SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a Cidade. Págs. 117-154
Por: Thiago Aust • 4/6/2019 • Resenha • 1.291 Palavras (6 Páginas) • 383 Visualizações
Resumo: SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a Cidade. Págs. 117-154
O texto tem como objetivo geral relatar e debater as principais abordagens do planejamento urbano e para tal é necessário se atentar a seleção e a classificação/tipologização.Quanto a seleção, considerou-se somente o Urbanismo Moderno e desconsiderou-se o as correntes culturalistas e pré-urbanistas. Já a classificação/tipologização foi adotada uma tipologia abrange que atinja distintos aspectos dos fenômenos sob análise tentando assim evitar uma simplificação exagerada que leve ao reducionismo. A tipologia deve ser também “a posteriori”, definidos após uma análise intensa da realidade.
Os oito critério adotados são: 1) idéia-força central: que é o objetivo essencial; 2) filiação estética; 3) escopo: se o planejamento é estritamente “físico-territorial ou pode abranger mais dimensões; 4) grau de interdisciplinaridade; 5) permeabilidade em face da realidade; 6) grau de abertura para com a participação popular; 7) atitude em face do mercado; 8) referencial político-filosófico.
O planejamento físico-territorial, ou “blueprint planning” concebe o planejamento como planos de ordenamento espacial para uma “cidade ideal”. Há uma redução, que varia a intensidade, do planejamento urbano a um planejamento de organização espacial focado no traçado urbanístico, as densidades de ocupação e com o uso do solo. Possui também um aspecto regulatório muito intenso em que o Estado usa de seus poderes para controlar a expansão urbana e o uso da terra. Foi a partir do período pós Segunda Guerra Mundial (1939-1945) que os grandes sistemas de planejamentos nacionais começaram a surgir.
Mesmo o “blueprint planning” tendo surgido nesse período e o Urbanismo modernista nos anos 20. O Urbanismo modernista pode ser considerado sob alguns aspectos uma expressão mais determinada do “blueprint planning” cuja principal figura foi Le Corbusier.
O modernismo surgiu ao tentar uma melhor adaptação das cidades à era industrial e portanto as necessidades do capitalismo. Transferindo para a produção do espaço urbano aspectos oriundos da produção industrial tendo esse pensamento evidenciado na comparação de Le Corbusier da casa a uma “máquina de morar”. Nesse sentido da cidade funcionar como máquina há uma preocupação com a higiene e a ordem.
A idéia-força central do Urbanismo modernista é a modernização da cidade, estando inteiramente pertencente ao imaginário capitalista. Porém, não é correto tachá-lo simplesmente de conservador, mas sim de iconoclasta, e sob o âmbito político havia preocupações “sociais”, em relação a habitações higiênicas e moradias dignas para a classe operária, sob a perspectiva de melhorar as condições de vida da classe trabalhadora, mas não uma superação do capitalismo.
O grau de permeabilidade para com a realidade é nula ou próxima disso sua concepção da “cidade-ideal” ignora a cultura, a história e a realidade das cidades ao propor uma “estilo internacional”.
O planejamento sistêmico surge nos anos 60 após as vária críticas direcionadas ao blueprint planning. A idéia-força central continua a ser a modernização da cidade, mas com um enfoque muito maior na racionalidade. Busca também uma entrada no debate científico, passando a envolver outras disciplinas como a Geografia. O planejamento sistêmico buscava entender como as cidades e regiões “funcionavam” o que ocasionou uma grande “cientifização” do planejamento.
Nunca chegando a substituir o blueprint planning, o que ocorreu de fato foi o blueprint planning absorvendo elementos do planejamento sistêmico. Além do vocabulário e a noção de que o planejamento deve ser constante pouco restou do planejamento sistêmico.
Não que o planejamento regulatório tenha desaparecido, mas o seu enfraquecimento possibilitou o surgimento de uma diversidade de correntes e estratégias. O que o autor chama de planejamento “mercadófilo”, tenta atender aos interesses do capital, rompendo com o princípio da regulação. Nesse planejamento o “empreendedorismo” empera há desregulamentação e uma diminuição da presença do Estado, não só no planejamento, mas na gestão urbana com o surgimento das parcerias público-privadas. Mantém-se sem questionar o modelo capitalista, o planejamento apresenta o mínimo de sentido público com ênfase conveniente ao capital imobiliário.
O planejamento mercadófilo está longe de ser estritamente “físico-territorial”, sem ser praticado apenas por arquitetos e urbanistas é aberto a várias influências desde que sejam valorizadas pelo mercado tendo como influência dominante o pós-modernismo.
Não existe uma análise profunda da realidade social e espacial mas a captação e decodificação dos sinais emanados do mercado, ou tão somente o atendimento das requisições do interesse do capital imobiliário. O grau de abertura para com a participação popular é reduzida ao no máximo uma pseudoparticipação. O planejamento mercadófilo está ligado aos ideais neoliberais, hegemônico desde os anos 80 com Reagan nos EUA e Thatcher na Inglaterra refletindo no Brasil a partir dos anos 90.
O New Urbanism no final dos anos 80, busca reintegrar os elementos da vida moderna (habitação, local de trabalho, fazer compras e recreação) com bairros de uso misto adaptados aos pedestres unidos por sistema de tráfego, sendo uma alternativa aos subúrbios. Esteticamente associa-se ao pós-modernismo sendo críticos do urbanismo naturalista e ao modernismo. Sua idéia-força central é conciliar o desenvolvimento urbano a valores comunitários em uma escala mais humana.
Ao tentar persuadir os empreendedores imobiliários das vantagens do novo modelo obtém um papel “pedagógico” frente ao mercado. Mas não deixa de ser considerado conservador ao não questionar a superabilidade da sociedade e da cidade capitalista. O New Urbanism é orientado para um planejamento “físico-territorial”, tendo pouca abertura interdisciplinar sendo mais restrito a atuação do arquiteto-urbanista. Existe uma acessibilidade a participação popular, mas bastante limitada.
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