Texto: Os aspectos sensoriais da madeira

Texto: Os aspectos sensoriais da madeira

A arquitetura sempre esteve presente na vida humana, é o que transforma o mundo, que nos traz várias emoções, sensações e descobertas. É a fonte em que o arquiteto deve pensar para proporcionar as pessoas experiências únicas através dos sentidos.

 De acordo com Pallasmaa (pg.11): Uma edificação além de cumprir suas funções de usos, deve intensificar a vida de seus usuários, estimulando seus sentidos. Portanto através da obra a arquitetura é capaz de explorar a sensação de realidade e identidade pessoal, reforçando-a por meio da integração entre espaços vivenciados, pessoas e suas experiências de mundo.

Uma obra de arquitetura deve ser pensada a partir dos diferentes estímulos sensoriais, revelar ambientes que instigam os sentidos humanos, utilizar elementos e materiais que buscam isso, fazer com que as pessoas ao entrar em um local, simplesmente sintam o que está ao seu redor, e cada uma irá fazer uma leitura do espaço pelos 5 sentidos: visão, tato, olfato, audição e paladar.

‘ A arquitetura reforça a experiência existencial. Nossa sensação de pertencer ao mundo, e essa é essencialmente uma experiência de reforço da identidade pessoal. Em vez da mera visão, ou dos 5 sentidos clássicos, arquitetura envolve diversas esferas da experiência sensorial que interagem e fundem entre si. ’ (Pallasmaa, pg. 39)

Diante disso, escolhemos a madeira como um material que pode transmitir vários aspectos sensoriais ao usuário, com o objetivo de transformar em um espaço onde não só se vê, mas também se ouve, sinta e até cheire, para mostrar que a arquitetura é capaz de despertar sensações que não podemos ver. Sendo assim, analisaremos:

A visão é uma dádiva, é o que impulsiona o ser humano, onde os olhos fazem uma leitura e observação. A madeira nesse aspecto, traz uma sensação agradável, pois ela tem uma estética, as cores são confortáveis. E somente com o ver, a madeira remete a uma sensação de calmaria.

O tato é o sentido que revela a textura, densidade, temperatura. Responsável pela conexão com o tempo e tradição, através do toque. De acordo com Pallasmaa (pg. 10) Todos os sentidos, até mesmo a visão, são extensões do tato. E quando uma pessoa pisa descalço em um piso de madeira, não tem como não ter uma sensação diferente de outros pisos, de conforto e pertencimento. A madeira é aconchegante ao tato por estabelecer em uma temperatura ambiente e de pertencimento. E esse tipo de material, com o tato, guia pessoas portadoras de necessidades especiais, por instigar ao toque, a uma textura diferente.

O olfato nos desperta, faz os olhos lembrarem de momentos passados ou algo novo. Pallasmaa (pg. 51), discorre que um cheiro específico é capaz de levar ao modo inconsciente num espaço totalmente esquecido pela memória da retina. O olfato desperta uma imagem esquecida e somos convidados a sonhar acordados. A madeira tem uma grande característica olfativa, por possuir um cheiro próprio, natural e intrínseco, que ‘empresta’ ao espaço onde se encontra. O aroma pode trazer uma sensação positiva, uma memória.

O paladar e o olfato caminham juntos, as partículas que cheiramos entram pelo nariz e passam pela nossa boca, estimulando o paladar. Ao cheirarmos a madeira, é quase como se sentíssemos o seu sabor, permitindo assim criar uma ligação sensorial mais rica com a edificação.