Resenha - A cidade do pensamento unico
Por: Gessika Rayanne Bezerra • 28/5/2017 • Resenha • 947 Palavras (4 Páginas) • 679 Visualizações
O planejamento pode ser entendido como sendo um processo de trabalho permanente, que tem por objetivo final a organização sistemática de meios a serem utilizados para atingir uma meta, que contribuirá para a melhoria da cidade e seu habitantes. O plano abre um leque de opções e possibilidades de construir o espaço, porém nem tudo que está planejado vem a se tornar realidade.
O projeto urbano, direcionado pelo Estado, no molde keyneisiano, a partir da segunda metade do século XX, que acreditava no controle racional e centralizado dos destinos das políticas públicas urbanas, passa por uma série de questionamentos e mudanças de interpretações e suas ações realizadas na cidade.
As metodologias e propostas usadas pelo planejamento urbano modernista foram baseadas em critérios de racionalidade e de caráter exclusivamente técnico, não tendo nenhuma forma de participação da sociedade civil nas discussões de propostas para a cidade, ficando o espaço urbano submetido a normas e padrões que propiciassem, segundo vários autores marxista, a reprodução da força do capital, conforme os responsáveis pela “máquina de crescimento urbano”. Essas duvidas a cerca do papel do planejamento ganha uma proporção maior a partir da década de 1970, adentrando pela década de 1980, tendo o intuito de “desmascarar” a verdadeira função do planejamento, entendido que através do intervencionismo e o
regulacionismo estatal tinha, segundo vários autores, principalmente de orientações marxistas, o intuito de tentar manter a cidade às necessidades do capitalismo, ou seja, manter condições favoráveis, seja a longo ou em médio prazo, o status capitalista.
A crescente vitória da ideologia neoliberal, nos anos 80 e 90, vem reforçar a idéia que o fim do planejamento “controlador”, e da burocratização é mais que necessário para que as economias de mercado possam resolver os problemas urbanos e sociais das cidades.
Cidades, a nova mensagem soou em alto e bom som, eram má- quinas de produzir riquezas; o primeiro e principal objetivo do planejamento devia ser o de azeitar a máquina. O planejador foi-se confundindo cada vez mais com o seu tradicional adversário, o empreendedor; (p. 21)
Projetos como o de Barcelona, Portugal ou Berlim cumprem essa função. O mundo do espetáculo e dos grandes projetos, como um fator central utilizado pelas administrações para atrair as atenções e o dinheiro.
A saber, modernizar não significa inovar socialmente com eqüidade, mas antes entulhar as cidades com obras que as façam parecer modernas, primeiro passo indispensável para as tornar rentáveis: arquitetura de materiais high tech - a mitologia exigida pelo espaço construído do terciário avançado - cujas fachadas sequer observam uma relação direta com a realidade, pois se trata apenas de tornar visível (e impressionante!) o próprio "imaterial" a que se resu- mem os serviços de última geração prestados aos comandos ou subcomandos das redes empresariais. Digamos que o "cultural" é a expressão multiforme dessa mitologia da nova fronteira tecnológica e social transposta pela Information Age. {… p. 63 e 64}
Os defensores dos “mercados livres” e “desenvolvimento”, proporcionaram a expansão dos “Planos Estratégicos” nos moldes de Barcelona, tendo seu referencial no ideário no neoliberalismo, propondo, em nome de uma modernidade global mundial, cidades funcionais.
A cidade não é apenas uma mercadoria, mas também, é uma mercadoria de luxo, destinada a um grupo de elite.
Talvez esta seja, hoje, uma das idéias mais populares entre os neoplanejadores urbanos: a cidade é uma mercadoria a ser vendida, num mercado extremamente competitivo, em que outras cidades também estão à venda. (p. 78).
Cada vez mais estratégias para implantação de gestões democráticas para as cidades vem ganhando força e respaldo na sociedade brasileira. Precisamos ter maturidade e inteligência política para entender que esse processo é trabalhoso e complexo, pois envolve uma diversidade de agentes, que atuam em diferentes níveis no mesmo espaço-social. São muitas as nossas limitações para que consigamos enfim implantar ações em nossas cidades para um planejamento urbano.
Algumas limitações que vejo são:
- Uma sociedade desigual e autoritária como a nossa é quase impossível fazer uma reforma urbana com participação popular;
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