Resenha do livro Cabeça Bem-feita
Por: nayacostt • 19/6/2018 • Monografia • 1.048 Palavras (5 Páginas) • 367 Visualizações
Nome: Nayá Oliveira Costa
Curso: Comunicação Social – Jornalismo
Matéria: Metodologia
Professora: Ivânia
Resenha do livro Cabeça Bem-feita
O livro “A cabeça bem-feita - Repensar a reforma, reformar o pensamento” de Edgar Morin propõe a reforma do pensamento e por seguinte, interligada, a reforma do ensino. Segundo o autor, o ensino atribuído a todos não deve apresentar meras informações, mas sim, permitir entender a nossa condição, questionar as informações e problematizar os próprios problemas. O autor também apresenta diferenças entre cabeça cheia e cabeça bem-feita, sendo a última capaz de desenvolver uma aptidão geral de inteligência, tratando de maneira correta os problemas e organizando conhecimentos, dando-lhes sentido.
No primeiro capítulo chamado "Os Desafios", Morin fala sobre os saberes e a necessidade de uma visão mais ampla dos homens. Para ele, a falta de integração, a globalização dos problemas e a fragmentação dos saberes resultam no ocultamento das interações e dos problemas essenciais, ou seja, a hiperespecialização, que impede os homens de ver o global, assim como o essencial, que é reduzido ao máximo. Para que não ocorra uma falta de saberes concretos e redução de problema algum, ele propõe a quebra do modelo de “superespecialização” das disciplinas proposto em suma por Descartes. O ensino por disciplinas separadas dificulta ao aluno a capacidade natural de aprender “ o que é tecido junto”, seu complexo, impedindo assim a contextualização de informações. Há claramente uma necessidade de visão em perspectiva global pelos indivíduos, para que a mesma ocorra a longo prazo. Em resumo, o objetivo do autor com a ampliação da visão fica claro na frase:
"Uma inteligência incapaz de perceber o contexto e o complexo planetário fica cega, inconsciente e irresponsável." (p.15)
Porém, para que isso ocorra, o autor apresenta três desafios para a organização dos saberes: o desafio cultural, desafio sociológico e o desafio cívico. O primeiro diz respeito a divisão da cultura em dois blocos: a cultura das humanidades, a qual estimula a reflexão sobre o saber e favorece a integração pessoal do conhecimento, e a culturacientífica que utiliza a razão acima dos problemas globais. A cultura científica não reflete sobre o futuro humano e, assim, a cultura humana é privada da reflexão sobre os problemas gerais e globais. O desafio sociológico seria a gestão da informação, “matéria-prima que o conhecimento deve dominar e integrar ”; o conhecimento, por sua vez, deve ser revisado pelo pensamento, e o pensamento se trata do "capital" mais precioso para o indivíduo e a sociedade. A informação, o conhecimento e pensamento devem estar unidos em tal desafio. Por fim, é apresentado o desafio cívico, onde cidadãos agem na sociedade assim como em uma indústria e que, além disso, o indivíduo se distancia do direito ao conhecimento devido ao demasiado tecnicismo na esfera política; o enfraquecimento de uma percepção global leva ao enfraquecimento do senso de responsabilidade e solidariedade na população, conduzindo assim, o aumento da responsabilidade individual.
Além dos três desafios, Morin afirma que o desafio dos desafios se trataria da “reforma do pensamento”, ou seja, uma reforma fundamental, que uniria as duas culturas divididas; a reforma do ensino deve levar à reforma do pensamento, e a reforma do pensamento deve levar à reforma do ensino. É citado em seu livro:
"A reforma do pensamento é que permitiria o pleno emprego da inteligência para responder a esses desafios e permitiria a ligação de duas culturas dissociadas. Trata-se de uma reforma não programática, mas paradigmática, concernente a nossa aptidão para organizar o conhecimento." (p.20)
O capitulo intitulado “Cabeça bem-feita” apresenta no prefácio a frase de Pascal:
“Não se ensinam os homens a serem homens honestos, mas ensina-se tudo o mais.”(p.21)
Morin em seguida cita o ensino formulado por Montaigne: mais vale uma cabeça bem-feita do que “bem cheia”. A cabeça "bem cheia" é uma cabeça onde o saber acumulado e empilhado e não dispõe de um principio de seleção e organização que lhe de sentido (p.21). Já a “cabeça bem-feita” se trata de um indivíduo capaz de ligar e organizar os conhecimentos e, assim, lhes dar sentido. Comenta ainda que quanto mais desenvolvida a inteligência, maior a capacidade para resolver os problemas especiais, e que uma cabeça bem-feita tem a capacidade de organizar o conhecimento para que não se torne estéril. Morin diz que “a esse novo espírito científico será preciso acrescentar a renovação do espírito da cultura das humanidades” (p. 33). A cabeça bem-feita seria a responsável para acabar com a divisão das culturas e responder aos desafios da globalidade e da complexidade na vida social, política, cultural, nacional e mundial. Em sua organização se fazem presentes análise, síntese, ligações e separações de conteúdos, para assim entender a complexidade das coisas em si; relacionar partes com o todo. Propõe também que a inteligência seja ligada à dúvida, pois sem o questionamento da mesma ocorre uma aceitação prévia de tudo que é imposto; a extinção da curiosidade é vista como negativa. Juan Mairena é citado no livro, onde diz que há necessidade de "duvidar de sua própria dúvida", fazer uso da lógica, dedução e redução.
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