Introdução a Pesquisa Científica

Introdução a Pesquisa Científica

OTTO DAVID SILVA DANZER^[1]

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

         Ao pensarmos em pesquisa cientifica, devemos iniciar nos questionando sobre a diferença entre o termo ciência e conhecimento científico, que apesar das definições semelhantes ainda assim possuem aplicabilidades diferentes. Apresentando um pouco dessas semelhanças, Ferrari (1982) define ciência como: “conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. Já o conhecimento científico é o processo de observação da interação do sujeito com o meio em que ele está inserido, desde suas relações sociais e culturais (Pereira,2018).

         Segundo Casarin (2012), “a ciência pode ser compreendida como acúmulo organizado de conhecimentos, devidamente estruturados, gerados e aperfeiçoados pelo homem ao longo de sua história” (p.15).

        Temos diversos tipos de conhecimento, que de acordo com Lakatos e Marconi (1991) eles podem ser divididos em: conhecimento popular – que é adquirido de maneira espontânea por meio das relações; conhecimento filosófico – que tem como base hipótese unificadas; conhecimento religioso – as verdades são indiscutíveis por estarem associadas a acontecimentos sobrenaturais realizadas pela divindade; e o conhecimento científico que é baseado no real, nos fatos com base no processo de experimentação.

         Agora que já identificamos as diferenças, vamos aprofundar o nosso texto no processo de pesquisa, Casarin (2012) associa o desenvolvimento da pesquisa a uma obra de arte, devido o comprometimento e envolvimento do pesquisador e do artista em suas produções, que requer: “dedicação, disciplina, concentração, comprometimento, insistência, perseverança e muito trabalho” (p.9). E assim como nos deparamos com diversos tipos de obras de artes nós temos também diversos tipos de pesquisa, porém, todas tem em comum a cientificidade.

         A pesquisa é direcionada a responder um problema específico, buscando soluções a serem aplicadas para resolução dos problemas identificados. E para iniciar o processo de pesquisa e escrita é importante que haja planejamento, seguindo os passos metodológicos e usando as normas para construção e apresentação dos achados, esse trajeto deve ser feito independente do público para quem esses dados serão direcionados.

         Casarin (2012), resume a pesquisa em oito etapas, a saber:

1. Definir (ou estabelecer) um problema;
2. Fazer um estudo do estado da arte ou um levantamento bibliográfico sobre o problema;
3. Formular uma hipótese – possível solução para o problema -, quando for o caso;
4. Estabelecer um método para a realização do trabalho;
5. Definir quais instrumentos ou corpus documental serão utilizados no desenvolvimento da pesquisa;
6. Realizar a reunião ou coleta dos dados da pesquisa;
7. Analisar-crítica, científica e rigorosamente – os resultados obtidos;
8. Delinear as conclusões.

         As etapas permitem que se tenha uma estrutura base para a construção de escrita norteando a produção e a leitura, criando também um texto com coerência.

        As pesquisas têm um importante papel no progresso da humanidade, elas são fontes de novas descobertas e necessidades em todas as áreas, seja na saúde, comunicação, educação, construção civil, transporte e demais áreas. Esses levantamentos buscam trazer benefícios e mudanças.  

          Os relatos de pesquisa científica podem ser apresentados no formato de artigo, trabalho de conclusão de curso, teses, dissertações e apresentação de seminários, ao se pensar em um problema de pesquisa é importante realizar uma busca bibliográfica sobre o tema central para identificar o que se tem produzido sobre, e identificar questões não respondidas.

         A busca bibliográfica deve ser feita por meio das bases de dados, existem diversas bases e muitas são especializadas nas diferentes áreas do conhecimento, as bases de dados permitem que o pesquisador tenha uma visão do todo que já foi produzido sobre o tema na qual ele quer aprofundar e com acesso a diversos tipos de documentos, para uma busca adequada é importante definir o termo central de sua busca que tenha relação com o seu objeto de pesquisa.

         O mundo das bases de dados é muito amplo e extenso, sendo necessário aplicar filtros conforme a necessidade do pesquisador, esses filtros podem ser definidos por idioma, recorte temporal, tipo de produção e o pesquisador pode aplicar como critério de inclusão e exclusão a leitura de título, resumo e as palavras-chave, que permitem fazer leitura prévia e identificar a relação com o tema central do pesquisador.

         Conforme mencionado anteriormente o processo de escrita requer comprometimento e dedicação, temos diversos tipos de produções e gêneros textuais, que podem ser orais ou escritos, as produções textuais fazem parte do processo de ensino – aprendizagem, e em muitas situações a produção textual pode ser relacionada com situações do cotidiano (Köche, 2009 apud Geraldi, 1993). 

         Com base na relação textual e cotidiano, Köche (2009), fala sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais de 1999, que:

“recomendam o trabalho com o texto e consideram a função social dos gêneros, aproximando realidade social e ensino de língua. Sugerem ainda que o professor explore as tipologias textuais no interior de cada gênero. Assim, o ensino de língua materna, metodologicamente situado na leitura, compreensão, análise e produção de gêneros textuais, desponta como um importante caminho para auxiliar no desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos.” (p.01).

         Essa relação do social com o textual é importante para o processo de escrita e leitura, quanto mais próximo da realidade social e linguístico melhor a compreensão do leitor em relação à informação compartilhada. Essa relação pode ser vista melhor no método de ensino de Paulo Freire, onde a alfabetização era feita com palavras e termos do cotidiano das pessoas.