ANÁLISE DO LIVRO "A Cabeça Bem Feita"
Ensaios: ANÁLISE DO LIVRO "A Cabeça Bem Feita". Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Ferh.Leite • 2/12/2013 • 2.453 Palavras (10 Páginas) • 3.072 Visualizações
Capítulo I – Dasafios:
Morin começa o livro com o capítulo “Desafios”, onde ele constrói o pensamento ao redor dos obstáculos à reforma do pensamento, dividindo os desafios em 4; o desafio cultural, o desafio sociológico, o desafio cívico e o desafio dos desafios.
Antes de iniciar a reflexão sobre os 4 desafios Morin faz uma profunda crítica ao reducionismo científico que separa os saberes, descontextualizando-os. O que gera um absurdo conflito com a solução, multidimensional, complexa e inteiramente relacionada com seu contexto. O reducionismo teve como principio a simplificação dos problemas por analisa-lo em pequenas e simples partes, e até certo ponto conseguiu aprofundar a compreensão. Porém, o que deveria ajudar a resolver gerou outro problema, pois o foco no micro deforma o macro e tende a gerar uma visão limitante, de curto prazo.
O nosso sistema de ensino, ao invés de corrigir esse caminho obedece a ele. No ensino básico somos ensinados a isolar os objetos de seu meio, a separar as disciplinas, ao invés de reconhecer suas correlações e a complexidade das questões. O conhecimento que deveríamos estimular deveria ser o capaz de situar qualquer informação em seu contexto, pois o conhecimento progride quando se contextualiza.
O desafio cultural – Morin divide a cultura em 2 grandes vertentes, a cultura das humanidades e a cultura científica. A cultura humanística é abrangente, se constrói pela via da filosofia, do romance. Alimenta a inteligência generalista, enfrentando as grandes e complexas interrogações humanas, estimulando uma reflexão sobre o mundo. A científica separa as áreas do conhecimento, acarreta grandes descobertas mas não uma reflexão sobre o destino humano, ou mesmo sobre o futuro da ciência.
O desafio sociológico – Enxergar a informação como matéria prima que o conhecimento deve dominar, integrar e contextualizar. Através de uma constante reflexão onde o pensamento visita e revisita o conhecimento, alimentando-o diariamente. Assim, Morin coloca o pensamento como capital mais precioso da sociedade.
Desafio cívico - O enfraquecimento da percepção global diminui o senso de responsabilidade pois cada se sente responsável apenas pela sua tarefa especializada, enfraquecendo a solidariedade e a empatia, tirando o elo entre os cidadãos.
Além disso, com o saber se tornando cada vez mais complexo e exclusivo dos especialistas, os quais também entendem apenas sua parte, o cidadão não tem mais direito ao conhecimento. Se tornando cada vez mais distante da realidade, e assim mais sujeitos ao controle alheio. Dessa forma, quais mais técnica se torna a política, menos democrática ela se constrói.
Há, dessa maneira, o surgimento da necessidade de uma democracia cognitiva, uma nova modalidade de democracia que atente para a igualdade de conhecimento da realidade compartilhada, requisito básico para uma democracia legitima e plena.
O desafio dos desafios - O desafio maior é organizar o próprio conhecimento, sobretudo em uma geração com tanto acesso à informação mas pouco desenvolvimento do conhecimento. A educação deve ter esse ponto como objetivo, deve ensinar a organizar a informação construindo assim o próprio conhecimento.
Capítulo 2: A cabeça bem feita:
A primeira finalidade do ensino formulada por Montaigne é que mais vale uma cabeça com pouca sabedoria que muita informação. Assim começa Morin no capítulo que ele descreve as características da cabeça bem-feita.
Aponta duas grandes características na construção dessa Cabeça bem-feita:
• Uma aptidão generalista para colocar e tratar problemas.
• Princípios organizadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido.
Aptidão geral - Quanto mais desenvolvida é a inteligência geral, maior é a sua capacidade de tratar problemas específicos. Sendo assim, a educação deve educar para um pensamento mais generalista, estimulando o livre exercício da curiosidade na infância e na adolescência, tomando cuidado com a instrução que por vezes guia por imposição e não por curiosidade. Trata-se de instigar desde cedo a aptidão interrogativa e orienta-la para os problemas fundamentais de nossa época
A inteligência generalista requer que seu exercício seja ligado à dúvida, fermento da atividade crítica, que permite repensar o pensamento, deixando espaço para duvidar da própria dúvida. Discutindo, usando a lógica, a dedução e a argumentação na construção dos saberes. Com isso, as disciplinas são trabalhadas para o além delas; O professor de matemática ensina o cálculo mas também o além cálculo, revelando o quão matemático outras questões podem ser, ou como a lógica matemática pode auxiliar outras questões.
A organização dos conhecimentos - O conhecimento comporta ao mesmo tempo separação e ligação, análise e síntese. A nossa civilização e nosso ensino privilegiam a separação e a análise, o poder da ligação e da síntese estão enfraquecidos. Nós, enquanto educadores, devemos resgatar o poder da ligação tese e antítese para gerar a síntese.
A psicologia cognitiva vem apontando que o conhecimento progride pela aptidão em contextualizar as informações. Sendo assim o desenvolvimento da contextualização deve ser visto como um imperativo na educação.
Um novo espírito científico - A segunda revolução científica do século XX vem contribuindo para essa cabeça globalizante, generalista. O surgimento de novas ciências como Ecologia, Cosmologia e Ciências da Terra, tem como objeto de estudo um sistema. Realizam o restabelecimento dos conjuntos construídos a partir de interações, inter-relações.
Ecologia - A noção de ecossistema diz respeito ao conjunto das interações entre populações vivas em uma unidade geofísica. A partir dos anos 70 a ecologia se estendeu à biosfera como um todo, sendo esta vista como um grande sistema auto regulador. Essa ecologia, já generalista, se alimenta de outras ciências como Física, a Zoologia, a Microbiologia, a Matemática e às Ciências Humanas, afim de analisar as interações entre o humano e a biosfera.
Ciências da Terra - Nos anos 60, depois de formulada a teoria da Tectônica de Placas, as ciências da terra perceberam nosso planeta como um sistema complexo que se autoproduz e auto organiza. Descobrindo que fenômenos iniciados em um lado do mundo podem desencadear desastres em outros países distantes, obrigando o homem a se enxergar como um todo inserido no Planeta.
Cosmologia - Na cosmologia contemporânea o extremamente grande (galáxia) é estudado
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