Resenha Jun Okamoto

Resenha Jun Okamoto

A obra de Okamoto recorre à neurociência em busca de estudar o processo de percepção de um indivíduo e de seus sentimentos no espaço. Ele destaca em sua pesquisa a importância desse estudo para discutir a necessidade de mudanças na forma de construir o espaço, dado uma conclusão crítica sobre as cidades pouco afetivas. Isso ocorre pois, ao priorizar a estética e necessidades, os sentimentos são deixados fora de contexto; de lado. É assim que o autor defende seu estudo sobre a percepção ambiental: uma forma de se projetar ambientes onde as sensações, as realidades pessoais, sociais, e culturais, e as relações humanas harmoniosas são levadas em consideração, influenciando o comportamento e os estímulos internos. O comportamento humano responde ao ambiente físico através de uma série de estímulos energéticos externos que absorvemos - é a capacidade de poder filtrar partes da realidade em diferentes níveis sensoriais.

Dessa forma, Okamoto diz que nossa mente nunca percebe a realidade absoluta, apenas o que somos capazes de observar e filtrar. A consciência humana é formada pela sensibilidade (espaço), o entendimento (tempo) e a razão (essência), como estabelecido por Kant. Através desses estímulos, podemos ressaltar os aspectos que acatam nosso interesse e assim percebê-los, resultando em uma resposta comportamental a isso. Isso também pode variar de indivíduo para indivíduo dependendo de sua idade ou de suas características genéticas, como afirmam alguns nativistas; pois vai derivar de nossa experiência de mundo, de nossa cultura, emocional, etc.

Da mesma forma como podemos experienciar a realidade em tonalidades, formas, profundidades, e até mesmo em temperaturas (como é o caso para animais ectotérmicos e endotérmicos), também temos outros receptores sensoriais, estabelecidos por Tierdermann e Simões em 5 classes; as mecanorreceptores (respondem à energia  mecânica), as fotorreceptores (respondem à energia eletromagnética), as termorreceptores (respondem à energia térmica), as quimiorreceptores (respondem à substâncias químicas) e as nociceptores (como receptores da dor, causados por estímulos mecânicos, térmicos e/ou químicos). Esses filtros da realidade também podem ser enviados através de respostas eletroquímicas, sendo elas interorreceptores (vem do subconsciente interno, como sensação de fome), proprio-receptores (informação de movimento, dor, equilíbrio e gravidade), e exteri-receptores (estímulos exteriores ao corpo, como os 5 sentidos básicos).

Já conhecemos a visão (sentido predominante, que localiza e reconhece qualquer ameaça imediata, e determina aparências externas, apesar de ser distorcida em nossa percepção de mundo), o olfato (sentido que sofre menos perda de detalhes, e com forte laço emocional inconsciente), o paladar (sentido social, como o ato de comer com outras pessoas), e o tato (sentido mais amplo, que permite a noção   de tridimensionalidade), a audição (também relacionada à segurança e comunicação, assim como espaço).

Além deles, também são apresentados as sensações térmicas (relacionado ao acolhimento e o estado emocional), o sentido espacial (compreende o equilíbrio e gravidade, assimila o espaço real e simbólico), sentido vestibular, sentido de movimento, sentido cinestésico (correspondente ao conforto e influenciado pela cultura), sentido proxêmico (espaços subjetivos, como o espaço íntimo, pessoal, social e público), sentido do pensamento, sentido de abdução, sentido da compleição, sentido da linguagem, sentido do prazer e sentido afetivo.

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