Motivação

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS

CIÊNCIAS CONTÁBEIS

COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL

AULA I – MOTIVAÇÃO

Objetivos

Identificar as principais correntes teóricas a respeito da motivação no trabalho e refletir criticamente o tema motivação no contexto contemporâneo das organizações.

Importância

As organizações atualmente se vêem desafiadas a atrair seus participantes e criar condições para que tais pessoas aí permaneçam desempenhando com eficácia e satisfação as atividades que fazem parte dos seus cargos. Além do mais, as empresas também se vêem diante do desafio de utilizar o potencial produtivo e criativo existente em cada pessoa, transformando-o em comportamento espontâneo, oportunamente construtivo e eficazmente inovador. Nessa perspectiva, a compreensão do fenômeno motivacional no trabalho desperta a atenção e o interesse de todos aqueles que estão envolvidos no contexto das organizações.

1- Principais Perspectivas Teóricas da Motivação no Trabalho

• O trabalho como meio de sobrevivência (Taylorismo, Fordismo).
• Trabalho como uma atividade que exige ao trabalhador que desista “da sua tranqüilidade, liberdade e felicidade” (Adam Smith).
• O salário é a recompensa que o trabalhador recebe pelo seu sacrifício (Adam Smith).
• O trabalho como fundamental para a existência humana (Marxismo).
• O trabalho “é a primeira condição básica para toda a existência humana, e isto numa tal extensão que, em determinado sentido, nós temos de dizer que o trabalho criou o próprio homem” (Marxismo).
• O trabalho como forma de construção da identidade (Teorias do Desenvolvimento).
• O trabalho como fonte de auto-realização (Abordagens Humanísticas).
• Maslow - as necessidades que as pessoas são motivadas a satisfazer se enquadram numa hierarquia, na qual as necessidades físicas e de segurança se encontram na parte inferior, estando na parte superior as necessidades do ego (respeito, por exemplo) e as necessidades de auto-realização (como a necessidade de sentido e de crescimento pessoal).
• Segundo essa teoria, em geral, as necessidades dos níveis mais baixos têm que ser satisfeitas antes das necessidades dos níveis mais altos serem sentidas.
• Cientistas do comportamento posteriores a Maslow consideram este modelo inadequado para explicar inteiramente o que motiva as pessoas no trabalho, pois argumentam que nem todos passam, de modo previsível, de um nível de necessidade para outro.
• Herzberg - modelo motivacional baseado em dois fatores que na sua concepção determinam o comportamento das pessoas, os quais chamou de fatores higiênicos e fatores motivacionais ou intrínsecos.
• Fatores higiênicos ou extrínsecos - localizam-se no ambiente que rodeia as pessoas e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham seu trabalho. Os fatores higiênicos apenas evitam a insatisfação, pois não conseguem elevar consistentemente a satisfação e quando a elevam não conseguem sustentá-la por muito tempo. Porém, quando os fatores higiênicos são precários eles provocam insatisfação.
• Fatores motivacionais ou intrínsecos - estão relacionados com o conteúdo do cargo e a natureza das tarefas que o indivíduo executa. Envolvem sentimentos de crescimento individual, reconhecimento, e necessidades de auto-realização. Quando o trabalho não apresenta significado psicológico para o indivíduo passa a ter um efeito de desmotivação, provocando apatia, desinteresse e falta de sentido.
• Teorias da instrumentalidade ou cognitivas – a decisão de se engajar numa atividade depende do valor que se atribui àquilo que ela pode oferecer como resultado. Vroom é o nome mais conhecido desta corrente com sua teoria da Valência, Instrumentalidade e Expectância.
• Perspectivas atuais – diferenciação entre movimento (condicionamento) e motivação. Motivação vista como um fenômeno complexo e individual, sendo que cada indivíduo possui o seu estilo motivacional e a motivação cobre grande variedade de formas comportamentais, mesmo se tratando de uma única pessoa.
• A motivação não pode ser administrada, ninguém motiva ninguém. A motivação é um impulso que vem de dentro e que tem, portanto, suas fontes de energia no interior da pessoa (Bergamini).
• Estilos motivacionais – sistema LIFO (Atkins e Katcher) delineia quatro orientações comportamentais chamadas estilos básicos. Com base nessa teoria foi adaptado ao Brasil o Levantamento de Estilos Comportamentais (LEMO) o qual identifica os estilos Dá e Apóia, Toma e Controla, Mantém e Conserva e Adapta e Negocia (Bergamini).
• 1- Orientação receptiva (Dá e Apóia)- Orientação participativa – entre as situações que trazem grande satisfação motivacional estão: poder seguir a orientação grupal, consultar pessoas e ser consultada por elas, usar seus talentos pessoais para o desenvolvimento da organização, promover os talentos daqueles com quem trabalha; situações que trazem grande insatisfação motivacional: tratamento impessoal, desenvolver atividades sem significado, sentir que suas intenções não são reconhecidas, conviver em meio a um clima de falsidade.
• 2 - Orientação exploradora (Toma e Controla) – Orientação para a Ação – situações que trazem satisfação: desafio a comprovar sua eficiência, poder dirigir-se com autonomia, desenvolver atividades variadas, ser tratado de igual para igual; situações que trazem insatisfação: ação restrita e rotinas desinteressantes, falta de objetivos claros, falta de responsabilidade dos demais, falta de controle de variáveis que afetam os resultados.
• 3 - Orientação Conservadora (Mantém e Conserva) – Orientação para a Manutenção – situações que trazem grande satisfação: oportunidade de usar lógica e organização, tempo para garantir a qualidade do que está sendo feito, dispor de fontes confiáveis de consulta, coerência e justiça no trato com as pessoas; situações que trazem insatisfação: trabalhar com informações confusas e incorretas, estar sujeito a um clima de constantes mudanças, conviver com pessoas dadas a explosões emocionais, tratar os assuntos de forma incompleta e superficial.
• 4 - Orientação de Marketing (Adapta e Negocia) – Orientação para a Conciliação – situações que trazem satisfação: convivência social harmônica, ambientes flexíveis, reconhecer-se importante dentro do grupo, conhecer a repercussão social de suas ações; situações que trazem insatisfação: ser colocado em ridículo perante o grupo, precisar seguir normas e horários rígidos, sentir-se socialmente colocado de lado, ambiente sério demais em que as pessoas se atritam constantemente.

