The Eyes Of The Skin, de Juhani Pallasma

The Eyes Of The Skin, de Juhani Pallasmaa – Comentário da 1ª Parte

Na primeira parte do texto “The Eyes Of The Skin”, o autor comenta a forma como a arquitetura é concebida, ensinada e criticada, reforçando a importância dos sentidos (visão, tato, olfato, paladar e audição) nas artes, mais especificamente na arquitetura.

Juhani Pallasmaa afirma que os sentidos têm um grande significado na arte, e refere também a função do corpo humano como objeto na arquitetura. Também esclarece que com o título do livro (“Os Olhos Da Pele”) pretendeu destacar a importância do tato na forma como experimentamos e entendemos o mundo, afirmando que através da nossa pele é possível absorver diversas características da arte. Refere também a importância da visão (periférica e focada), relacionando-a também com o tato, na nossa vivência do mundo e no interior dos espaços que habitamos, visto que envolve o sujeito no espaço. Sublinha ainda que todos os sentidos são continuidade do tato e, assim, todos eles se relacionam de modo a experienciarmos a arte.

Afirma também que uma boa arquitetura deve provocar todos esses sentidos simultaneamente e que a sua principal função é acomodar e integrar, existindo uma comunicação entre o ser humano e a arquitetura através dos sentidos.

Depois salienta o facto de que um arquiteto perspicaz trabalha com toda a sua identidade, estando simultaneamente a transmitir e expressar a sua autoimagem e as suas experiências e vivências, pois trabalhar em arquitetura é também trabalhar na forma como o arquiteto vê o mundo, exprimindo empatia e compaixão no seu trabalho.

Por fim, exprime a sua preocupação no facto das imagens por computador estarem a limitar a capacidade de perceção e imaginação multissensorial do ser humano, salientando as suas consequências, pois cria uma distância entre o criador e o objeto, ao contrário do desenho à mão e elaboração de maquetes que põem o projetista em contacto tátil com o objeto.

A primeira parte do texto aborda o domínio do sentido visual na cultura contemporânea, e demonstra como a visão era considerada o sentido mais nobre, desde a Grécia e dominando depois a cultura ocidental.

Desenvolve a ideia de que, apesar da nossa perceção do mundo consistir nas informações obtidas através dos cinco sentidos, muita da arquitetura produzida considera apenas a visão como referência, visto que durante o Renascimento a invenção da perspetiva tornou os olhos o ponto central da capacidade de perceção. Mas o autor critica isso mesmo, pois afirma que deixaram o corpo e os outros sentidos “desabrigados”.

 Pallasmaa discute a forma como a arquitetura de imagens visuais dominou o pensamento dos últimos 30 anos, pois ao invés de ser um meio de expressão sensível e introspetivo, tornou-se num simples processo com um impacto efémero e pouco humanismo.

Na minha opinião, o modo como Juhani Pallasmaa aborda os sentidos como elemento fundamental para entendermos e experenciarmos a arte é bastante coerente e de facto corresponde á verdade. Visto que, por exemplo, na arquitetura recebemos constantemente estímulos sensoriais ao abrirmos e fecharmos portas ou janelas e ouvindo o som produzido por estas, ou pondo a mão sobre os corrimões e sentir o seu material, entre muitas outras ações que temos ao estar dentro de um espaço.

Por outro lado, não concordo tanto quando o autor refere que nos últimos anos tem surgido uma distância entre o criador e o objeto devido às imagens por computador e que assim a arquitetura se torna num processo limitado quanto à perceção e imaginação. Penso que, com a evolução tecnológica, as artes têm também de acompanhar essa mudança, apesar dos estímulos sensoriais como o tato, que, como Pallasmaa afirma, é dos sentidos mais importantes para sentirmos a arquitetura, ficarem um pouco de lado.