaço do autor Milton Santos, pode-se dizer que o conhecimento dos sistemas técnicos sucessivos é essencial para a compreensão e entendimento das variadas formas de estruturação, funcionamento e articulação dos territórios, desde às eras mais antigas até a atualidade. Há diversas divisões de períodos feitas por diferentes autores, como por exemplo Ortega y Gasset (1939) identifica três momentos nessa evolução: a técnica do acaso, a técnica do artesão, a técnica do técnico ou do engenheiro. E C. Mitcham (1991) complementa dizendo que esta última periodização, que na primeira fase não há um método para descobrir ou transmitir as técnicas utilizadas, na seguinte já há algumas técnicas conscientes transmitidas entre gerações por uma classe especial, a dos artesãos. Enfim, cada período possui um sentido, que é compartilhado pelo espaço e pela sociedade.
De uma maneira geral, o processo evolutivo da técnica poderia derivar dos instrumentos artificiais utilizados pelo homem: a ferramenta, a máquina, o autômato. Estas etapas marcam os momentos decisivos na evolução das relações entre o homem, o mundo, os materiais, as fontes de energia. O papel que as técnicas têm na produção da história mundial, a partir da revolução industrial, faz desse momento um marco definitivo. É, também, um momento de grande aceleração, ponto de partida para transformações consideráveis na história. Segundo Ronald Anderton (1971, p. 117), a história da industrialização deve ser lida segundo três marcas: "em primeiro lugar, o estabelecimento de métodos fabris da manufatura; em segundo lugar, a introdução da produção de massa, e em ter ceiro lugar o desenvolvimento de sistemas baseados nos computadores, no controle e nas comunicações, em resumo, na automação".
O período atual é, ainda, incompleto. Pode-se ter certeza quanto ao possível desenvolvimento a partir das técnicas atuais. Mas, como em outros momentos de grande avanço tecnológico, é difícil afirmar como será o futuro do avanço das inovações técnicas.
Sobre os sistemas técnicos, segundo J. Ellul (1977), a noção de sistema é inseparável da ideia de técnica, já que a técnica nunca aparece só e jamais funciona isoladamente. A vida das técnicas é sistêmica e sua evolução também. Conjuntos de técnicas aparecem em um dado momento, mantêm-se como hegemônicos durante um certo período, constituindo a base material da vida da sociedade, até que outro sistema de técnicas tome o lugar. É essa a lógica de sua existência e de sua evolução. O que quer dizer que as técnicas têm uma periodicidade, sendo substituídas assim que outro sistema, este, formado por um conjunto de novas técnicas. Pode-se dizer que a evolução dos sistemas técnicos é marcada por uma busca de sentido entre os fatores materiais e sociais. Esse "meio ambiente técnico", já citado por Simondon é, também, responsável pelo fato de que a produtividade de cada invenção depende da disponibilidade de tecnologias complementares.
As épocas se distinguem pelas formas de fazer, ou seja, pelas técnicas. Os sistemas técnicos englobam as formas de produzir energia, objetos e serviços, além das formas que a sociedade se relaciona. O sistema técnico atual é a união da técnica e da ciência, com base material e de ideais em que se fundam o discurso e a prática da globalização. Hoje o processo criativo de novos objetos, materiais se devem, também, às associações cada vez mais íntimas entre ciência e técnica.
Uma das características marcantes do sistema atual, se comparado aos anteriores, é a rapidez de sua difusão. As inovações técnicas anteriores se espalhavam com menos da metade da rapidez de difusão atual. Era um processo gradual de difusão, enquanto hoje esse processo é brutal. Ao mesmo tempo em que as novas tecnologias atingem uma massa muito maior de pessoas e abrangem uma área muito maior.
Uma outra característica das técnicas atuais vem do fato de sua indiferença em relação ao meio em que se instalam, muitas vezes ignorando as heranças culturais. Para se tornar local, a técnica não precisa necessariamente compor a cultura local.
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