Características Básicas dos Estilos de Comportamento Motivacional

Participação	Ação
Idealista Formador de talentos Prestativo Responsável Cooperador	Rápido Irrequieto Líder Convicções firmes Gosto por competições
Manutenção	Conciliação
Meticuloso Ponderado Metódico Analítico Sensato	Entusiasta Diplomático Harmonizador de interesses Socialmente habilidoso Negociador

Fonte: Bergamini (1997, p. 132).

2- Motivação e Contexto de Trabalho

• Na situação de trabalho diversos fatores podem afetar o comportamento motivacional de forma positiva ou negativa.
• Entre os principais fatores podem ser citados:
• Êxito e Realização Pessoal – crescimento pessoal e desafio mental (intelectual) – associadas à noção de responsabilidade e de respeito no relacionamento hierárquico e ao prazer direto com o conteúdo da tarefa.
• Justiça no Trabalho - respeito que o trabalhador vivencia no ambiente organizacional, na forma de cumprimento das obrigações por parte da organização para com ele, nos cuidados com a higiene, na assistência merecida, na segurança física, no relacionamento interpessoal hierárquico, nos instrumentos de trabalho disponíveis, no aproveitamento de suas opiniões, no conforto, na proporção do seu esforço e as recompensas, no reconhecimento deste esforço e na igualdade de exigências.
• Sobrevivência pessoal e familiar, independência econômica - função social do trabalho em relação à família e às garantias individuais de sobrevivência, recompensas e independência financeira e, no plano imediatamente seguinte, a função social mais ampla (progresso da sociedade).
• Carga Mental - descreve o trabalho como representando esforço mental, subordinação hierárquica, repetição, execução e exigência de ritmo.
• O papel do líder – a eficácia do líder está na sua habilidade de contribuir para tornar as atividades significativas, dando aos outros o senso de compreensão daquilo que estão fazendo. Para isso é necessário conhecer o potencial e as necessidades motivacionais daqueles que compõem sua equipe.

Referências

BERGAMINI, Cecília Whitaker. Motivação nas organizações. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1997.

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