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SINGERPAUL - ECONOMIA POLITICA E URBANIZAÇÃO

Por:   •  5/6/2016  •  Monografia  •  3.388 Palavras (14 Páginas)  •  1.276 Visualizações

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

Aluno: Felipe Farina Borges Fortes

Sétimo Semestre - Arquitetura e Urbanismo

ECONOMIA POLÍTICA DA URBANIZAÇÃO

Resumo de Capítulos do Livro de Paul Singer

Desenvolvido para disciplina de Desenho Urbano,

lecionada pelas professoras Beariz Kara José e Nisimar Martinez.

A GUISA DE INTRODUÇÃO: URBANIZAÇÃO E CLASSES SOCIAIS

A divisão entre o rural e o urbano aparece mais claramente quando se acumula um excedente da produção alimentar que permite que uma parcela desse aglomerado se dedique à outras atividades, que não as deliberadamente campestres. Apesar disso, as duas são interdependentes, quando uma necessita da outra de acordo com as atividades que são desenvolvidas ali. Dentro desse contexto, existem diferenças sociais e econômicas, sendo que essas só se evidenciam, de forma super clara, quando existe um confronto entre elas. Para entender as classes, a divisão cidade x campo deve ser menos fundamental que a relação das classes dentro de cada uma delas. Assumir que existe a classe do campo e a classe rural, sem colocar a heterogenia interna à cada uma delas, é ineficiente.

A agricultura é um monopólio do campo. Mesmo que exista pontual atividade primária na cidade, é no campo que esse tipo de atividade acontece fundamentalmente. A economia do campo, então, é essencialmente rural. Para o surgimento da cidade pressupõe também a existência de uma sociedade de classes. Uma sociedade igualitária, em que todos participam do mesmo modo, mesmo que possibilite a produção do excedente, não permite que uma sociedade se dedique à produção e outra à apropriação dessa. Ou seja, existe uma sociedade rural autossuficiente, mas é só a partir do momento que uma parcela dessa sociedade constitui uma classe dominante, que está livre de obrigações da produção direta, acontece a divisão do trabalho entre campo e cidade. A origem da cidade é anterior à da sociedade de classes.

É na instauração dessa classe social dominante, através do agrupamento de pessoas na envoltória de um templo, ou de um forte, que se evidencia o surgimento de uma atividade produtiva própria. A criação da cidade requer acumulação prévia, entendida como um fluxo permanente de um excedente alimentar do campo à cidade. A cidade comercial é fruto de uma cidade-estado, que domina um certo produto e extrai dela um mais-produto continuamente, transformando o excedente agrícola num potencial intercâmbio de bens de luxo, manufaturado. A partir do momento que existe a troca monetária é que se torna possível a ampliação da divisão social do trabalho.

A constituição da cidade é uma inovação na técnica de dominação e na organização da produção. Essencialmente, as cidades especializavam pessoas para instituir uma frente de poder armado, à fim de explorar terras. Ou seja, a cidade, inicialmente baseada no excedente alimentar, o transforma à níveis extraordinários. Com o crescimento da população e a ocupação cada vez mais adensada do solo agriculturável, esse tipo de profissionalização de pessoas para prestarem forças que assegurem o exercício da produção e da defesa (soldados). Neste cenário, associado a um aumento populacional significativo, aumentando também a demanda, esgota-se a capacidade das forças produtivas para satisfazê-las. Surge, então, a necessidade de superar as velhas condições econômicas de coletividade, para expansão da produtividade e do desenvolvimento de forças produtivas.

O crescimento da população e o estágio alcançado pelas forças produtivas abrem margem para um novo modelo de desenvolvimento desta força, ou essa situação irá criar um ambiente completamente autodestrutivo, onde a fome e as epidemias dizimarão a população. Assim, o valor de uso do mais-produto excedente se transforma em valor de troca, como mercadoria, alterando pela base a transformação da cidade inserida na divisão social do trabalho. Concomitante a isto, surge uma nova classe dominante, detentora de riqueza móvel, com valor de troca. Esse tipo de relação do trabalho surge, necessariamente, no espaço da cidade. O novo tipo de produção separa o produtor do seu fundo de subsistência, coagindo-o a obter os meios para comprar os víveres que necessita. Nesta fase, a cidade deixa de ser a sede da antiga classe dominante para tornar-se o centro de uma nova classe rival de mercadores, especuladores, coletores de impostos. A população que vive no campo, continua a produção primária e produzindo o excedente que é apropriado pela velha classe dominante. A classe dominante, então, passa a aliená-lo em troca de produtor de luxos trazidos do exterior pelos mercadores, que por sua vez, usam do excedente para obter artesanato urbano local.

A aglomeração urbana permite a expansão da divisão do trabalho, limitada pelo tamanho do mesmo. Ao se aglomerar num espaço limitado uma numerosa população, a proximidade entre produtores e consumidores (em um cenário que ainda não existe transporte mecanizado) reúne num mesmo mercado considerável massa. A divisão do trabalho acontece entre diferentes núcleos urbanos. Esse desdobramento permite o surgimento de atividades especializadas que suprem uma demanda mais ampla que a do mercado local, já que os núcleos passam a se desenvolver internamente, impactando, claro, na rede estrutural que pertencem. Para que isso aconteça, é necessário que a rede esteja integrada politicamente, limitando o crescimento autônomo dos núcleos e garantindo a não-expansão independente.

O caráter integrador da economia urbana torna diferentes partes do território, com características sólidas de especialização, interdependentes. É no estabelecimento da relação entre o trabalho da cidade e do campo que a cidade deixa de ser a sede da classe dominante para transformar, assim como no campo, elementos da natureza. Assim, o homem do campo passa a ser consumidor de produtos urbanos, é aqui que acontece a verdadeira troca e interdependência entre campo e cidade. A partir do momento que a cidade captura atividades exercidas no campo para desenvolver internamente e cria novas atividades mediante a produção de novas técnicas, dificulta-se a distinção entre as duas.

Em cada momento e lugar, a estrutura de classes concreta resulta da presença simultânea de diferentes modos de produção. As tensões e conflitos entre classes, necessariamente são pautadas nesta diferença, em que modos de produção se tornam conflitantes, seja na relação de dominador e dominado ou de dominadores de diferentes modos de produção. Para as classes dominantes que praticam diferentes modos de produção é interessante que não existam lutas entre dominadores e dominados, para que ela se permaneça forte sobre o dominante rival. Para as classes dominantes que praticam diferentes modos de produção é interessante que não existam lutas entre dominadores e dominados, para que ela se permaneça forte sobre o dominante rival.

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